Capítulo 15

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- O que você faz aqui?

- Eu vim te perdoar e... agradecer.

- O que? Você veio me humilhar. Vá embora.

- Antes você vai me ouvir Otto. Eu odiei você por tanto tempo, por ter me traído e destruído minha vida com a Lidya. Mas eu te odiei mais, por você ter tentado machucar o Yuri, com ela vocês dois estavam de acordo, com ele você tentou ser um bandido mais cruel...

- Ele é cruel e é bem feito pra você estar com ele.

- É sorte minha estar com ele, espero que com ele, você tenha aprendido a não se enganar com as pessoas, ele sim te humilhou.

- Vá embora!

- Não ainda. Eu te perdoo, por tudo. Eu vou começar minha vida com ele, vamos nos casar. – Otto fez cara de deboche. – Pode rir, eu o amo e ele me ama, não me envergonho disso, não mesmo.

- Já acabou?

- Não. Eu ainda preciso te agradecer. Foi difícil, doeu muito, tudo o que você me fez, mas se aquilo não tivesse acontecido, eu nunca teria encontrado o Yuri, estaria preso a uma vida medíocre ao lado de uma pessoa que nunca me respeitou ou me amou o bastante. Eu também já perdoei a Lidya, pois quero começar minha vida ao lado dele, sem nenhum peso do passado, minha vida agora, só tem lugar para a felicidade que ele me dá.

- Com um viado? – Otto começou a gargalhar.

- Não Otto. Com uma pessoa, a melhor pessoa que existe neste mundo, que olha pra mim e me faz acreditar que eu tenho o direito de ser feliz e é o que eu vou fazer, ser feliz ao lado dele. Espero que quando você consiga sua liberdade, você tenha aprendido a ser uma pessoa melhor. Adeus Otto! – Bruce se levantou e foi embora.

- Você está bem? – Jack perguntou quando ele entrou no carro.

- Agora estou. Eu precisava me libertar disso... eu não quero nada interferindo em minha vida com o Yuri.

- Ele sabe que você veio fazer isso?

- Não. Deus me livre, imagine o chilique que ele daria, ele iria querer que eu batesse mais no Otto.

- Você não vai contar?

- Você sabe que eu vou, sem segredos Jack, essa é a chave da nossa felicidade.

...

- Você quer falar comigo ou não Yuri? – Donald perguntou, após vários minutos vendo o rapaz parado do lado de fora de seu escritório.

- Quero... é que eu não sei como... – Ele respondeu entrando constrangido.

- Pois agora é que eu quero ouvir, por que isso é novidade.

- Bom... é que o Bruce me disse pra escolher como eu quero o casamento...

- E?

- Eu sempre sonhei em me casar, mas.... – Ele ficou mudo.

- Qual é o problema Yuri?

- É que eu não sei como é o casamento de dois homens... – Donald soltou uma gargalhada.

- Esse é o problema?

- Bom, é que não deve ter um padre que faça um casamento assim, não é?

- É, acho que não tem, mas vocês não precisam de um.

- Não? Mas quem faz o casamento então?

- Um juiz de paz, ele é quem oficializa a união e é conforme a lei.

- Então não precisa ter igreja?

- Claro que não.

- Graças a deus.

- O casamento pode acontecer em qualquer lugar, inclusive na praça da vila, mas eu gostaria que vocês fizessem aqui nos jardins da casa, eu ficaria bem contente com isso.

- Então será aqui... – Ele baixou a cabeça pensativo.

- O que foi agora?

- Tem mais uma coisa que eu quero saber... Tem um lugar que ele fica me esperando entrar, é assim?

- Isso, nós podemos montar um arco com flores, você já deve ter visto em filmes.

- Já vi, isso quer dizer que eu devo entrar e ir até ele...

- Você está com vergonha? Nem parece você Yuri.

- Não... é que eu queria pedir uma coisa pro senhor...

- O que é?

- Será que o senhor entra comigo e me leva até ele?

- Eu? – Donald precisou se controlar emocionado.

- Tudo bem, eu entendo se o senhor não quiser...

- Nada me daria mais orgulho que te acompanhar Yuri. – Donald foi até ele e o abraçou. – Só me prometa que você vai ser feliz.

- Eu já estou sendo.

...

- Sua mãe estaria tão orgulhosa e emocionada como eu estou filho. – Esther falou enxugando as lágrimas.

- Mesmo eu sendo gay e me casando com um homem?

- Sua mãe amava você, ela nunca ligaria pra isso, isso é besteira Yuri. Você e o sen.. Bruce se amam, não importa se são dois homens, amor é amor, ela estaria feliz por você ter encontrado o amor.

- Vó, eu sei que não é hora de falarmos disso, mas... ela foi feliz com meu pai?

- Sim filho, ela amou seu pai, muito e quando ele morreu num acidente, ela estava grávida de você, ela se apegou ao amor que ele havia deixado no lugar, você. Infelizmente ela teve um câncer e não sabia, nós só descobrimos por causa do parto. Ela tentou muito lutar e ficar com você, mas a doença venceu, acho que seu pai veio busca-la, ele também a amava.

- Por que as pessoas daqui não sabem quem ele é?

- Por sua mãe ser uma mulher tão linda e provocante como você é. Você herdou isso dela. As pessoas daqui a achavam, bom, o mesmo que achavam de você, só que para uma mulher. Seu pai era de outra cidade e eles iriam se casar, ela o apresentaria no casamento, mas nada disso aconteceu. Eu achei que seria melhor que ninguém soubesse quem ele era, assim eu preservei a magia que ela exercia nos homens e que você também exerce.

- Vó, a senhora acha que eu vou fazer o Bruce feliz?

- Eu não tenho dúvidas filho.

- Mesmo eu não sendo uma mulher, não podendo dar um filho pra ele, as pessoas falarem de mim...

- Yuri, ele sabe de tudo isso, mesmo assim ele te ama. Você é jovem e tem a vida toda pra fazê-lo feliz. Você está feliz?

- Muito. Mas eu tenho medo de estragar tudo... A senhora sabe que eu falo o que vem na cabeça, que não aceito desaforo, que...

- O ama e está mostrando isso se preocupando em fazê-lo feliz. Eu vou te contar uma coisa, a Anne conversou com ele.

- Eu lembro, mas ela nunca me contou.

- Mas pra mim sim, e o mais importante dessa conversa filho, foi ele dizer que te ama exatamente como você é, e que nunca iria muda-lo, por isso Yuri, eu sei que ele te fará feliz e será feliz a seu lado.

- Obrigado vó, por me apoiar e me aceitar...

- Eu te amo filho.

- Eu também te amo vó.

- Vamos? Está na hora.

Lolito - Literatura LGBTOnde histórias criam vida. Descubra agora