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Duas semanas passaram e eu tô mais próxima do pessoal, agora finalmente sinto que sou da família, e não uma intrusa que chegou do nada.
Ainda não superei 100% o que aconteceu, as vezes a ficha cai e eu morro de chorar, além do aperto no peito o medo sempre vem junto, e eu fico assustada sem querer sair de casa.
Falando em sair de casa, finalmente convenci Teddy a me levar para tirar habilitação, pelo Din eu já estava habilitada a muito tempo, o Teddy que ficou de graça.
Agora eu tenho a carta mas ninguém tem coragem de me emprestar um carro, muito menos de me deixar sair sozinha, mas uma hora eu vou dar uma fuguinha rápida, só pra ter o gostinho.
E sobre o Barone... Bom... A gente não se vê desde a festa, eu dei um jeito de me esconder dele nas poucas vezes que cruzamos caminho e também respondi rapidamente alguma de suas mensagens. Não que isso seja relevante, e nem aconteceu nada, eu só fiquei com vergonha... Ou... Sei lá...

- Quer sair comigo ou vai ficar sozinha aqui em casa?- Teddy me perguntou arrumando a gola de sua jaqueta

- Pra onde vai?

- Mc - eu fiz careta - por que não quer ir pra lá mais?

- Não tenho lembranças muito boas- menti, era óbvio que eu só não queria ver o Barone

- Ah, bora! - ele se sentou do meu lado no sofá - eu não vou te deixar sozinha aqui, se você não for, um dos meninos vem te buscar

- Tá, tá, eu vou com você- falei rápido me dando por vencida e ele sorriu

Fomos o caminho todo apenas curtindo a música da rádio, não era tão longe

- E ai, galera!- ele disse entrando no lugar

- Oi gente- cumprimentei baixo, logo atrás dele.

Eles foram pra sala de reunião e eu fiquei sentada no sofá fora do cômodo, mexendo no celular. Senti o lugar do meu lado afundar e logo depois uma voz conhecida falar:

- Por que tá fugindo de mim?- era ele... ÓBVIO que era ele

- Não tô- disse simples ainda olhando pro telefone

- Ai! Você nem me olha!- falou indignado e eu olhei rapido dando um sorrisinho, logo voltado a posição inicial

- Feliz?- ele soltou uma risada nasal

- Sabe que eu não vou sair do seu pé até você me contar o que eu te fiz né?- cruzou os braços se recostando no sofá

- Você tá perdendo a reunião!- apontei pra porta da sala

- Fui liberado, tenho que ficar de babá de uma certa ruivinha - revirei os olhos bloqueando o celular - finalmente! Vai me contar o que houve?

- Não tem nada, desencana- apoiei meu braço no lado do sofá, segurando meu rosto e mantendo meu olhar num ponto fixo que não fosse o rosto dele

A reunião terminou e agora os meninos estavam do lado de fora, arrumando algumas coisas nos carros enquanto eu só estava encostada observando

- Vamos?- Barone chamou e foi em direção ao seu carro

- Ué, não vai de moto?- estranhei, era raro ele andar de carro

- Não quer dirigir?- deu um sorrisinho e me jogou a chave, entrando no banco do carona

- Por que você decidiu isso do nada?- perguntei dando partida

- Pra te deixar mais felizinha- o olhei de lado e ele sorriu

Ele foi me guiando até a praia, era tarde e o clima estava gostoso pra ficar sentada na areia conversando, bom, pelo menos eu gosto.

- A areia aqui é fofinha- disse afundando meus pés na areia que ainda estava quentinha, indo mais pra perto do mar

- É - ele riu - eu gosto bastante daqui! Ainda mais por que tem o píer também

Sentamos próximo da água e ficamos em silêncio, só escutando as ondas batendo e apreciando a vista do sol que estava para se pôr. Ele resolveu cortar o silêncio falando:

- Tá menos mal humorada depois que andou de carro?

- Eu não tava mal humorada! - falei meio indignada - mas isso me animou um pouco sim, valeu!- sorri o olhando

- Que bom!- ele sorriu, virei minha cabeça para observar o mar novamente mas sabia que ele ainda estava me olhando

- Pode deixar que logo, logo eu vou arrumar um carro, ai você não vai mais precisar ficar de babá da menina boba aqui- ri sem graça e ele esboçou um "ahh"

- Você ficou chateada pelo o que eu disse na festa da Chiara... - ele fez uma pausa, provavelmente tentando montar um discurso pra pedir desculpa - olha... Eu não falei na mald...

- Tudo bem - o cortei e ele me olhou confuso - não fiquei brava com você, só fiquei sem graça por escutar a verdade- dei de ombros

- Para! - pediu - eu não quis dizer daquela forma... Não da forma que você entendeu - eu ri da forma embolada dele de tentar se explicar - é só que... Esse seu universo de agora, é muito mais perigoso do que o universo que você estava acostumada antes. Pode ser que tenha alguém nessa praia, lá de cima do píer ou lá do final da praia - ele disse apontando - nos observando... E você ainda não tem essa maldade, entende?

- Tá tranquilo... - joguei meu corpo pra trás, me apoiando nos antebraços e sentindo os raios de sol meio quentes baterem no meu rosto - como eu disse, não fiquei com raiva de ti, mas de mim, por me achar fodona e não ser nem 1% disso - dei uma pausa - se eu fosse minha mãe não teria morrido.- respirei fundo controlando as lágrimas que queriam vir

- Mas você é foda! Você sabe empinar uma moto como ninguém!- Barone disse pra tentar me animar e eu ri, mesmo de olho fechado sentia seu olhar sobre mim

- Não foi você que disse que as coisas não funcionam assim?- soltei um riso anasalado e ele estalou a língua

- Me desculpa, tá? Não foi por mal... Com o tempo você vai entender- falou um pouco mais baixo

- Não fez nada de errado, nem tem motivo pra desculpa - sorri sem mostrar os dentes - esquece isso!

Ficamos em silêncio depois disso, eu sentindo o sol e ele muito provavelmente me olhando. Já estava achando muito estranha a sensação, então abri os olhos e o olhei, ele fitava cada detalhe do meu rosto.

- Por que você me olha tanto?- perguntei curiosa

- Eu pensava que não tinha como você ficar mais bonita depois da festa da Chiara, mas vendo suas sardas brilharem com esse sol percebi que eu estava completamente errado

rouge - gta rpOnde histórias criam vida. Descubra agora