Apenas uma fantasia inofensiva.

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**BRUNNA**

Fechei a porta lateral da garagem e subi as escadas. Enfiei a chave na fechadura da pesada porta de madeira, empurrando-a com o pé e fechando-a atrás de mim com um forte empurrão. Arranquei a jaqueta de couro, pendurando-a no cabide que, em seguida, deixei cair.

Murmurei uma reclamação.

Por que diabos eu estava tão alterada?

Não havia nenhuma possibilidade de perder no acordo feito com Ludmilla Oliveira. Podia pressentir tendências submissas em uma mulher a uma boa distância e ficara sentada bem próxima dela. Suficientemente para sentir o aroma de baunilha de seus longos cabelos castanhos escuros, misturado com algo a mais... picante.

Levantei-me até o outro lado da sala, peguei um copo e me servi de duas doses de uísque escocês, puro.

Ludmilla seria um desafio. Mas gosto de correr o risco. Não era isso que estava me deixando tão inquieta. Não. Era o fato de ter de possuí-la. Tinha de ter essa mulher, de uma forma que iria muito além de apenas observa-lá. Sem dúvida nenhuma.

Precisava colocar as mãos naquela pele nua. Tinha de dominá-la, sentir seus músculos se relaxarem quando se entregasse a mim... tinha de... Não gostava disso. Não gostava nada de me sentir tão comandada pelo desejo que sentia por ela. Qual tinha sido a última vez que passara por algo assim? Houve alguma?

Eu não era o tipo de mulher que necessitava de alguém. De nada. Aprendi bem com meu pai. A chave era a independência. Conhecimento e experiências: essas coisas sim, importavam. E eram essas as razões pelas quais passei a maior parte da vida procurando respostas: lendo, viajando pelo mundo e me espiritualizando. Nada ainda bastante conclusivo.

Mas eu não tinha de pensar em meu pai nesse momento. Era uma dor que parecia jamais desaparecer. Amortecida depois de tantos anos, mas ainda presente. Como uma ferida eterna.

Engoli boa parte da bebida, sentindo-a queimar enquanto descia garganta abaixo, mas não ajudou a me acalmar. Peguei o copo e fui até a ampla janela, com vista para a cidade.

Seattle estava cinza como sempre, mas havia manchas claras no céu escuro de um final de tarde e eu podia ver a silhueta distante da ilha Bainbridge, além de Puget Soud. Tomei meu uísque, refletindo sobre o cenário à minha frente.

Uma imagem. Ela. Ludmilla novamente, cacete!

Deveria ter alguma coisa a ver com a maneira como ela se conduzia, tão controladora. Eu sabia o que acontecia quando uma mulher assim abria a guarda. Era forçada a fazer isso.

Eu jamais forçarei uma mulher, de fato. Vivia sob o credo "seguro, sadio e consensual", como a maioria das pessoas que participavam de meu círculo de clubes e grupos dedicados à escravidão sexual e ao sadomasoquismo. Mesmo assim, isso não ia alterar o fato de que, se eu fosse capaz de levar Ludmilla ao subespaço, se eu conseguisse que ela se abrisse e relaxasse, ela se entregaria. Iria se revelar inteiramente.

Onde diabos estava minha autoconfiança hoje?

Talvez isso estivesse acontecendo porque eu a desejava muito. Até Demais.

Quase tive uma ereção apenas de pensar nela... Lembrando-me do tom da sua pela negra e tatuada, uma verdadeira pérola que brilhava naquele instigante vestido preto encorpado e extremamente sexy realçando suas curvas robustas e impecáveis... Seu rosto expressava um doce e amargo controle sexual, a boca em um tom de quase nude me dava a visão natural dos seus lábios que se movimentavam de maneira gostosa de olhar, onde os meus olhos se perderam em desejo. Seus olhos escuros e selvagens brigavam contra a vontade de me encarar ou não e isso causava a intensidade da sua respiração descompassada. Sua inteligência memorável, desafiadora e mal criada... – Oh, sim uma menina muito mal criada!

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