~ Capítulo 14 ~

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Dizer que eu dormi seria uma mentira. Por algum motivo que eu prefiro não conhecer, passei a noite em claro com a mente cheia demais para sequer cochilar. No café da manhã fico distante, falo pouco com as meninas e evito a todo custo olhar para meu irmão e para o homem ao seu lado.

O meu medo é quase palpável e sempre que Cole se aproxima um pânico toma conta de mim, me fazendo querer chorar. Não sei de que exatamente eu tenho medo, e também não sei se quero descobrir. Um pensamento brilha no fundo da minha mente. Mastigo com mais força. Covarde, Covarde, covarde! Grita uma pequena vozinha. Por mais que eu tenha usado aquele lindo vestido ontem e pude me sentir poderosa, hoje tenho a sensação de ter voltado a minha eu verdadeira. Como se aquele vestido fosse apenas uma fantasia. Uma fantasia que mascarava a verdadeira Izabella.

Levanto o olhar e ele se cruza com o de Cole. Ele está sério, mas ao me ver abre um pequeno sorriso de lado, meu estômago embrulha e tento retribuir, mas só consigo assentir de modo educado. Desvio os olhos logo depois e engulo em seco. Está cada vez mais difícil conviver com a família Dharma na minha casa, sempre tento fugir de meus deveres como anfitriã, mas basta um olhar da srta. Joskva que já sei que se fizer isso irei me arrepender.

Depois do café, decido ficar um pouco na sala de visitas. No caminho, passo pela biblioteca para pegar um livro para ler, e peço para Francis levar chá e biscoitos. Quando entro na sala levo um pequeno susto ao ver vários buquês de flores e cartões espalhados pelo o chão.

- Francis?- chamo, como se esperasse que eu o chamasse, Francis se materializa ao meu lado - O que é tudo isso?

- Não tenho certeza, Sua Graça, mas está endereçado para a senhorita.- o encaro, confusa.

  Me aproximo e pesco um cartão que está em cima de um lindo buquê de margaridas.

- Para a donzela mais linda de toda Inglaterra. M.S.- me viro para Francis - tudo isso é endereçado a mim?

- Sim, senhorita.- pesco outro cartão e leio em voz baixa.

- "Você é a flor bonita do jardim da vida" Que horror.- exclamo, largando o cartão e pegando outros. Ao todo são pedidos de cortejos, poemas, músicas, e contos esquisitos. Passo por várias flores, caixas de bombons e... laços?

- Bella, Francis me disse que você estari... O que é tudo isso?- levanto a cabeça para olhar meu irmão e examino as flores e cartões, e cartas, e caixas e laços.

- Presentes. De admiradores.
 
- Pelo o visto eles gostaram mesmo de seu vestido, não é mesmo?!- Iann ri, apenas lhe lanço um olhar enfadado e saio do meio de todas as coisas.

- As flores são bonitas.- dou de ombros - e Eliot Prior sabe escrever poemas.

- Eliot prior te mandou um poema?- Iann pergunta enquanto se aproxima, o semblante perceptívelmente mais duro.

- Não só um poema, ele também mandou uma caixa de bombons e essas flores. Não são adoráveis? - ele toma o papel de minha mão sem parecer ouvir o que eu estava dizendo.

- Maldição!

- Iann!- censuro. Iann me ignora e continua olhando de modo estranho para o papel - Aconteceu alguma coisa?- pergunto, preocupada.

- Não quero que aceite os cortejos dele, e mande de volta para ele tudo o que ele lhe mandou.- o encaro de modo estranho.

- Por que eu faria isso?

- Porque Eliot é mentiroso e canalha. Não quero você perto dele, e em hipótese alguma aceite nada dele.

- E porque não?

- Não tem necessidade de lhe dar motivos, Izabella - e então ele me lança aquele olhar que usamos para falar com crianças teimosas e tolas. Bato o pé no chão sentindo a irritação tomar conta de mim.

- Mas é claro que tem, Iann! Esses pedidos podem mudar a minha vida!- exclamo - Pode não ser importante para você mas para mim é. Me conta o que aconteceu, por favor.

- Ele andou inventando histórias sobre você, minha irmã - ele diz tudo em suspiro - Eliot quer denegrir nossa imagem e você foi alvo mais fácil que ele encontrou. Mas não se preocupe, eu sei que tudo é mentira você nunca nem foi cortejada por mais de 3 meses.

A essa altura meu coração já batia com tanta força e rapidez que mal conseguia respirar. Não podia ser, podia? Henry não faria isso comigo, faria? A essa altura eu já não fazia ideia.

"Eliot quer denegrir nossa imagem e você foi alvo mais fácil" o alvo mais fácil ou a que realmente fez algo terrível? Iann não tem como saber disso, ele acha que é só uma tentativa para derrubar nossa imagem, ele não sabe que Eliot tem total fundamento.

- Iann... Eu....-  tento falar mas minha boca está seca. Tento engolir toda minha expressão, reflexos daquela noite com Henry vindo em minha mente e causando arrepios de terror em minha pele.

- Não se preocupe com isso.- Iann diz me segurando pelo os ombros - Eu estou aqui para te defender e quem inventar mais boatos sobre você vai se ver comigo. Eles não vão mais falar isso, tudo bem?

Assinto sem olhar para sua cara. Meu pânico é tanto que minha mãos começam a tremer e a culpa invade meu corpo como uma praga. Iann beija minha testa e sai me deixando sozinha com meus pensamentos. E sem mesmo querer eu sussurro a única opção que consigo encontrar.

- Meu Deus! Eu vou ter que me casar.

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Então amigos, eu estou infinitamente surpresa por esse final. Porque eu não planejei escrever isso, mas... fazer o que se a Izabella não contribue para um livro calmo e sem tretas.

Ah, lembrando de agradecer vocês por ainda não terem se cansado de mim. E, sinceramente, espero que não se cansem porque tem um livro novo se formando na minha cabeça louco pra sair.

Aproveite a história, crianças👶

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