Quatro

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Quando se é adolescente e mora em uma cidade, onde o dinheiro que circula como pagamento de dívidas ou compras de comida é crianças e adolescentes.

Você sabe que mais cedo ou mais tarde será você a estar em um palanque a espera do valor mais alto que darão pela sua compra.

Mesmo sendo filho legítimo, e único. Poderia ter esperança disto não acontecer. Mas, a escassez de alimento em nossa mesa cada menor, é um motivo de ter coragem para lembrar o que pode e irá acontecer provavelmente.

Mas o pior nesta cidade. É a morte do mês.

Quem desejar, assina seu nome para ser sorteado, para quê? Para morrer.

E se ninguém assinar, pra concorrer a tal feito, a pessoa mais velha da cidade é que irá morrer.

Por isso, você sempre ver os idosos daqui em constante aflição, e falando sempre com escravos, pessoas doentes ou que sofreram algum acidente.

Amanhã será o dia do sorteio. E por incrível que pareça, três crianças assinaram seus nomes.

Crianças. Deve ter sido alguma criança que foi vendida recentemente, ou alguns meses. Sabe como é, alguns donos não são legais.

E com a pena, agora em mão. Molhando ela na tinta, pode ter certeza de que não são três, são quatro.

Joaquim Messias de Alcântara

Pronto. Pus minha vida na roda da sorte. E quem saiba, eu ganhe algo. Ganhe a morte amanhã, ou mais um mês de vida.

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