Lolito - Literatura LGBT

Epílogo

Yuri estava agitado e nervoso, dando orientações para a equipe que organizava a decoração da festa, ele queria tudo na mais perfeita ordem, havia planejado tudo nos mínimos detalhes durante os últimos meses, agora olhava atento se tudo estava como queria. Pegou um porta-retratos com a foto do dia mais importante de sua vida, ficou parado olhando e nem percebeu Bruce chegando, ele o abraçou por trás e suspirou em seu ouvido.

- Por que essa carinha distante? – Perguntou amorosamente.

- Você se arrepende?

- Nem por um milionésimo de segundo. Eu te amo mais e mais.

- Mesmo depois de dez anos?

- Cada dia mais. O que foi? Por que essa melancolia?

- É que eu olhei essa foto, do nosso casamento, vi minha avó... eu queria que ela estivesse aqui, que conhecesse o Adan, acho que ela ficaria feliz-.

- Ela está feliz, onde estiver. No dia do nosso casamento, ela me disse que nunca se sentiu tão feliz e que sabia que nós seríamos felizes.

- Ela chorou muito aquele dia.

- Eu também e fico emocionado só em lembrar.

...

Bruce estava com o coração acelerado, esperando que Yuri entrasse pelo tapete vermelho, que havia sido estendido sobre a grama. Nem quando se casou com Lidya ficou tão apreensivo. Quando viu o rapaz, de braço dado com Donald, teve certeza que ele era um homem de muita sorte.

Yuri vestia um terno azul claro perolado com as mesmas flores e borboletas, de sua tatuagem, bordadas em dourado, a calça justa marcava todo seu corpo, e que corpo, pensou Bruce. Quando Donald, emocionado, entregou Yuri pra ele, ele o beijou na testa e o elogiou.

- Você está mais lindo que nunca.

- Obrigado. Você também. Gostou do bordado?

- Está lindo, mas eu gosto mais do desenho original, que só eu posso tocar.

- É em homenagem ao dia que você finalmente me aceitou.

- Não, o dia em que você teve certeza que eu te queria, pois eu te aceitei no momento em que te vi, conversando com a Violet, quando fui conhecer a casa, eu só estava confuso...

- E com tesão. – Yuri o beijou, mordendo seu lábio.

- Sempre.

- Podemos começar? – Anne os interrompeu.

Ao juiz de paz, coube apenas o papel protocolar, assinaturas e documentação, pois quem realizou a cerimônia foi Anne.

- Amigos e familiares, estamos aqui hoje para celebrar o amor. Um amor que nasceu antes mesmo que eles se conhecessem, pois eu sei que um sempre sonhou em encontrar o outro. Coisas ruins aconteceram na vida de cada um, mas quis a vida que o amor vencesse. O mundo não sabe que o amor é melhor que o ódio, por isso, muitos vivem uma meia vida, mas esses dois, eu sei que terão uma vida plena. – Ela fez um sinal para que Bruce começasse a falar.

- Yuri, meu amor verdadeiro. A Violet me disse que era pra eu ser criativo e romântico que você gostaria, mas eu resolvi ser apenas o Bruce. O seu Bruce. Eu sou seu, espero que você já saiba disso. Eu não me importo de ficar te olhando com cara de bobo apaixonado, eu te amo e não me importo que todos vejam isso. Você me mostrou que amar é a coisa mais libertadora do mundo. Por isso não ligo que todos saibam que sou louco por você. De todas as maneiras. Eu nesse momento entrego, na frente de todos, minha vida pra você, pois quero passar o resto dela ao seu lado. – Ele terminou chorando e fazendo Yuri chorar também.

- Eu sabia que você ia me fazer chorar. – Ele falou soluçando. – Bruce, você foi um sonho que eu criei, o sonho mais importante que eu já tive, mas você é real, não um sonho e sendo real é muito melhor do que tudo que eu imaginei. Eu quero que você saiba, que farei todo o possível pra te fazer feliz.

- Você já me faz feliz. – Ele o interrompeu chorando.

- Eu prometo que te farei mais. – Bruce nem esperou mais nada, simplesmente o beijou.

- Não era hora disso ainda. – Anne protestou.

- Desculpe! – Bruce falou corado.

- Bruce e Yuri, essa cerimonia apenas representa o amor, vários amores, ela também representa a liberdade de amar. Pessoas com corações tão grandes como o de vocês precisavam ser celebradas. Obrigada por dividirem esse amor com todos aqui. Agora coloquem as alianças. – Pediu Anne. – Pode beijar. Vamos lá meu filho, não temos a noite toda. - Os dois finalmente conseguiram concluir o beijo. - Agora eu abençoo esse casamento em nome de todos que amam vocês e declaro vocês casados. - Disse sorrindo, fazendo todos aplaudirem.

...

- Papai! Papai! – Adan chegou correndo, interrompendo as lembranças dos dois.

- O que foi filho? – Yuri falou pegando o menino no colo.

- A tia Violet tá "segano"...

- E o que será que a tia Violet veio fazer aqui?

- Veio pa festa. Do nenê.

- Mas você não é mais um nenê, você está fazendo três anos, já é um mocinho e a festa também é do papai.

- O papai "tamém" é mocinho?

- Não filho, esse seu pai aqui está ficando velho. – Bruce respondeu fazendo um carinho na criança.

- O papai num é velho.

- Viu? Até nosso filho sabe disso. Só você que continua com essa coisa da idade.

- Como ele pode ser tão parecido com você?

- Por que ele é nosso filho. Não importa que não tenha nascido da gente e ele tem muito de você também.

- Eu amo vocês, sabia? Por toda a eternidade.

FIM