Você mantém o trato?

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**LUDMILLA**

-Ludmilla, você está bem? -Senti uma mão tocar o meu ombro e um olhar preocupado. -O que houve?

– Eu... bem... -Suspirei -perdi minha irmã caçula, Luane, em um acidente de moto. O simples pensamento de alguém dirigindo uma motocicleta me deixa... desconfortável.

– Sinto muito. Aconteceu recentemente?

– Não, não. Podemos mudar de assunto? Parece que você tem viajado muito.

– Sim. Gosto particularmente do sudeste asiático, de todo o hemisfério oeste. A Tailândia é linda. Bali. E o Tibete foi uma aventura interessante, embora nada confortável. Fui tatuada lá por um homem idoso, usando métodos milenares. Eles pegam uma longa haste de bambu e a forçam para injetar a tinta na superfície. É preciso que duas pessoas segurem você para esticar bem a pele. Levam horas, você entra em transe depois de algum tempo... A tatoo está na parte de trás de meu ombro, uma região ossuda, e doeu infernalmente, mas é minha tatuagem favorita. Esses desenhos são feitos sob medida e têm um significado espiritual que o artista descobre para cada pessoa. Uma mensagem única. Foi uma experiência extraordinária.

– Já vi isso em documentários. Parece doloroso, mas os desenhos são lindos.

– Vou lhe mostrar a minha, uma hora dessas. Mas, vejo que gosta de tatuagens, já que há algumas em suas mãos e anti-braço.

– Sim. As aprecio pois trata-se de algo bem pessoal, uma declaração sobre nós mesmos. Tenho algumas pelo corpo...

– Tem?

– Sim. Parece surpresa.

– Talvez não, apenas curiosa. E o que são?

- Creio que em breve descobrirá. 

-Uh, suspense.

Sorrio.

- Como não quero ser culpada por matá-la de curiosidade, vou lhe contar sobre a maior que tenho. 

-E o que seria? -Brunna mordeu o lábio. 

Me inclinei na mesa e percorri meus olhos em minha cintura, pousando minha mão em seguida.

-Um ramo de flores de ameixeira em arco sobre meu quadril direito. 

Brunna estava com a boca entreaberta. Poderia jurar que a vi salivando.

– Bem... As a-s flores de ameixeira são um sinal de perseverança. -Ela disse se recobrando na cadeira e tomando mais um gole de chá.

– Sim. Flores de ameixeira podem sobreviver ao congelamento no inverno.

– Talvez algum dia me diga o que significam para você.

Sorri.

– Talvez. Você tem outras tatuagens além daquela que fez no Tibete?

Brunna balançou a cabeça assentindo.

– Um par de dragões em meu ombro e uma libélula na nuca. Ambos feitos em Hong Kong. Eu arregaçaria as mangas para mostrá-los, mas uma visão parcial não faria justiça ao trabalho. Eu teria de tirar a camisa.

Deus do céu, como é que essa mulher ficaria sem camisa? Estremeci.

– E o que eles significam para você?

– Dragões são um símbolo do poder. Força. E proteção. Já a libélula representa o espirito selvagem, a liberdade.

– Do que você precisa ser protegida, Brunna?

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