Terceira parte

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Os relógios deviam apontar cerca de duas da manhã quando ChanYeol despertou em um pequeno solavanco ao ouvir o som sútil da tranca de sua porta sendo cuidadosa e mansamente destravada.

O rapaz sentiu-se gelar por um segundo, mas uma indagação tomou-lhe a mente: Seria MinSeok?

Numa esperança contida, o Park ponderou se o enfermeiro não teria voltado, sorrateiro pela madrugada, para levá-lo consigo para longe do sanatório para que pudesse viver uma outra vida.

ChanYeol fora sempre muito sonhador.

Ficou estático por mais alguns segundos, aguardando pela mão doce do Kim que nunca chegou para tocar-lhe o ombro e lhe chamar num sussurro para que se levantasse da cama e fossem embora.

O castanho, num ato raro de coragem, virou a cabeça em direção a porta, a qual não abrigava nenhum MinSeok de sorriso meigo e permanecia fechada, levando ChanYeol a se perguntar se o ruído que escutara, que era tão característico e conhecido por si, fora algo resultante de sua mente.

Ainda com a chuva amena que despencava do lado de fora, o castanho tinha certeza do que ouvira.

Considerou cuidadosamente duas possibilidades: a de permanecer em sua cama e – tentar – voltar a dormir como se nada houvesse escutado ou levantar-se e ir até a porta para verificá-la.

Após bons segundos ponderando cautelosamente as alternativas, optou por seguir a segunda delas.

Ergueu-se de seu leito em movimentos longos e andarilhou até a porta em passos vagarosos, tratando de agir o mais silencioso possível por algum motivo que não compreendia ao certo. Talvez fosse a intuição? Talvez o medo? Não tinha ideia.

Ao encontrar-se frente a porta, levou os dígitos inseguros até a maçaneta gélida, similar ao seu corpo, tratando de girá-la devagar como que num medo interno de saber a resposta daquela questão.

E para a surpresa – ou não – do rapaz, o objeto não limitou-se ao tranco que anunciava a passagem bloqueada. A maçaneta seguiu girando até seu limite, fazendo com que, num manso puxar, a porta se abrisse sem qualquer objeção, deixando ali, caminho livre para quem quisesse sair.

Ao abri-la por completo, ChanYeol observou o corredor, monótono e sem qualquer movimento; tomado por sombras, em sua maioria, nem tão escuras graças as luzes fracas de emergência que ficavam sempre acesas durantes o cair das noites. Ainda assim, as mesmas não ofereciam da iluminação mais forte que se poderia ter, fazendo com que todos os cantos mais isolados fossem refúgio para a mais densa escuridão e, também, para o intenso medo do que poderia se abrigar nela.

ChanYeol assustou-se com a silhueta esguia que surgiu por uma das diversas portas do corredor.

Era Huang Zitao, acompanhado de seu melhor olhar afogado pelo medo.

Naquele quesito, ChanYeol e Zitao eram definitivamente muito semelhantes.

-Park? - Indagou o chinês num único fio de voz, temeroso de confiar em seus próprios sentidos quando os mesmos eram experientes em entreter-se mentindo para o loiro.

-Sim. - Respondeu o castanho, quase na mesma intensidade de coragem que o outro, aproximando-se do mesmo. -O que está acontecendo?

-Eu não sei. Eu estava sentado quando ouvi minha porta ser destrancada. Vi um vulto passar pela janela mas não consegui ver quem era. - O Park pode reparar um tique nas mãos do mais novo, o qual sequer parecia ter reparado nas mãos tiritando bruscamente a cada intervalo de dois segundos. -Mas deve ter sido um dos enfermeiros ou algum outro funcionário, não é? Eles são os únicos que tem as chaves dos dormitórios. - Observou, fazendo com que o Park se recordasse de algo.

O Homem TortoOnde histórias criam vida. Descubra agora