Quando minha mãe falou que dava pra ficar mais um tempo ela não foi tão especifica assim, eu tinha apenas mais uma semana ali. Me peguei várias vezes ansiosa por querer que aquele tempo durasse mais, mas não era hora de pensar demais... Uma semana, só mais uma semana, eu precisava aproveitar bem.
E foi isso que eu fiz, aproveitei cada segundo, e aquela semana foi definitivamente uma das melhores aqui, ou de toda minha vida, se eu arrisco dizer.
Fomos só eu Chico e nossos amigos para a festa, achei que a festa passada seria a ultima, mas me enganei, ainda tinha mais uma. Curtimos e nos divertimos muito, e vocês não vão acreditar no que aconteceu...
— Gente, aquilo ali é uma barraca do beijo?
Ali, num canto nem tão distante, umas barracas diferentes estavam montadas. Não estavam muito cheias, mas notamos que estavam ativas.
— É sim, nega. — Dudu confirmou, abrindo um sorriso malicioso. — E Sandinha, acho que aquele menino ali ta te secando...
Todos nos viramos pra olhar, um garoto alto e magrelo a encarava, sorrindo. Dei uma cutucada nela com o cotovelo.
— Ihhh Sandinha! — Brinquei. — Tá podendo, hein?!
— Nada a ver, 'véi... — ela deu uma risadinha nervosa. — Não tá me olhando não, aquele menino é muito bonito pra mim, 'cês tão viajando.
Chico deu um estalinho com a boca.
— Deixa de ser lerda, mulher! — reclamou ele. — Olha o menino te olhando ali! Vai lá falar com ele!
— Não gente, que isso... — respondeu, envergonhada. — Não é comigo não...
Ela parecia insegura, mas demos uma insistida até encher o saco dela. Ela me lançou um olhar no meio daquilo tudo, esperando que eu fosse entender, não entendi. Mas ai ela olhou pra Tom ali o lado dela e acho que eu saquei o que ela queria dizer.
Eu tinha contado pra ela mais cedo sobre Dudu e Tom, foi um choque pra ela, coitada... E eu sabia que ela gostava dele, mas pelo menos assim seria mais fácil pra ela superar, se ela pensasse que independente do que ela fizesse, ela não tinha chance... É meio triste mesmo, parando pra pensar.
Quer saber?! Sandinha não pode ficar se sentindo assim pra sempre, chega dela ficar se sentindo segunda opção. Já deu, ela precisa entender o valor dela. Decidi agir.
— Sandinha, escuta aqui. — parei na frente dela e comecei a falar sério. — Você é linda, você é incrível e não merece ficar sofrendo assim! — Expliquei, seus olhos estavam arregalados. — Olha, tem um menino bonito ali te olhando, você achou ele bonito?!
— Sim, mas...
— Nada de mas! — interrompi-a, virei em direção a barraca do beijo, o menino realmente encarava ela. — 'Ta vendo?! Ele ta te olhando sim! Qual é, você não vai deixar essa oportunidade escapar, não é?
Ela suspirou.
Bem... Como dizer? Ela não quis, acabou teimando de que ele tava olhando era pra mim e que não ia falar com ele.
Mas claro, como os bons amigos que somos, nos empurramos ela ali pra cima dele.
— O que vocês tão fazendo?! — ela reclamou, enquanto era puxada até a barraca.
— Você vai me agradecer por isso depois. — declarei, dando uma ultima empurrada até ela chegar perto da barraca do beijo cambaleando.
O menino a encarava apoiado na barraca, o cabelo crespo em um topete e a blusa quadriculada vermelha se destacando com sua pele bem escura. Sandinha estava parada ali, sem dizer uma palavra, ele sorriu.
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Xote de Itaperã
Ficțiune adolescențiLuiza encontra-se inconformada ao planejar seu mochilão incrível para Chapada Diamantina com seus amigos, só para ser interrompida de última hora por seus pais, que falam que na verdade ela terá que passar as férias em Itaperã, o interior de fim de...