Lei saiu da cama como um zumbi.
Faziam vinte e nove dias, quase um mês, e parecia muito mais.
Estava sem dormir direito, sem comer também, todos os seus sonhos de uma ou outra forma tinha aquelas pessoas envolvidas e ele foi percebendo pouco a pouco como meros poucos dias de convivência com eles mudou tudo em seu próprio mundo e dia a dia.
Demorou para perceber que não deixaram nenhum contato, nenhum e o número da empresa para o qual ligou em um lapso de desespero semana passada, que era o único contato que seu pai tinha para começo de conversa, disse que tinham mudado de equipe, ou seja, eles sumiram do mapa... E do seu alcance.
Ele sabia que tinha surtado, que ao invés de resolver a situação como um adulto racional, ele fugiu, outra vez. De novo, para variar... Só que dessa vez a situação era muito, muito pior do que foi com seu primeiro amor porque ele sentia... Que era algo mais real.
Algo que tinha lhe deixado mais relaxado, e lhe permitiu conhecer um outro eu que o fazia melhor. E ele estava apaixonado... Por homens também. No plural.
De fato, não havia mais gente lhe perseguindo, nada. Seu pai voltou para casa e juntos estavam trabalhando o máximo que podiam porque de fato corriam o risco de ir à falência, mas quando ele não estava focado no trabalho, não conseguia fazer mais coisa alguma.
Estava apaixonado e não sabia o que fazer com isso.
E aquilo o estava enlouquecendo.
E lhe deixando em frangalhos ao ponto de começar a pesquisar sobre relacionamentos poliamorísticos, empresas de alta segurança e gente perdida nas listas da Interpol.
Naquele dia, porém ele só queria ficar na cama e não sair, contudo não podia.
Tinha que ajudar o pai e mesmo se arrastando, como se carregasse o mundo nas costas, foi até o escritório só para ver seu pai também com a roupa amarrotada, camisa meio aberta e cara de desolado, sentado na poltrona da janela com as mãos na cabeça.
— Pai?
— Não tem jeito, Lei, vamos falir. As dívidas são muito altas, não vamos conseguir.
Lei não se mexeu, não conseguia, simplesmente estava vazio demais para pensar em algo. Então seu pai suspirou e ergueu os olhos para si. Ele também parecia insone.
— Eu ouvi falar em um homem que empresta altos valores em troca de negociações diversas. Eu marquei com ele como último recurso, mas não sei se conseguirei ir nessa reunião... Eu... Estou exausto, meu filho.
— Tem a ver com as pessoas perigosas que a mamãe conhecia?
— Não, não... – Seu pai suspirou alto – É gente da Austrália, até onde eu sei. Temos muitos empregados Lei, não posso desistir sem tentar uma última vez... Temos bens que podemos vender, mas não vai cobrir, precisamos de empréstimos por outra via, os bancos me negaram tudo, você sabe.
Ele sabia sim.
— Pai...
— Ele está em Tapei e aceitou me receber. Você poderia ir no meu lugar? Ele marcou em uma capela famosa e turística, é seguro, eu verifiquei...
Lei assentiu. Confiava em seu pai, claro que iria...
— Sabe o que ele pode querer de nós?
— Não adiantou nada a fonte que eu consegui entrar em contato, mas garantiu que é lícito. Se não fosse eu jamais deixaria que fosse em meu lugar...
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Can's Angels
FanfictionDe dia eles eram três inocentes pets de duas donas poderosas, mas a noite eles eram caçadores implacáveis de vilões que tentavam se infiltrar em seu mundo.