III

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Joaquim - Os Alcântara perdoaram a nossa dívida, mas com uma condição.

Camélio - Qual?

Joaquim - Que dessemos a sua mão em casamento ao filho deles Heitor.

Nessa hora o meu coração acelerou. Será mesmo que os meus pais tiveram a coragem de me vender dessa forma?

Camélio - Não me digam que...

Camélia - Infelizmente foi a nossa única saída filho, era isso ou perder a casa e a floricultura, vosmicê e seu irmão seriam mandados a um orfanato, pois não teriamos condições de cria-los. Disse quase chorando.

Joaquim - Dentro de um mês será o seu casamento com o Heitor.

Camélio - O que? Como puderam fazer isso comigo! Digo me levantando nervoso.

Camélia - Fizemos para o seu bem filho.

Camélio - Me venderam, me venderam como um objeto qualquer a um homem que eu nem conheço.

Camélia - Os Alcântara tem muito dinheiro filho, você vai poder ter uma vida que eu e seu pai nunca poderíamos lhe dar.

Camélio - Não era assim que eu esperava que fosse o meu casamento.

Joaquim - Infelizmente nem tudo na vida é como a gente quer Camélio.

Camélio - Pois é... infelizmente. Me deixem um pouco sozinho por favor.

Eles saíram do quarto e eu comecei a chorar, como eles decidiam algo assim por mim? Mas por um lado eu entendia o lado deles, afinal eles correriam o risco de perder a casa e a floricultura aí todos nós iríamos pra rua e não teríamos nem trabalho mais.

No dia seguinte os meus pais me explicaram tudo, o nosso casamento seria dentro de um mês, mas o jantar para as nossas famílias se conhecerem seria em uma semana, o meu noivo se chamava Heitor, tinha 25 anos e uma filha de 4 anos de outro relacionamento. Apesar de amar crianças eu não imaginei que me tornaria responsável por uma assim tão de repente.

Pedro - Vosmicê vai se casar Camélio.

Camélio - Vou sim irmāozinho.

Pedro - Então...vosmicê vai morar em outra casa.

Camélio - Irei sim meu amor, mas nós iremos nos ver sempre.

Pedro - Eu vou ter sobrinhos então né?

Foi aí que a minha fixa caiu, obviamente meu marido iria querer ter relações comigo e eu teria outros filhos dele e eu ainda perderia a minha virgindade com alguém do qual eu nem gosto, quanto mais eu penso sobre isso pior fica.

Os dias foram se passando e finalmente chegou o dia do jantar onde eu conheceria o meu noivo, já que os pais dele eu já havia conhecido. Minha mãe me deu uma roupa social em tons claros e nós fomos até a casa dos meus sogros que ficava na parte nobre da cidade.

Chegando na casa deles eu fiquei impressionado, pois era uma verdadeira mansão, os pais do Heitor foram bastante simpáticos e logo eu fui apresentado ao Heitor, pelo seu rosto eu pude ver que ele não estava nem um pouco feliz com aquela situação assim como eu. Logo nós fomos para a sala de jantar onde eu fui apresentado a uma linda garotinha.

Virgínia - Apresente a Sophia ao Camélio meu filho.

Heitor - Essa é a minha filha Sophia, Sophia esse é o Camélio meu...

Lázaro - Noivo.

Heitor - Isso mesmo. Disse de cara fechada.

Sophia - Camélio, o senhor é muito bonito.

Camélio - Obrigado querida, vosmicê também é linda.

Pedro - Ela vai ser sua filha irmão? Perguntou o meu irmãozinho Pedro.

Sophia - Acho que sim.

Pedro - Então eu vou ser o seu tio, pois eu sou irmão dele.

Sophia - Vosmicê não pode ser o meu tio, tem quase a minha idade.

Lázaro - Isso não tem nada a ver, alguns tios são até mais novos que os seus próprios sobrinhos.

Virgínia - Verdade...agora que todos já se conhecem, vamos jantar. Eu também tenho o meu filho mais velho Augusto, ele tem uma esposa e dois filhos, mas poderão conhecê-los em outra ocasião.

Nós jantamos todos juntos, Heitor e eu  permanecemos em silêncio, quem conversou mais foram os meus pais e os pais do Heitor, as poucas vezes em que eu falei foi quando a Sophia ou o Pedro me dirigiram a palavra.

Após o jantar foi servida a sobremesa e todos foram conversar na sala de estar.

Virgínia - Porque não vai mostrar o jardim ao Camélio, é bom que vocês conversam um pouco.

Lázaro - Verdade, o casamento de vocês é daqui a um mês, precisam se conhecer um pouco.

Joaquim - Não sei se é uma boa ideia deixarem os dois sozinhos.

Virgínia - Não se preocupe seu Joaquim, nós estaremos de olho neles, daqui da sala poderemos vê-los no jardim. Disse abrindo as persianas da sala que revelavam as janelas que tinham vista para o jardim.

Eu fui até o jardim da casa com o Heitor e ele disse.

Heitor - Foi obrigado a isso também?

Camélio - Se refere ao casamento?

Heitor - Exato.

Camélio - Fui sim.

Heitor - E por qual motivo?

Camélio - Meus pais devem os seus, o casamento foi uma forma de quitar a dívida.

Heitor - Vosmicê é filho dos donos da floricultura não é?

Camélio - Sim.

Heitor - Imaginei...

Camélio - E vosmicê? Por qual motivo foi obrigado?

Heitor - Meus pais iriam me deserdar caso eu não me casasse. Mas apesar de tudo vosmicê deve estar feliz, minha família é rica, casando comigo terá seu futuro garantido.

Camélio - Dinheiro pra mim não importa, eu queria me casar com alguém que eu amasse.

Heitor - Tolinho, o amor não existe Camélio.











         Continua...

Oi amores, espero que tenham gostado do capítulo. Conto com os votos de vocês e até a próxima.

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CamélioOnde histórias criam vida. Descubra agora