Encontro totalmente profissional?

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**LUDMILLA**

Sempre soube que era ela no exato momento em que vi aquela intrigante figura invadir subitamente o estacionamento do Museu de Arte Asiática em uma motocicleta impecavelmente preta e cromada. Brunna Gonçalves, a mulher a que vim entrevistar era famosa por sua talentosa habilidade como dominante sexual no ambiente de submissão e sadomasoquismo da cidade de Seattle, nos Estados Unidos.

Não era a jaqueta de couro negro que lhe conferia aquele ar de distanciamento. Mas a atitude corajosa e de absoluta confiança que ostentou ao parar a moto, acelerando o motor antes de desligá-lo. E a forma como ela, tirando o capacete, passou a perna sobre o resplandecente tanque, como se fosse um cowboy desmontando de um garanhão. Tinha uma aura de poder absoluto, que eu conseguia sentir mesmo a vários metros de distância, como uma brisa eroticamente suave soprando em seu corpo.

Sem o capacete, Brunna Gonçalves era melhor ainda. Cabelos negros e ligeiramente ondulados, pairando um pouco abaixo da linha dos seios.

Permaneci ao lado de meu carro, a porta ainda aberta e as chaves esquecidas na mão. Por que meu coração estava acelerado? Era incapaz de afastar os olhos dos encantadores movimentos de suas mãos enquanto descansava as luvas de couro e afivelava o capacete no assento da moto.

Eu ainda estava observando-a quando nossos olhares se cruzaram. Penetrantes olhos castanhos de um brilho intenso e que me conheciam. Eles sabiam que eu estava atenta a seus movimentos. Pela primeira vez depois de adulta, me senti completamente atrapalhada. Se ao menos minha pulsação se acalmasse, maldição!

Este é um encontro totalmente profissional.

Sim, mas o fato não parecia impedir nem um pouco minha reação diante daquela mulher. Teria de me recompor antes de falar com ela. Estava ali para aprender. Para fazer uma pesquisa. Jennifer, a mulher submissa com quem conversara na semana anterior via internet, disse-me para falar com Brunna Gonçalves, mas esqueceu de mencionar tanta beleza...

Brunna Gonçalves era uma mulher que deveria vir acompanhada de um alerta de perigo.

Ela sorriu – um surpreendente raio de cintilantes dentes muito alvos, com a exuberante linha da boca se destacando no rosto... Totalmente feminino... Digamos que quase inofensivo, se não fosse por aquele insinuante sorriso de canto de boca que a deixava com cara de mau. Eu gostava daquele ar malévolo. Um calor se espalhou pelo o meu monte de vênus como fogo líquido.

Agora ela se movimentava em minha direção. Meus joelhos tremeram.

Ela se aproximou mais, até que parou do outro lado do meu Audi Cinza.

– Pressinto que você é a mulher da qual eu vim conhecer.

Voz profunda, modulada e surpreendentemente rouca. Sensual. Eu só consegui assentir com a cabeça.

Os lábios dela se contorceram diante do persistente silêncio.

– Ludmilla Oliveira? A autora de livros eróticos?

– Sim...

O que diabos estava acontecendo comigo? Por que será que não conseguia dizer uma frase sensata?

-Brunna Gonçalves. -Estendeu a mão e eu engoli seco quando senti o quente da palma da sua  mão aveludada. -Ludmilla Oliveira, respondi rápido fazendo contato com seus ombros, não ariscaria olha-la nos olhos, não ainda. Estava tomando fôlego.

– Vamos?! -Ela foi a frente indicando a entrada, mas deu uma parada para me olhar de lado a vendo segui-la.

Bati a porta do carro e acionei a fechadura automática. Tentei ignorar o calor que se espalhava por minha pele. Subitamente, meu casaco de lã parecia pesado demais, mesmo no outono úmido tão característico de Seattle. Eu estava sendo guiada, estava sensível a mulher que caminhava ao meu lado enquanto nos aproximavam da imponente entrada do museu, ladeada por dois camelos esculpidos em pedra.

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