Capítulo LXIII

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Não sei se as coisas que estou dizendo faz sentido, se ele está me ouvindo. Danilo precisa se acalmar e voltar a si, espero que ele não tenha matado o idiota do garoto.

— Não faz isso. — Peguei as mãos dele e coloco em minha barriga. Princesa essa é a hora certa de se mexer, seu pai precisa de você. — Falta pouco para ela nascer, o Marlon também está aqui e precisa do pai por perto, não dele preso. Eu preciso de você e se matar esse garoto, não terei você porque não vai mais existir, o Danilo que conheço estará perdido. — Ele olhava para o Renato ainda com os pulsos fechados

— Graças a Deus! — a garota diz aliviada quando consegue acorda o namorado, suspiro agradecida

— Ele tem que morrer. – Danilo diz em um sussurro como se tentasse se convencer daquilo

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— Ele decidiu isso pelo Daniel! Matou nosso filho, uma criança inocente. Ele matou uma parte nossa, por muito tempo destruiu nossa família e...

— Se o matar você que destruirá nossa família por definitivo porque isso não tem volta, Danilo! Pelo amor que tem a Deus, a nós, deixa isso pra lá. — As mãos dele ainda estava na minha barriga quando a Ágata mexeu — Você sentiu isso? — ele simplesmente começou a chorar

— Droga! — ele deu um soco no capuz do carro e sentou no chão — Desculpa, eu... Eu quase fiz uma merda sem volta, me desculpe.

— Está tudo bem, ele não está morto... Espero que continue assim, vivo. — Pensei em me abaixar e o abraçar, mas com essa barriga é impossível — Vai ficar tudo bem.

Acaricio o cabelo dele que chorava igual criança, ainda bem que não o matou, se isso tivesse acontecido não teria volta... Graças a Deus que o pior não aconteceu.

— Vou chamar a polícia, você é um assassino!

Ok, agora me irritei. Quem essa garota acha é? Ela não sabe o que aconteceu, não sabe a barra que foi e como tudo isso pesa. O assassino aqui é o Renato.

— Garota, você nem mesmo sabe o que está acontecendo. O Danilo está errado em ter agredido esse idiota dessa forma, estou aliviada por ele não ter o matado como queria. O único assassino aqui é o seu namorado, você sabe o que ele fez? Não né! O Danilo foi dominado pelas emoções, ele já não estava bem antes e aí damos de cara com o assassino do nosso primogênito. Ele precisa de ajuda psicológica urgente, achamos que estava bem, mas devido aos acontecimentos dos últimos dias, estávamos enganados. Você não sabe como é a dor de perder um filho, por isso está falando merda.

— Não é pra chamar a polícia. — Renato fala em um sussurro. Como ele ainda consegue falar? — Mereço isso, se quiser me matar que mate, é o justo!

— Cala a boca, desgraçado! — Danilo grita, essa é uma das poucas vezes que o vejo chorando na frente de outras pessoas

— Não, isso não é justo. Não importa o motivo que ele tenha, muito menos a culpa que você sinta. — A ruiva disse tentando o levantar — Temos um filho para criar e ele nem ao menos se deu ao luxo de se importar com isso.

— Cala a boca menina, cala a boca! — Danilo disse em um sussurro e olhou para o Renato, não sabíamos que ele era pai — Pergunta ele se por um acaso se importou em tirar meu filho do carro quando me assaltou, se teve pena do meu filho quando atirou nele, se ele pensou na família ou apenas na criança de dois anos que estava bem na frente dele.

— Não matei seu filho de propósito, foi um acidente!

— Ah, claro! Acidentalmente deu dois tiros no meu bebê. — Disse segurando minha raiva, agora quem estava furiosa e a ponto de surtar sou eu – Você não sabe como é... Todos os dias sinto a falta dele, sabia? Às vezes a saudade é tanta que o meu coração parece estar sendo arrancado do peito. Sei que ele estar em um lugar melhor que nós e é isso que me conforta, mas não tem um dia se quer que não escuto a voz dele e... Não tem noção do que é a dor de perder um filho, pior ainda, dele ser assassinado. Não tem como mudar o que você fez, infelizmente a justiça desse país é inútil e te matar não resolve nada, só nos tornaríamos iguais a você, então seja homem e assume o que fez. Me admira muito você ser pai e....

— Não estou negando nada moça, entendo a dor de vocês, apesar de não conseguir imaginar como é. Não tem um dia que não pense no Daniel. – Ele fala gemendo de dor — Todas as noites aquela cena passa na minha cabeça, todos os dias choro por ter acidentalmente tirado a vida de uma pessoa, pior ainda, uma criança inocente que sorria pra mim e falava dos pais, ele era esperto. — Renato começou a chorar — Sinto muito mesmo, se pudesse trocaria de lugar com ele. Sei que nada justifica tudo que fiz, mas roubei o seu carro aquele dia para pagar uns caras perigoso que estava devendo, foi a primeira vez que fiz algo errado desse tipo. Meu irmão tinha quase a idade do Daniel naquela época e ficou muito doente, não tínhamos dinheiro e tive que pegar emprestado com eles, mas depois não tive como pagar. Eles queriam que virasse aviãozinho deles, que vendesse droga até pagar o que devia e me recusei, queria terminar de estudar e... — Renato balançou a cabeça, ele parecia ser sincero e não parava de chorar. Não sei se é atuação, mas essa cena está mexendo comigo. — Eles tinham um esquema de roubo de carro onde vendiam as peças, então me disseram que eu precisava roubar um carro igual ao seu para pagar a dívida ou eles matariam minha mãe e meu irmão. Sinto muito.

— Está mentindo! Só quer nos fazer sentir pena de você, diminuir a sua culpa, se fazer de coitadinho. Não vou cair nesse seu joguinho idiota, você é só mais um vagabundo com sangue nas mãos, graças a Deus que não me igualei a você, graças a Deus que a Natasha estava aqui. — Danilo limpou as lágrimas do rosto e levantou do chão — Vamos embora antes que mude de ideia e o mate. — Ele disse esticando a mão pra mim

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