Pleasure Dome

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**LUDMILLA**

Tinha seguido exatamente as instruções que Brunna havia me enviado por e-mail.

Estava em um táxi, a caminho do Pleasure Dome, vestida em um traje preto, como ela pediu. Um vestido em transparência de cor escura, mas que permitia observar a minha lingerie em um body branco encorpado e botas longas de couro. Intencionalmente a minha roupa íntima estava exposta pela transparência do vestido para que Brunna tivesse total acesso ao meu corpo. Não que ela tivesse dito que deveria ser transparente, mas eu queria que ela me desejasse instantaneamente e que seus sentidos se fixassem em mim.

Não estava a fim de tentar negar isso. Qual era a questão então? Não era contra a luxúria que eu estava lutando, pois isso nunca havia sido um problema para mim. Gostava de sexo e sempre estava aberta a explorar meus desejos. Pois, bem. Admito. Era a ideia de abrir mão de todo o controle para outra pessoa. E eu simplesmente não estava certa de que fosse capaz de fazer isso.

Senti até falta de ar devido ao pânico. Só de imaginar tudo isso.

Estava chovendo, como de hábito na cidade. Os pneus do táxi se desgastavam nas ruas encharcadas enquanto o carro se deslocava no meio da noite. As luzes dos postes se refletiam na água com um tom pálido e tremulante de prata.

Fachadas de lojas estavam acesas, lançando cores no escuro.

Meu coração era um pequeno martelo batendo no peito.

Não acreditava que estava realmente fazendo aquilo.

A corrida foi bem rápida. Peguei algumas notas da pequena bolsa e as estendi ao motorista. O Pleasure Dome ficava em um antigo armazém, com quatro andares de tijolos pintados de cinza-carvão com altas paredes escurecidas. Imponente. Desafiador. Secreto. Assim é o Pleasure Dome através da janela do táxi. Ao estar frente a frente, meus olhos percorreram toda a estrutura, enquanto a lua tentava brilhar entre as nuvens cinza, prevendo um temporal que cairia durante a noite.

Quando sai do carro, Brunna me esperava sob um guarda-chuva, vestida em um sobretudo preto.

Seus olhos cintilaram sobre o meu corpo, seguida pela sua boca entreaberta.

– Você está exuberantemente linda. – falou sorrindo, estendendo a mão para me ajudar.

Tentei retribuir o sorriso, mas não consegui.

Ela me puxou para perto enquanto me conduzia até a imensa porta do clube pintada de vermelho. Parecia confortável. Era o seu território. Brunna era protetora, e eu gostei.

– Tudo bem. Não fique nervosa, Ludmilla. Vou cuidar de tudo.

– Essa é a parte que me deixa nervosa.

Ela deu uma breve e malvada risada, algo que não me confortou de jeito nenhum.

Um porteiro franqueou a nossa entrada, onde seguimos por um corredor escuro.

Brunna fez uma breve parada, suficiente para se livrar de seu sobretudo e do guarda-chuva, entregando-os à chapeleira, que estava atrás de um estreito balcão. Nem pensei em usar um sobretudo ou casaco, apesar do tempo. Limitei-me ao que ela pedira para a ocasião. Apenas.

Estranho pensar nisso nesse momento. Afastei para o fundo da mente a ideia e tudo o que pudesse significar.

Quando meus olhos se ajustaram à luz fraca, notei que ela estava com uma blusa de cetim, revelando os dragões chineses tatuados na parte interna dos antebraços. O trabalho era sofisticado, com dragões em detalhes preto, vermelho e dourado. Cabeças com línguas vermelhas de serpente e o corpo longo aprimorado. Bem asiático. Queria olhar mais de perto. Desejava tocá-las. Mas estar naquele lugar era inusitado, curioso e perturbador.

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