Lolito - Literatura LGBT

Capítulo 2

Após Bruce explicar suas intenções, de contratar Yuri, para o senhor Lancaster. Donald abriu um sorriso largo, mostrando que aprovava a ideia.

- Fico feliz com sua escolha. Eu gosto do garoto. Não dê ouvidos aos falatórios sobre ele, ele é um bom garoto, honesto e sempre respeitou a mim e minha filha. Não me importa que ele seja maricas. – Bruce se espantou com a forma a que o patrão se referiu a Yuri, Maricas, mas se lembrou que o homem era um senhor e que mesmo se referindo a ele assim, demonstrava respeito.

- O senhor não precisa se preocupar com isso. Eu já conheci o rapaz e posso garantir que ele demonstrou total respeito e interesse pelo trabalho. Eu não ligo para falatórios.

- Ele é um respondão, acostume-se a isso. Rá, mas eu adoro vê-lo deixar as pessoas sem palavras, ele não leva desaforo pra casa Bruce. Uma vez, vieram uns peões de outra fazenda, eu havia vendido uns mangas-largas pra lá, eles vieram buscar. Ele passou na hora que os homens estavam tomando uma fresca. Ele estava usando uma calça justa, mas era justa mesmo e o infeliz do peão resolveu se engraçar com ele.

- Tenho até medo de perguntar o que aconteceu...

- O que aconteceu? O sujeito perguntou assim: Você é tão apertadinho quanto essa calça princesa?

- Meu deus! – Bruce colocou a mão no rosto, sentindo vergonha por Yuri.

- Ele não se abalou. Foi até o peão e disse: Eu não sou mulher pra ser princesa, se eu fosse uma, seria uma bruxa e te transformaria no sapo que você já é.

- Ele é corajoso pra enfrentar o peão.

- Não acabou. O sujeito achou que ele estava falando aquilo pra fazer charme e segurou ele pela cintura.

- Espero que alguém tenha batido nesse peão.

- Sim bateu. O próprio Yuri. E não foi tapinha não. Ele derrubou o homem, montou na barriga dele e continuou socando a cara do peão, ele gritava que se alguém mais quisesse colocar a mão nele, iria ficar sem os dentes como aquele sapo gordo. Ele só parou quando eu o tirei de cima do homem.

- Meu deus! – Bruce colocou novamente a mão no rosto, só que dessa vez, sentia vergonha pela humilhação do peão.

- Não se assuste com isso, ele só reagiu ao atrevimento do homem. O peão teria apanhado de qualquer jeito, por que Jack e Frank já estavam correndo para lá. Ele é um excelente garoto, muito inteligente e rápido de raciocínio. Eu gosto de me sentar na varanda e conversar com ele.

- Vejo que o senhor gosta mesmo dele.

- Sim, bastante, mesmo que Alicia implique com isso. Ela já ouviu algumas de nossas conversas e não gosta que ele fale que vai se casar com um homem. É impressionante como os filhos podem ser mais conservadores que seus pais. Eu não me importo com nada disso, até por que, ele faz questão de dizer que só fará essas coisas com o marido que ele espera. Mesmo sendo tão inteligente e destemido, o pobrezinho é um sonhador romântico. Espero que ele não se decepcione com esse homem que ele sonha encontrar.

- Pelo visto, o senhor também já teve decepções amorosas.

- A maior delas, meu caro Bruce, foi minha falecida esposa, não por ela, mas sim por que a vida a levou de mim muito cedo.

- Eu sinto pelo senhor.

- O seu caso é pior, com todo o respeito, já que você me contou. Mas quem sabe o jovem Yuri encontre um homem bom e você possa se recuperar de suas dores. Vamos avisar a Esther? Se bem que aquela velha curiosa, deve estar atrás da porta ouvindo. Não é Esther? – Ele gritou no final.