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Passei a manhã inteira na clínica e fechei o expediente na hora de ir buscar as crianças, os deixei na casa dos meus pais e segui caminho para o mercado.
Aqueles dois comiam super bem e eu agradecia totalmente por isso.
Parei o carro na frente do mercado e a rua estava estranhamente vazia, a rua do mercado era um pouco escondida, mas além de estar vazia, eu estava sentindo novamente a sensação de ter alguém me olhando. Ignorei tal sensação e entrei no mercado, assim que toquei no carrinho me dei conta de que havia esquecido a lista e precisei voltar.
Quando eu estava abrindo o carro, senti uma mão puxar o meu pescoço e colocar algo no meu nariz.
[...]
Acordei sentindo o suor descer pela minha testa, eu estava meio que num barraco. O lugar era úmido e parecia mais um esgoto, ou melhor, um porão. Eu senti um desespero e um arrepio ruim correr por todo meu corpo, eu tentei puxar os meus pés e levantar, mas eu estava acorrentada como um animal.
- SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDA! — eu gritei o mais alto que consegui antes de me desesperar e começar a chorar.
Eu só conseguia pensar na minha família.
Estava ainda me debatendo tentando me soltar até ouvir passos.
- Tem alguém aí? Me solta, por favor! — eu implorava ainda chorando. - Eu pago o que quiser! — eu falei por fim e a porta se abriu revelando o Vicente.
Não, não, não. Pisquei duas vezes pensando ser um pesadelo, mas não era. Ele estava ali, com o típico sorriso irônico dele.
- Pode gritar o quanto quiser, bebê, ninguém vai te ouvir aqui não.
- Vicente! o que você quer comigo? — ele se aproximou e se abaixou na minha frente.
- Eu quero você, isinha. Não sentiu saudades? Senti saudade dessa sua bucetinha.. — ele mordeu o lábio me olhando.
- Eu não consigo acreditar em como você fica cada vez pior, você é nojento, Vicente. Eu já te disse, eu pago. — eu tentava o enfrentar sem demonstrar o medo enorme que eu estava sentindo e ele deu uma gargalhada.
- Não quero dinheiro, sabe que não preciso disso. Eu quero você, Isabelly. E se eu não tive você por bem, eu vou ter que te ter assim. Esquece aquele mala e as duas crianças, meu bem. Sabe que posso te dar uma vida de rainha..
- Eu sinto nojo de você, NOJO! — eu cuspi em seu rosto, mas pelo visto, eu não deveria ter feito aquilo. Vicente me deu um tapa no qual fez o meu rosto virar para o lado com o impacto.
- Você nunca mais tenta se crescer pra mim, vagabunda. — ele se levantou e saiu do porão, trancando a porta novamente.
Eu não me segurei, meu mundo caiu ali. Eu achei que ele nunca mais iria aparecer dessa forma brusca, eu já nem lembrava dele direito. Eu só queria o Samuca e os meus filhos, era tudo o que eu desejava ali.
O lugar pingava infiltrações cada vez mais, e eu ficava cada vez mais com fome, sede e medo. Muito medo.
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