Let Me Fall If I Must Fall

Capítulo único

4 de junho de 1997.

Era alto, muito alto e Harry descobriu que não conseguia pensar com clareza. Dumbledore estava de pé novamente, parecendo tão forte e corajoso quanto Harry sempre pensou que ele era; nada como o homem frágil e fraco que chorou aos pés dele momentos atrás, implorando por um fim. O fogo disparou da Varinha das Varinhas, brilhante, ardente e magnífico, e Harry não conseguiu desviar os olhos da visão de seu diretor. Mas ele não conseguia pensar. Ele não podia ouvir os feitiços que Dumbledore lançou e ele não podia ouvir os Inferi gritando. O barulho das chamas era alto demais, e haviam feitiços à sua volta, cobrindo-o como uma cúpula protetora, escondendo-o dos Inferi.

Ele cobriu os ouvidos, o anel berrante de Dumbledore esculpido na pele da bochecha direita, mas Harry ignorou a dor. Ele tinha que bloquear os sons. Ele precisava pensar.

Eles tinham que sair dali!

Tudo tinha sido uma armadilha, tudo isso; Voldemort sabia que alguém tentaria roubar seu Horcrux e ele tomou precauções. Os Inferi estavam rastejando na direção deles, subindo as margens da ilha solitária cercada por águas pútridas e cadáveres reanimados. Não havia escapatória, exceto o barquinho raquítico que brilhava em um verde fantasmagórico, e até nisso os Inferi rastejavam por todo o lado. A menos que eles pudessem matar todos eles, Harry pensou freneticamente... A menos que eles pudessem detê-los ou distraí-los, Harry e Dumbledore não estavam saindo da caverna.

"Meu garoto", Dumbledore chiou sua voz suave e instável. Ele parecia pronto para entrar em colapso e Harry se fortaleceu, sabendo que não tinha escolha a não ser ajudar. Não havia tempo para pensar. Ele poderia pensar no que tudo significava depois, se eles sobrevivessem; agora era a hora da ação.

"Incendio!" Harry rugiu, sua varinha apontada para um Inferius.

"Não caia na água, Harry", Dumbledore avisou. Ele lançou um feitiço na direção do barco, que se lançou rapidamente na direção deles, derrubando os Inferi em seu caminho. "Não toque na água, Harry, você não quer se tornar um deles."

Harry engoliu em seco. Ele olhou em volta para as criaturas de aparência desidratada, carecas e magras, com dedos esqueléticos e dentes afiados e pontudos. Seus olhos eram todos brancos leitosos, sem pupila, e estavam todos nus, seus genitais ou seios murchos devido à deterioração. Eles estavam todos mortos, todos eles, então Harry não se sentiu culpado por lançar um 'Sectumsempra' ou qualquer outro feitiço mortal para eles, mesmo que não funcionassem, porque ele não podia matar algo que já havia morrido. Essas pessoas haviam morrido por causa de Voldemort; Voldemort os matou, assim como Voldemort matou os pais de Harry e foi a razão pela qual Dumbledore teve que beber aquela poção horrível que o enfraqueceu tanto.

Harry não seria apenas mais um cadáver no caminho de Voldemort e, com o máximo de cuidado possível, ele entrou no barquinho. Então ele se virou, seus braços abertos para ajudar Dumbledore, que veio em sua direção lentamente, deslizando pela margem da ilha. Dumbledore lançou mais um feitiço, um 'Fiendfyre' e os Inferi começaram a gritar e assobiar. Mas eles não seguiram o pequeno barco quando ele saiu da caverna.

Harry olhou para trás quando Dumbledore se mexeu para se levantar. O medalhão pendia entre seus dedos trêmulos, a corrente enrolada no grande anel que tinha a crista da família Black gravada nele. Sirius deixou para ele em seu testamento, e Harry o usou com orgulho desde o dia em que o recebeu.

Um Inferius solitário estava os vendo partir. Todos os outros haviam desaparecido de volta na água, cedendo ao chamado das profundezas escuras, felizes por fugir da luz e do calor do fogo ainda ardente. Mas este mergulhou a mão na bacia quase vazia, pegando um pouco da temida poção, antes de trazê-la aos lábios. Ele sorriu para Harry e Harry estreitou os olhos pelas ações da criatura. O Inferius apontou para o barco, ou mais especificamente para o Medalhão e Harry encontrou os dedos apertando protetoramente o Horcrux. Harry olhou para trás, por cima do ombro de Dumbledore, seu anel captando a luz fugaz. Mas quando Dumbledore se virou, o Inferius se juntou a seus irmãos e irmãs sob a superfície da água encantada que outrora protegeu a alma de Lorde Voldemort.