P.O.V Brunna
Meus filhos iam todas as tardes visitar a mãe, hoje faz exatamente 90 dias que ela sofreu o acidente, o tipo sanguíneo dela é raro e foi um pouco difícil de encontrar doadores, nem os irmãos dela tinham o mesmo tipo de sangue. A Lud ainda está com vários aparelhos ligados nela, porém, foi para o quarto a duas semanas atrás. Tenho tentado manter a empresa nos trilhos, parece que alguns funcionários só funcionam na presença da Ludmilla, ou como eles falam, do diabo que veste prada, Lud é bem rigorosa quando se trata da Oliveira's e é compreensivo, ela lutou muito para chegar onde chegou.
Noventa dias é muito tempo, e eu todos os dias ia na esperança de encontra-la acordada, mas nunca acontecia, hoje estou um pouco desesperançosa, tem três dias que ninguém dorme lá, por cansaço e por causa do Théo, fazer uma criança de 4 anos entender o porque da mãe está a tanto tempo longe não é fácil. Cheguei ao hospital e subi diretamente para o quarto, cumprimentei algumas enfermeiras e quando ia entrar no local o médico sai do quarto me impedindo, fiquei sem entender e ele me pede para aguardar pois estavam fazendo exames na Lud. Maaais exames, e o que eu mais queria era ver aquelas lindas orbes cor de avelã abertas novamente e aquele sorriso enorme estampado no rosto dela. Passou exatamente, 40 minutos e todos saem do quarto.
-E ai Doutor? -pergunto já nervosa.
-Pode entrar. Mas entre devagar, para não assustá-la.
Assenti e entrei. O rosto dela estava virado para o lado contrario do que eu estava e não dava para ver, coloquei minha bolsa na mesinha, encostei e beijei a bochecha dela, percebi que haviam retirado os aparelhos que para mim era o que a mantinha viva, mas se retiraram é porque ela teve uma grande melhora. Fiquei ali lendo um livro quando percebo um barulho no quarto, levanto meu rosto na direção da cama e vejo minha esposa se mexer, dou um pulo do sofá e encosto na cama, seguro a mão dela e a sinto ser apertada, com força, Lud de olhos fechados vira o rosto em minha direção e sorri, eu não estava acreditando no que estava vendo, lágrimas começam a descer no meu rosto, quando ouço a voz rouca que a muito tempo eu não ouvia.
-Brunna...
-Oi meu amoor.. -Falo já em prantos e a vejo abrir aqueles olhos lindos. - Meu Deus, você acordou! Você voltou pra mim.. - começo a chorar mais ainda.
-Senti sua falta. -Lud fala e fecha os olhos novamente, mas sem tirar o sorriso do rosto e ainda segurando minha mão com força.
-Meu amor, que susto você nos deu.
-Eu ouvia vocês, e não conseguia reagir, era horrível. Senti falta de vocês, faz um tempo que não ouço vocês, pensei que haviam me esquecido. -o sorriso dela desaparece.
-Nunca amor, nunca! Jamais te esqueceria. Mas nosso filho precisou de mim e da Luane, ele não estava sabendo lidar com essa situação e não estava deixando mais ninguém dormir quando eu ou a Luane vinhamos pra cá. Passamos três dias com ele e hoje vim te ver porque não aguentava mais de saudade. -Ela sorri novamente.
-Como eles estão?
-Morrendo de saudades de você.. Luna todos os dias dorme agarrada com a Jasmine, ela diz que a irma cheira igual a você.
-Quanto tempo estou aqui? O que aconteceu?
-Você sofreu um acidente de carro e ta aqui a 90 dias.
-Noventa dias? Foi tão grave assim?
-Foi. Pensei que tinha te perdido. Nunca mais faça isso comigo! Eu não vou aguentar outro susto desse. Agora vou chamar o médico, avisar que está acordada. -faço menção de sair mas ela segura meu braço e sorri.
-Ele já sabe. Já estou acordada desde ontem a noite. Fiz exames a madrugada toda, ele ia te avisar agora pela manhã, mas parece que você chegou antes. -Ela abre novamente os olhos. - quero ir pra casa...
-Vou conversar com o médico e ver quando posso te levar pra casa. -Dou um selinho nela. -Descansa.. -Saio do quarto a procura do médico, e o encontro na recepção do andar em que Lud esta internada. -Doutor, ela acordou..
-Sim.. quando avisei a ela que estava aqui, ela pediu para que não te contasse, mas ela acordou ontem a noite, foi uma surpresa para todos.
-Mas ela está bem?
-Sim, ótima na verdade. Esse tempo sem reagir foi bom para ela, se recuperou e agora tá novinha em folha.
-E quando ela pode ter alta?
-Hoje mesmo, como já tem 14 horas que ela acordou e não teve nenhum sintoma e nenhuma reação negativa, não vejo problema algum dela voltar para casa.
-Graças a Deus! Então posso arrumar as coisas dela?
-Sim, daqui a pouco vou lá para você assinar os documentos do plano de saúde dela. A enfermeira vai te acompanhar agora para retirar o soro.
Agradeci e sai dali com a enfermeira, ao entrar no quarto ela começa a retirar tudo que estava ainda colado no corpo da minha esposa e se retirou. O médico entrou e assinei os papéis e assim que ele saiu avisei a Lud que ela estava de alta, a minha pequena sorriu e se sentou devagar, ajudei-a a descer e se trocar. Passamos pelos corredores nos despedindo de todos ali, se tornaram uma grande família, todos cuidando da Lud, sempre com muito amor e paciência, não avisei ninguém em casa.
Seria uma surpresa para todos. Inclusive para nossos filhos que não foram para a escola hoje.
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O diabo veste Prada (Brumilla)
RomanceLudmilla Oliveira da Silva Uma empresária bem sucedida, linda, cobiçada por todos, porém, ela tem um gênio difícil, na Oliveira's , a empresa de moda dela, quase ninguém a suporta. Ela estava fora do País por um tempo e quem estava a frente era a...