01 Piloto

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- Talvez seja só...nós...Mas não é tão simples, nunca é tão simples. - Minha expressão mostrava dor.

- Lindo! - O nosso querido e amado professor, ele era além de tudo meu tio, e o apoio para tudo que eu tentava exercer. E também aquele que cuidou de mim quando meus pais me deixaram. Não, eles não morreram, eles simplesmente disseram que eu era inútil, que não me queriam, e se não fosse pelo meu tio, eu teria ido para um orfanato.

Eu e meu parceiro de palco sorrimos, nossas falas já estavam decoradas a muito tempo e ensaiamos muito, eu gostava de teatro, assim como gostava de basquete.

- Obrigada tio. - Disse sorrindo.

- Vá para casa (S/n), nos vemos amanhã, e você também Taehyung. - Nós dois nos olhamos rindo, era divertido encenar com ele.

- Te vejo mais tarde (S/n). - Taehyung falou enquanto pegavamos nossas mochilas e meu tio já havia saído.

- Na verdade... - Comecei já de frente para ele.- Hoje não.

- Mas todos vão, você sempre vai. - Ele fez uma expressão triste.

- Não hoje, tenho planos melhores.

- É por que o Hoseok chamou o Jungkook? Vocês são tão infantis.

- Eu sou apenas o tipo de pessoa que não deve ficar a menos de um quilômetro dele.

- Vocês não crescem. Quanto tempo acha que essa briga vai durar?

- Até o enterro dele, porque eu me recuso a morrer primeiro, não vou morrer antes daquele garoto. - Ele riu.

Taehyung desceu do palco e estendendo os braços para me ajudar a descer também e eu aceitei parando com os pés juntos no chão e seguimos correndo até a saída.

Fui andando até em casa, no caminho comprei um lanche que fui comendo no caminho, era noite e as ruas estavam praticamente vazias. Meu lanche não passou despercebido por um cachorro na rua que me pediu de maneira que derreteu meu coração, deu um pedaço do meu lanche para ele que parecia com medo de se aproximar para pegar, ele era peludo, de tamanho mediano, mas estava acabado, maltratado e muito assustado. Não resisti, juro que tentei, mas não consigo.

Depois de com muita dificuldade ele veio até mim pegando o lanche em minha mão e eu sorri, sim eu tenho um coração de gelatina.

Continuei meu caminho vendo ele me seguir, eu fiquei contente com isso e deixei que continuasse, as vezes dando mais um pedaço do meu lanche e assim foi até minha casa que tinha um quintal amplo Tamika e Daila no quintal latiram quando cheguei. Sim tenho duas cadelas e não, não são apenas elas. 

- Entra garoto, vamos alimentar você. - O chamei e meio receoso ele passou pelo portão aberto. Entrei em casa sendo seguida pelos três cachorros, ouvi o canto da calopsita e sorri retribuindo com um assovio.

Fui até a área de serviço pegando um dos três sacos de rações e colocando em um potinho deixando o novato da casa comer.

- Você precisa de um banho garoto, mas cuidamos disso amanhã.

Segui até meu quarto pensando em um nome para o mais novo membro da família e percebi que tinha deixado Kiper, meu gato, preso dentro do meu quarto. 

- Meu chodó, desculpa! - Peguei o gato e fiz um leve carinho antes de soltá-lo e deixar que passeasse pela casa.  Tomei um banho e fui para a cozinha, tirando Kiper da bancada e preparando meu jantar, antes de comer alimentei Tido, a calopsita e finalmente me alimentei, morar sozinha só tinha a vantagem de ter o zoológico inteiro, mas era um saco ter que fazer tudo sozinha. Não tinha coragem de chamar meus amigos em minha casa, eles iriam surtar com meus animais. Tinha medo que eles me deixassem como meu ex me deixou,  porque eu sou alguém que ama animais e não resisto a trazer todos para casa. Ele era um monstro e se recusava a vir na minha casa, disse que eu era doida.

Terminei de comer revoltada escovei meus dentes, tranquei a porta e fui me deitar logo, Daila e Kiper se deitaram comigo e o som do canto da calopsita se tornou tão comum que eu passei a dormir com esse som.

- Daila o que acha de Kilian? É um bom nome, acho que ele vai gostar. Vi em um seriado. - Comentei com a cadela que sequer latiu para minha pergunta, não que eu esperasse por isso.

Não costumava dormir tão cedo, não quero assitir TV e sinceramente não queria ir a uma porcaria de encontro de amigos com o idiota do Jungkook lá.

FLASHBACK ON

10 anos atrás

- Não é justo! - Berrei tentando pegar a bola que Jungkook levantou enquanto me empurrava para longe da mesma.. - Eu sou a mais velha!

- Mas é garota! - Ele disse me empurrando outra vez. - E garotas não brincam de bola.

- Qual o problema? Deixa ela jogar Jungkook. - Taehyung tentou me ajudar.

- Não, ela brinca com as garotas. - Ele disse rindo.

- Me deixa jogar Jungkook, por favor. - Tentei, e ele riu de minha cara.

- Tudo bem, quer jogar? Vamos jogar! Mas não diga que eu não avisei.

O jogo foi um completo desastre, Jungkook me empurrava, me deixava com cara de idiota e quando eu tirava a bola dele todos riam, eu jogava bem, eu gostava. Mas o jogo acabou para mim quando ele deu um belo chute na bola, que foi direto no meu nariz. Se jogássemos sério ele não estaria mais nessa partida.

- O que você fez Jungkook?! - Hoseok me ajudou a levantar, acho que meu nariz está sangrando.

- Viu só garota? Jogar bola não é coisa de garota. Nem deveria estar aqui.

- Foi longe demais Jungkook. - Taehyung disse indo para cima dele.

- Deixa. - Disse com a mão no nariz, olhando para ele. - Você é nojento Jungkook, eu não vou dar troco porque ao contrário de você, eu sou gente.

- Tá mais para bicho, só anda com eles. - Ele riu da minha cara de novo e eu saí do pequeno campinho.

Eu chorei com a situação, era só uma criança, não merecia aquele tratamento.

Uma coisa eu sabia. 

Quanto mais longe eu ficasse de Jungkook melhor seria minha vida.

Coisa de Garoto - Jeon JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora