Capítulo LXIV

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— Acredito nele. — Vi a decepção e raiva no rosto do Danilo — Se acalma...

— Vamos embora agora, Natasha! — ele gritou como nunca tinha gritado comigo antes.

— Não grita comigo. — Olho para Renato — Quero que me conte como tudo aconteceu, cada detalhe que se lembrar.

— Não faz isso, por favor. — Danilo fala com voz de choro — Vou reviver tudo novamente.

— Não precisa ouvir se não quiser, mas eu quero saber exatamente o que aconteceu.

Sei que é difícil e não estou pedindo para ele escutar, mas preciso saber. Isso não mudará nada, Renato matou o meu filho e isso não tem volta, mas a história pode não ser como sempre julguei e isso me intriga

— Isso não vai mudar nada, amor, só vai nos machucar mais.

— Sempre quis saber isso! Sempre procurei esconder de você porquê... Você sem dúvida nenhuma é o mais afetado com isso... Vira e mexe me pego pensando naquele dia, nos "SE" que poderiam ter acontecido e mudasse a nossa realidade. Dói muito imaginar isso, me pergunto se ele sofreu, se estava chorando... Preciso mesmo saber o que aconteceu, não pela perícia e sim por ele, porque é como se Deus estivesse me tocando para o ouvir. Vai ser difícil ter que reviver esse dia, mas talvez faça todo meu ódio por ele, — apontei para o Renato — sumir e talvez consiga seguir a vida sem me prender ao passado e a esses "SE". Você talvez deva ouvir, sua forma de encarar a situação pode mudar e podemos ficar livre desse fardo. — O olho nos olhos — Você mesmo disse que o encontrar aqui não foi sem razão, concordo com isso, mas com toda certeza não foi pra ele morrer. Você sabe que o Marlon conseguiu diminuir essa dor, que mudar e recomeçar não tirou totalmente esse fantasma do passado, a raiva, a mágoa, a dor. Por mais que tivéssemos pensado que estávamos livres disso, hoje tivemos a prova que não. Para nos desprender do passado precisamos encarar os fantasmas, não viver fugindo. Você sente esse fardo muito mais que eu, sua raiva, mágoa, tristeza, ódio nem ao menos se compara com a minha.

— No fim posso querer o matar e dessa vez não vai me parar. — Danilo disse muito frio e aquilo me assustou

— Não vai fazer isso. — disse firme, mas por dentro estou morrendo de medo dele realmente fazer — Renato, conte como tudo aconteceu.

Início do Flash Black

— Não sei fazer isso, cara! Nunca roubei nada, imagina roubar um carro. — Renato fala desesperado

— Foda-se! Isso não é problema meu. O chefe quer a grana dele e seu prazo termina hoje. Vou te mostrar o que me agrada e você se vira, se não levar ele pra onde combinamos vamos matar sua família.

— Droga! — Renato fala passando às mãos no cabelo

— Toma aqui, cara! — o homem o entrega uma arma

— O que? Não! — Renato o devolve — Você está louco? Isso é uma arma.

— Oh cuzão! Pretende assaltar a pessoa como? Vai chegar lá e pedir educadamente que te der o carro?

— Não vou usar arma, até porque nunca tinha encostado em uma antes e não quero machucar ninguém, só quero pagar vocês e proteger minha família.

— É muito cuzão mesmo. Olha ali, vai naquele.

— Agora?

— Se vira meu irmão! Ele está estacionando é sua chance.

— Não consigo.

— Anda logo, menor, ou te mato agora. — O homem coloca a arma na cabeça dele — Depois mato a piranha da sua mãe e o seu irmão.

— Estou indo! — Renato coloca o capuz e caminha na direção do carro — Deus, me perdoa!

— Vou tirar você daí, calma. — Danilo fala com o Daniel ao sair do carro

— Anda rápido, a mamãe está nos esperando, papai.

— Perdeu! — Renato empurra Danilo com muita força o fazendo cair no chão e bater a cabeça, ele entra no carro — Desculpa, moço. — Ele diz em um sussurro enquanto sai de ré o mais rápido possível

— Daniel! — Danilo se levanta rápido do chão, mesmo estando tonto por causa da pancada ele corre atrás do carro — O meu filho, o meu filho está aí! — ele grita desesperado

— O que? Ele vai mesmo ficar correndo atrás do carro? O que ele está falando? Droga, vou sair logo daqui. — Renato acelera o carro — Alô! — ele fala ao atender o celular — E... Eu... Eu consegui, vou levar o carro até o lugar que combinamos.... Espera, depois disso vai me deixar em paz? ... Já estou chegando. — Ele desliga — Que porra!

— Não pode falar isso, meu pai falou que é feio. — Daniel diz calmo e Renato se assusta — Por que empurrou o meu papai e pegou o nosso carro? É melhor você voltar porque a mamãe está nos esperando em casa e ela tá nervosa hoje e se você tiver machucado o meu pai ela vai ficar mais brava ainda e te colocar te castigo.

— Que porra! — Renato grita — O que você está fazendo aí?

— Ia comprar frutas.

— Droga, o que eu faço!

— Esse carro é do meu pai, onde está me levando? Quero o meu papai!

— Boa pergunta. To ferrado!

Durante o caminho Daniel fez várias perguntas, não parecia assustado ou tímido, já Renato não sabia o que fazer

— Parece que agora estamos kits, menor. — O cara fala quando Renato estaciona — Olha essa nave.

— Temos um problema. — Renato fala inquieto ao sair do carro

— Que problema? Não vai me dizer que trouxe a polícia até aqui. — Ele saca a arma

— Não cara! — ele diz desesperado — Tem uma criança, esconde essa merda.

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