~ Capítulo 21 ~

74 16 10
                                    

Quando a cerimônia finalmente termina, com um beijo discreto que causa um leve tremor em minhas mãos, Cole oferece seu braço de modo que nossas duas mãos sem luvas fiquem escondidas. O acompanho ainda curiosa pela a falta de conclusão de sua frase, ele parece nunca ter dito nada do tipo pelo o jeito que apenas caminha, saudando eventualmente alguém. Encontramos Iann e a tal Elisa que parece caidinha por meu irmão.

- Olá, srta. Clarke. Posso chamá-la de Izabella?- olho para Iann, seus olhos ansiosos estão arregalados e assinto com a cabeça para a garota. Ela me abraça como se me conhecesse a anos e me prende ao seu cotovelo, puxando-me para uma mesa - Isso é ótimo, sempre quis ter uma irmã.- irmã?

- Irmã?- tento olhar pra cima do ombro para Iann, mas a garota me puxa novamente.

- Sim, irei me casar com Iann o que faz de você minha meia irmã, porque...

- O que?- Me solto de seu aperto e me viro para Iann que me encara confuso - Você vai se casar?- o sorriso de Iann morre e ele olha para a extrovertida noiva - quando ia me contar isso, Iann?

- Espera, não contou a ela sobre nosso noivado?- A garota pergunta. Não me dou ao trabalho de me virar, apenas observo Iann, sentindo os olhos arderem.

- Eu te amo.- ele diz, seguro a saia com as mãos e saio dali. O ruim das pessoas nos conhecerem tanto é que elas sempre sabem quais são os nossos pontos fracos. O meu era a declaração de amor dele por mim, e meu irmão sabe disso, tanto que em vez de se defender apenas disse que me amava. Ando até o pequeno jardim que contém uma enorme parede de arbustos, me sento e choro. E é libertador o modo como aquelas pequenas gotas d'água conseguem libertar uma mistura de sentimentos ao mesmo tempo.

Choro por um bom tempo. Sentindo cada parte minha aliviada pelo o ato, a pressão de estar indiferente no casamento me cobrou tanto que não tento nem esconder o barulho alto dos soluços. Quando finalmente as gotas terminam de sair, não limpo o rosto. Deixo a mostra para qualquer um ver e observo o nada até o inconfundível barulho de botas surgir. O dono do barulho é Cole, ele se escora no muro de arbustos e fico surpresa pela a construção não ceder com seu peso, pelo visto não é só arbustos, afinal.

- Seu irmão está preocupado.- desdenho da frase assim que sai de sua boca, não quero ajeitar a postura nem fazer nada, então continuo encarando a grama verde aos meus pés - ele queria lhe contar, apenas...

- Então, você sabia? Inacreditável! Eu era a irmã dele, a que devia saber em primeiro lugar. Não você.

- Bem, pelo o visto ele não pensava assim - fulmino-o com o olhar - Você não iria querer se ver nesse estado.

- O que? Obrigada pela a opinião, sr. Dharma mas acho muito mais produtivo você me deixar sozinha.

- Então ainda tem educação?- o encaro como se ele fosse louco e me levanto, me afastando dele e de seus devaneios - pelo o menos o vestido é bonito.

- Cole, se veio apenas me atormentar acho melhor ir procurar outra vítima - digo ainda de costas - Essa aqui já se acostumou a dor.- sussurro.

- As dores sempre levam a algo melhor - sussurra de volta.

Giro nos tornozelos surpresa pela a delicadeza em sua voz. Seus olhos estão suaves, e ele tem um pequeno sorriso na boca. Tomo ciência de minha situação e passo a mão no rosto, sabendo que meu nariz deve estar vermelho como um tomate. Cole se aproxima e toca meus cabelos, pondo-os atrás da orelha, ele olha no fundo dos meus olhos antes de falar:

- Ele não queria fazer isso. Você sabe que não, Iann te ama, de um jeito que ninguém nunca irá te amar. E... não estou defendendo ele, apenas pedindo que pense um pouco, ele parece realmente arrependido.

Continuo olhando para seu rosto, seus cabelos tão negros como o escurecer, um contraste tão grande contra os meus, pálidos. Sussurro um obrigado, e os gritantes olhos de Cole acompanham o movimento. Ele desce o braço se permitindo acariciar minha bochecha, e quando sua pele se afasta da minha seguro seu pulso, Cole respira em meu rosto e eu sinto o pulsar agitado de meu coração.

Me aproximo, um milésimo de centímetro, e Cole encerra o espaço entre nós juntando nossos lábios. Por um momento não sinto nada, até que uma onda forte de algo escuro e profundo me preenchesse, como a noite. Aperto o braço de Cole e sinto todas as partes de meu ser serem escurecidas, por um azul tão límpido e antigo como a própria vida.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

E, é com grande pesar que a autora desse livro morreu com uma doença no coração chamada: emoção demais para uma pessoa.😥

Seus agradecimentos a todos.

O EscurecerOnde histórias criam vida. Descubra agora