A última

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Eu prometi que não escreveria mais nada sobre ti, mas minha terapeuta me aconselhou a escrever a história, ou melhor, a nossa história. Conheci você com meus treze anos, a paixão avassaladora e imatura da vida vida. Você tão bela e madura, não deveria ter se envolvido com uma garota, ou pior, uma criança.

A forma como sorria para mim, me dava borboletas no estomâgo e fazia suspirar. Me lembro de escrever em meu diário que estava me apaixonando por você e por cada detalhe teu. O dia em que fomos andar de patins e eu ralei meu joelho, e você cuidou de mim. Seus beijos me saravam e me davam esperanças. Eu chegava a sonhar com nosso casamento e tudo o que tivesse direito. Mas eu fui ingênua, eu era uma criança e você entrando na vida adulta. 

A nossa primeira noite foi mágica, literalmente sobre as estrelas, aquelas que a gente gruda no teto e nunca mais sai. Você teve todo o cuidado comigo e eu me entreguei de corpo e alma a ti, me sentindo protegida. Na manhã seguinte, eu aprendi como você gostava do seu café. Bem quente e com pouco açúcar. Inclusive, comecei a tomar a café com você.

Eu tocava violão e fazia mil serenatas de amor, afinal a melhor parte do meu dia, era ver o seu sorriso. Eu era a sua pequena. A sua menina. Na sua formatura, nós dançamos, mesmo com todos olhando e alguns nos julgando, mas você não se importou com isso. Cada momento que passávamos juntas, você me tocava e fazia delirar, com a sua boca me fazia cantar, e com seus dedos, ai com seus dedos. 

Tudo era resolvido com sexo, e isso começou a nos desgastar. Por mais que eu te amasse, da forma mais pura, e me dedicasse a ti, nada bastava. Minha amarga, Catarina. Eu te amei como ninguém, mas você partiu e levou meu coração junto. Mas como eu disse para minha terapeuta, essa é a última que escrevo sobre ti.

Eu notava seu comportamento estranho e eu não sabia o porquê. Tentava te ajudar de todas as formas, mas é difícil ajudar quem não quer ser ajudado.

Os dias foram de passando e você só me procurava para consolo. Fosse nas minhas palavras, fosse no meu corpo. Mas eu estava feliz por te ter ali.

Eu olhei em seus olhos e implorei para me fizesse sua Afrodite, mas eu não fui. Nunca fui sua deusa. Até ontem eu me perguntava "Por que não deu certo?", então me lembrei. Você não quis. Você partiu. E ainda sorriu para mim.

Eu só posso dar graças a deus por seguir em frente. Por conseguir diminuir o amor que eu tinha por ti. Desejo que seja feliz, com seus amores e dores. Por que eu mudei de casa, e essa você não saberá o endereço nem a cor.

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