𝓶𝓲𝓼𝓼 𝔂𝓸𝓾

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   Me joguei na cama, pela terceira vez naquela sexta-feira quente. O céu estava lindo lá fora, e minha mãe disse que era um dia muito lindo para ser desperdiçado. Mas eu sentia que a minha vida era um desperdício, desde que nós terminamos.

   Olhei a última foto que ele havia postado, em uma festa no bairro dele, curtindo com os melhores amigos e provavelmente beijando outras pessoas.

   Os meus dias se emendaram, eu estava paranoica: já não dormia, pois toda as vezes em que eu fechava os olhos podia vê-lo no grande breu da minha mente. Apenas ele, no meio do escuro, no meio do vazio. Só ele.

   Pensei em mandar uma mensagem, ou talvez ligar, descontraída, fingindo estar tudo bem. Mas talvez ele já tivesse outra pessoa. Talvez ele já estivesse movendo adiante, a vida amorosa prosseguindo. E eu seria apenas uma pedra no caminho.

   Não que ele fosse apenas uma pedra no meu caminho. Ele era um penhasco, todo um cânion de emoções despertas dentro de mim. Senti vontade de cair na imensa ravina do abraço dele.

   Me virei na cama, alcançando o meu carregador, que já estava pendurado na tomada, Conectei meu celular à ele, vendo a tela acender. Esperei que ligasse totalmente para checar as notificações.

   Será que ele seria o meu melhor amigo, se eu pedisse? Eu precisava dele, precisava de um ombro no qual me apoiar, um abraço no qual me abrigar. Ele era o único onde eu podia encontrar isso. O único em que eu podia confiar.

   As notificações chegaram em chuva quando liguei novamente a internet. Abri as mensagens primeiro, como sempre fazia.

   "Sinto sua falta, sabe?"

   Ah, meu Deus! Ah meu Deus!

   Ah, Deus. Eu também sinto a sua falta.



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