Eu e minha mãe estávamos fechando a floricultura depois de um longo dia de trabalho.
Camélia - Nós não conseguiu vender o suficiente.
Camélio - Que isso mãe até que vendemos bastante.
Camélia - Mas não o suficiente pra quitar nossa dívida.
Meus pais estavam com dívidas até o pescoço com o banco da cidade e agora eles estão sendo cobrados, meu irmão de 8 anos Pedro nasceu com graves problemas respiratórios, hoje em dia ele está bem e saudável, mas para que a sua saúde ficasse perfeita nossos pais tiveram que gastar muito dinheiro, um dinheiro que eles não tinham e isso o fez se individarem com o banco da nossa cidade.
Camélia - Estamos em um beco sem saída, seu pai foi ao banco conversar com eles e pedir mais prazo.
Camélio - Tomara que fique tudo bem logo.
Nós fechamos a floricultura e subimos as escadas indo para a nossa casa que ficava no segundo andar da floricultura, meu irmão Pedro estava deitado de bruços no tapete da sala desenhando.
Pedro - Camélio! Gritou vindo me abraçar.
Camélio - Oi Pedrinho.
Meu irmão e eu éramos bastante apegados, ao contrário de mim que sou a cara da minha mãe o Pedro era igualzinho ao nosso pai, com a pele clarinha, olhos castanhos claros e cabelo castanho. Eu ajudei a minha mãe a preparar o jantar e depois fui tomar um banho. Ao sair do banho eu visto uma roupa mais confortável e vou ao espelho pentear meus cabelos, eu tenho 16 anos, 1,53 de altura, cabelos loiros ondulados até a altura dos ombros, olhos castanhos claro e com um rosto delicado e um corpo com bastante curvas, coxas grossas e bunda grande o que fazia com que os meninos mexessem muito comigo na escola, mas apesar disso eu nunca namorei e mesmo se eu quisesse meus pais também não permitiriam.
Já reunidos na mesa nós fizemos uma prece em agradecimento a nossa refeição e então começamos a comer.
Camélia - E o pessoal do banco, deram algum prazo?
Joaquim - Deram um prazo de uma semana, não sei de onde iremos tirar tanto dinheiro de repente.
Camélia - Só se vendermos a casa.
Joaquim - Ninguém tá comprando mais casas prontas, agora que a arquitetura e a engenharia chegaram ao Brasil as pessoas preferem comprar terenos e construir suas casas ao seu modo.
Camélia - Então o que faremos?
Joaquim - Eu ainda não sei...mas teremos de dar um jeito.
Camélio - Eu posso trabalhar fora da floricultura também papai, ei de conseguir algum emprego.
Joaquim - Vosmicê não pode trabalhar Camélio, sua condição não lhe permite, vosmicê não é como os outros garotos.
Eu era um dos poucos homens com a capacidade de engravidar. Eu descobri isso aos treze anos de idade quando tive a minha primeira menstruação. Esses homens eram raros e nós éramos colocados na mesma categoria das mulheres, não podíamos nem mesmo votar e o casamento entre dois homens só era permitido se um dos dois tivesse a capacidade de engravidar.
Depois do jantar eu fui lavar a louça e depois me recolhi no meu quarto. Eu estava muito preocupado com a situação dos meus pais, eles não falavam na minha frente, mas eu sabia muito bem que se a situação com o banco não fosse resolvida os meus pais poderiam perder a casa e a floricultura também.
No dia seguinte logo após o café da manhã eu disse pra minha mãe que eu iria até a casa de uma amiga estudar, mas na verdade eu saí de bicicleta em busca de emprego, mesmo meus pais sendo contra eu tinha esperança de encontrar algo para poder ajudar a minha família. Eu bati de porta em porta, mas ao verem a minha aparência delicada e frágil a resposta das pessoas era sempre a mesma, NÃO, eu já estava desistindo e então decidi voltar pra casa, mas antes ao passar em frente a uma loja de roupas eu decidi perguntar ao gerente se teria alguma vaga pra mim, mas a resposta que eu ouvi do gerente me desanimou completamente.
- Não vais encontrar nada por aqui garoto, se está precisando de dinheiro sugiro que vá atrás de um marido.
Eu voltei pra floricultura desanimado e sem saber que futuro aguardava a minha família.
1 Semana Depois
Era fim de tarde e os meus pais estavam nervosos, o casal de banqueiros viriam aqui em casa pessoalmente, parece que todos os prazos que o meu pai poderia pedir se esgotaram. Eu estava na cozinha escrevendo no meu diário quando a minha mãe veio até mim.
Camélia - Prepare um chá e coloque um pouco daqueles biscoitos que você preparou mais cedo por favor e leve lá na sala, o senhor e a senhora Alcântara chegaram.
Camélio - Tudo bem, eu já levo lá.
Depois que o chá estava pronto eu o organizei com os biscoitos em uma bandeja e levei até a sala.
Camélio - Com licença. Digo colocando a bandeja sobre a mesinha de centro.
O senhor e a senhora Alcântara eram altos dos olhos azuis e cabelos bem pretos e vestiam roupas que aparentavam ser bastante caras, tanto o senhor quanto a senhora Alcântara me observavam com atenção.
- Quem é o jovem rapaz? Perguntou a senhora Alcântara.
Camélia - Esse é o nosso filho Camélio, Camélio esses são os senhores Lázaro e Virgínia Alcântara.
Camélio - Prazer em conhece-los. Digo de forma educada, apesar da situação não me causar prazer algum.
Virgínia - O prazer é nosso, além de lindo o filho de vocês é muito educado.
Camélia - Camélio é um menino de ouro, me ajuda muito aqui dentro de casa.
Lázaro - Me desculpe perguntar, mas Camélio é um daqueles meninos com útero não é?
Joaquim - Sim, descobrimos quando ele ainda tinha treze anos.
Lázaro - Ele deve ter muitos pretendentes creio eu.
Joaquim - Camélio é muito novo pra esses coisas, ele acabou de completar 16 anos.
Lázaro - Aos 16 anos minha esposa já estava prenha do nosso primeiro filho.
Virgínia - Hoje em dia os tempos são outros queridos.
Eu detestava o fato deles falarem de mim como se eu não estivesse presente e dei graças a Deus quando a minha mãe pediu para que eu me retirasse, então eu fui para o quarto do meu irmão Pedrinho brincar com ele e não ví o desfecho da conversa dos meus pais com os banqueiros.
Depois da visita da Virgínia e do Lázaro os meus pais não falaram mais nada sobre a dívida e eu sentia que eles estavam meio estranhos, até que em uma noite logo após eu ter colocado o meu irmão Pedro na cama eles vieram falar comigo no meu quarto.
Camélia - Filho...precisamos falar bom vosmicê, um assunto muito importante.
Camélio - O que houve?
Joaquim - Os Alcântara perdoaram a nossa dívida, mas com uma condição.
Camélio - Qual?
Joaquim - Que dessemos a sua mão em casamento ao filho deles Heitor.
Nessa hora o meu coração acelerou. Será mesmo que os meus pais tiveram a coragem de me vender dessa forma?
Camélio - Não me digam que...
Camélia - Infelizmente foi a nossa única saída filho, era isso ou perder a casa e a floricultura, vosmicê e seu irmão seriam mandados a um orfanato, pois não teriamos condições de cria-los. Disse quase chorando.
Joaquim - Dentro de um mês será o seu casamento com o Heitor.
CONTINUA...
Olá. Espero que tenham gostado desse primeiro capítulo. Conto com os votos e opinião de vocês nos comentários. Beijos a todos e até breve.
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Camélio
RomanceNo ano de 1890, final do século 19, Camélio Andrade é um jovem de 16 anos, dono de uma beleza encantadora ele é filho dos comerciantes Camélia e Joaquim. Eles tem uma floricultura e vivem em uma pequena casa no segundo andar do comércio da família...