Isolados

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 Lei ouviu sons de vozes se sobrepondo umas as outras em alguma espécie de algazarra e abriu os olhos.

A paisagem a sua frente era de fato linda, o sol estava ao ponto de se pôr no horizonte azul pacífico; ao longe a ilha podia ser vista com um pingo verde na imensidão aquática e por mais que aquele local onde veio parar fosse um porta aviões reformado contudo feito para guerra e não um navio de cruzeiro de turismo, ainda assim era grande, espaçoso e tinha lá seu conforto.

A verdade era que ele não podia reclamar do destino no fim: Já fazia uma semana que estava ali e não se recordava de estar mais relaxado ou descansado na vida. Não havia problemas, trabalho, sombras lhe perseguindo. Não havia nada que lhe perturbasse corpo e mente, fora suas questões pessoais de identidade. Contudo nem isso era irritante o suficiente para que não aproveitasse a oportunidade de dormir e aproveitar ao máximo a paz como gostava.

Ainda mais depois de seu pai concordar com o líder da equipe de segurança sobre se afastar por um tempo até tudo estar resolvido.

Assim ele estava experimentando férias ainda que estranhas, entretanto relaxante, embora não estivesse de nenhuma forma sozinho.

Todos os vinte e cinco seguranças estavam com ele, mas desde que chegaram naquele lugar... Eles pareciam diferentes, talvez mais relaxados e... Naturais, se pudesse definir. E de alguma forma também inexplicável, Lei foi ficando mais à vontade com eles também, principalmente por eles não usarem mais aquelas roupas pesadas e negras e sim cores coloridas, como se estivessem de férias também.

Quer dizer, nem todos. Embora não fosse o tal uniforme de exército ninja, Gun, Lana e Gulf permaneciam com roupas mais casuais contudo negras, lisas, quase assépticas. Tanto que ele já tinha se habituado aos três daquele jeito, as vezes sentia vontade de bater continência só por pura provocação. Só que não fazia, mas que tinha vontade, tinha...

Acabou sorrindo divertido.

Não foi nada como pensou, estava de fato se sentindo bem e tranquilo com eles, o que era uma grande surpresa já que não era de se sentir a vontade com pessoas, ele era naturalmente reservado, sabia que tinha problemas em desenvolver relacionamentos de qualquer tipo, porém com eles...

De alguma forma ortodoxa que não precisou fazer nada, aconteceu em meio ao contexto bizarro que se meteram desde o início.

Mas ele sabia... Que tinha que revisar a si mesmo sobre o fato de que, contra toda as possibilidades, ele se sentia atraído por alguns deles. E aquilo... Era confuso.

— Amo?

Um copo com suco surgiu na sua frente e ele ergueu os olhos para ver os do Mew acima. Ele estava esticado naquela cadeira de praia desde o pós almoço, de fato deveria estar com fome aquelas horas, mas nem percebeu... Contudo eles pareciam relógios ingleses.

— Obrigado.

Pegou o copo e logo tinha o segurança, que agora estava descalço, vestido de jeans e camisa florida, se sentando no chão ao seu lado. O local onde estava era um ponto do porta aviões que dava para o pôr do sol e por isso ele gostava do lugar.

— Ainda bem que Fluke teve a ideia de armar esse guarda sol aqui, se continuar nesse ritmo vai ficar todo bronzeado, amo.

— Hummmm não é má ideia.

Lei disse com um pequeno sorriso nos lábios, refletindo que nunca se deixou bronzear na vida e Mew deu um risinho fofo:

— Eu acho bonito, mas não sei se dupla cor seria legal – Ele lhe olhou de canto e Lei viu os olhos dançando em diversão – Para um bronzeamento bom teria de tirar a camisa.

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