Eu respirei fundo e o olhei.
- Senhor Vicente?
- Eu mesmo. — Ele me olhou e deu um leve sorriso, parecia que ele estava na minha clínica de propósito, ele havia me reconhecido.
- Vacina de vermífugo, certo? — eu perguntei e ele assentiu. - Ok, por aqui, por favor. — eu abri a porta da sala e ele entrou, eu senti seu olhar percorrer por todo o meu corpo.
- Nos conhecemos? — ele perguntou e eu pude sentir a ironia no tom de voz dele.
- Não que eu me lembre! — sorri sem mostrar os dentes e abri a seringa. - Vou pedir que segure ele. — ele se mostrou derrotado por não conseguir me atingir e assentiu sem falar nada. - É só uma picadinha, neném. — eu falava com o cachorrinho enquanto apertava a seringa, ele mal se mexeu. - Bom garoto!
- Acabamos aqui? — ele me olhou.
- Sim, senhor Vicente, acabamos.
Ele saiu da sala e eu suspirei fundo, era como se eu tivesse acabado de sair de um pesadelo. Me encostei na mesa e fitei o chão, minha atenção foi desviada quando o Samuel entrou na sala.
- Nossa hora, amor, vamo? — ele me encarou. - Tá tudo bem? — ele perguntou chamando a minha atenção.
- Tá sim, tudo bem! — eu forcei um sorriso e ele assentiu.
Nos despedimos do pessoal e fomos pra casa, Samuel me perguntava o caminho inteiro se algo havia acontecido e eu sempre respondia a mesma coisa, que era sono.
- Cheguei, vidas! — nós entramos e eu senti os dois abraçarem nossas pernas.
- Tia Yá comprou bolo.
- Sério? Que legal, garotão! Você comeu muito? — o Samuel pegou ele no colo.
- Eu comi como um super herói, papai! — eu sorri olhando a relação dos dois, mas ainda sim estava aflita.
- Vou indo, tá? vou encontrar o maluco, Beijo! — a Yá beijou nossos rostos e saiu.
- Você comeu direito, filha?
- Claro, mamãe, era bolo!
Nós passamos a noite inteira juntinhos, jantamos, assistimos um filme com as crianças e os dois capotaram na metade, me certifiquei de deixar a porta aberta e coloquei um peso para os dois não aprontarem novamente. Samuel já havia tomado banho e me esperava na cama enquanto eu continuava pensativa e deixava a água cair nas minhas costas. Quando saí, ele estava sentado.
- Vem aqui. — eu não falei nada, só sentei na frente dele e ele colocou as mãos nos meus ombros, fazendo uma massagem em seguida.
- Tá querendo me agradar, é?
- Tô querendo cuidar de você, mas "cê" não abre o jogo, meu bem. Anda, foi algum paciente? — eu engoli a seco e me virei fazendo ele parar a massagem.
- Vicente foi na clínica hoje..
- Quê? Ele fez alguma gracinha pra cima de ti? Porra, Isabelly, eu mato esse cara.
- Não, não foi nada disso!
- Então o quê foi?
- Eu só.. senti medo, pareceu que ele foi lá de propósito, sabe? Fiquei com medo de acontecer algo.
- Fica assim não, mô. Sabe que a gente tá junto nessa né? Se ele quiser se crescer e jogar uma pedra, a gente joga três. — ele respondeu e beijou meu pescoço.
- Fica acordado comigo até eu dormir? — eu o perguntei e ele assentiu.
- Enquanto eu for vivo ninguém toca em vocês três não, fica tranquila. — eu assenti e ele me puxou pra cima dele, eu senti uma lágrima rolar pelo meu rosto e eu sei que ele percebeu, começou a me fazer um cafuné e eu fechei os olhos tentando dormir e tirar da minha cabeça o que aconteceu hoje.
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Yara Sanxez, Estudante de Moda e irmã do Samuel. 26 anos.
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Meu Melhor Erro II
De Todo• Este livro é a continuação de "Meu melhor erro" disponível no meu perfil! E temos aqui e agora: Meu Melhor Erro II - O Retorno! • Plágio é crime! Crime de Violação aos Direitos Autorais no Art. 184 - Código Penal, que diz: Art. 184. Violar direit...