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Alguns dias se passaram e eu tô na mesma, meio mal com tudo e sem saber lidar com nada do que tem acontencido. Normalmente passo os dias no quarto, vendo televisão e só saio para ir ao banheiro ou na cozinha. Tento fingir que estou bem, escondendo tudo atrás de um sorriso, mas tem horas que fica extremamente difícil e as lembranças sempre voltam, me assombrando. A minha vida virou de ponta cabeça em segundos.
Meu irmão depois de muita insistência conseguiu me tirar um pouco do quarto e me levou pro bar com ele. Tinha que resolver algumas coisas lá e eu fui junto de papagaio de pirata.

- Eu vou sair com a Iris agora pra comprar algumas coisas pra ela, algum de vocês querem vir?- meu irmão falou assim que terminou a reunião e eles assentiram indo cada um para os seus respectivos carros até a loja de roupa, que seria a primeira parada

- Ô, Teddy, a Mel vai vir pro aniversário da Chiara?- escutei Max falar com meu irmão enquanto eu olhava as roupas de uma arara

- Provavelmente, espero que a mãe dela não desista né - meu irmão soltou um riso anasalado - por que?

- Fazer companhia pras meninas né, se elas ficarem sozinhas juntas a porrada come- Max falou e o Teddy riu

- Mas a Maya deve ir também...

- Isso se o Din voltar a tempo né- meu irmão concordou... O que esses caras tão falando???

Comprei algumas roupas e um celular também, meu irmão bancando tudo, claro.

- Eu preciso resolver mais algumas coisas agora - meu irmão disse me ajudando a colocar as sacolas na mala do carro - Barone vai ficar com você, tudo bem?

- Tranquilo- dei de ombros

- Vou aonde?- Barone, que até então estava distraído no celular, perguntou

- Cuidar da Iris - meu irmão falou jogando um capacete pra ele - vou deixar as suas coisas em casa- eu assenti e eles sairam, restando eu e o Barone na calçada da loja

- Bora? - perguntou me estendendo o capacete - tô de moto, tem medo não né?

- Nada, até gosto - falei enquanto colocava o capacete - onde vamos?

- Não sei - deu de ombros e eu ri - só dar uma volta, ou quer ir pra casa?

- Eu não, mente vazia oficina do Diabo- falei e e ele riu, montando na moto logo depois

Subi na moto logo depois dele e segurei na sua cintura de leve, estava com vergonha. Tomei um susto quando o senti agarrar as minhas mãos e entralaçar elas em volta da sua barriga.

- Segura, se não vai cair- ele sorriu olhando de relance pra trás e eu retribui o sorriso

Óbvio que eu não pude deixar de reparar a barriguinha um tanto quanto sarada dele, e no seu perfume estupidamente bom que vinha no meu nariz por causa do vento.
Com o tempo fui me acostumando e encostei minha cabeça na suas costas, observando a vista de onde a gente passava.

- Que lugar lindo- disse quando ele parou a moto no topo de um morrinho que dava pra observar a praia a frente

- Gostou? Eu venho aqui as vezes, quando quero pensar- respondeu se sentando no gramado e eu o acompanhei

- É um ótimo lugar pra ficar sozinho, eu gostei - sorri - pode ser que talvez eu roube seu cantinho do pensamento

- Eu divido ele com você, fica tranquila - ele riu - apesar de eu achar um pouco difícil seus irmãos te deixarem sair sozinha assim

- Eles nunca deixaram né, mas os esquemas tão ai pra isso- apoiei a cabeça nos meus joelhos

- Então você é fora da lei?

- Fora da lei é muito forte - olhei pra ele - digamos que apenas rolezeira- fiz uma pose e ele gargalhou junto comigo

- Sabe que todos os seus rolês nunca mais vão ter paz, né? Se não você vai arrumar um problemão

- A não ser que eu vire amigona de um de vocês, ai eles vão me deixar sair com meu futuro grande amigo, que talvez eu dê perdido- ele riu 

- Já não bastava a Chiara arrumando ideia, agora você também - ele riu e eu não entendi muito bem - eu que não vou me meter nisso

- Ta se desfazendo da minha amizade??? Qual é Barone eu sou mo gente fina- cruzei os braços injuriada, ele me olhou e sorriu

- Se acontece algo contigo quem se desfaz sou eu, minha filha! Um estalo e eu viro pó- ele respondeu e eu ri

- Mas se você for um bom amigo eu não vou ter que te dar perdido, ! - me justifiquei e ele riu - aqui costuma ter muita festa?

- De vez em quando tem algumas, é daora, mas as vezes que problema- deu de ombros

- Entendi...- um silêncio se formou por alguns minutos, eu não sabia muito o que falar

- E esse cabelo ai, puxou de quem?- falou brincalhão e eu ri

- De ninguém - me olhou confuso - foi tipo um "erro genético"- fiz aspas com as mãos

- Ahhhh, faz sentido- ele riu e o silêncio se instalou de novo, agora ficando por mais tempo

- Barone é seu nome mesmo?- perguntei o fazendo tirar os olhos da paisagem, e provavelmente a mente do mundo na lua

- É o sobrenome - sorriu - primeiro nome é Diego, prazer- falou num tom brincalhão e estendeu a mão para que eu apertasse

- Puts, pior que nem tenho um apelido legal assim pra entrar na brincadeira- ele riu

O sol começou a se por e nós ficamos ali, apreciando a paisagem e falando alguma besteira de vez em quando.
Barone era gente fina, temos pouca diferença de idade e talvez isso nos ajude a ter uma boa relação. Além do mais, ele é uma ótima companhia.
Nos desconcentramos da paisagem quando escutamos o celular dele tocar, era meu irmão, então ele colocou no viva-voz

- cadê vocês?

- No norte

- Meu Deus, foram longe - escutei meu irmão rir - venham pra cá, as meninas tão aqui

- Beleza, a gente já tava voltando mesmo

- Tamo esperando vocês aqui no hotel

- Tranquilo, daqui a pouco a gente chega.

- Hotel?- perguntei assim que ele finalizou a ligação

- É, a Cristal tem um hotel, é onde a gente costuma se encontrar - ele disse e eu assenti - Bora? Daqui a pouco começa a aparecer urso aqui- ele disse e eu levantei assustada olhando em volta

- E você só me avisa isso agora????- falei nervosa

- Calma, ruivinha - ele riu e eu fechei a cara - não é mentira minha, tá? Realmente tem, mas é raro aparecer

- Vamo embora logo!- falei mal humorada subindo na moto e colocando o capacete, conseguindo escutar um risinho dele ainda

- Tá com raiva de mim ainda, ruivinha?- disse assim que saltamos da moto, na calçada de frente ao que parecia ser o hotel

- Não - sorri fraco - agora sinto que tô protegida e em paz

- Acha que eu não te protegeria, é?- cruzou os braços se apoiando na moto

- Tenho a impressão de que ao ver um urso você sairia correndo

- E esse não é o certo?- perguntou

- Não?? - respondi como se fosse óbvio - sei lá!- ele riu

rouge - gta rpOnde histórias criam vida. Descubra agora