Enquanto passam as horas e se arrasta a insônia, impedindo que me pesem as pálpebras, a pele queima e essa febre não passa, o vento soa lento, ainda vibrando seu nome pela folhagem da árvore lá fora, num jardim quase inerte, relegado à sombra da ausência do luar, razão de cores em fogo ardente, das noites em que me aqueciam tuas palavras sob a luz de uma lua que me é saudosa, luzindo além de mero sol da madrugada, a divindade presente nos sorrisos que me lembram o que me dizes, sobre o perceber de cheiro divino nos sorrisos. Provocas as coisas mais divinas que habitam em meu âmago, e eu me redimo diante da nossa história, a cada dia, a cada noite, até mesmo nas madrugadas em que me rasgo a alma em palavras para que você sinta que é por ti, sempre foi e será. E por ti, me faço a valsa que não aprendi a bailar ainda, mas componho a harmonia em versos, no silêncio do meu quarto, mesmo com os sussurros das folhas no jardim, eu uivando seu nome. O frio do deserto sólido não resfria o ímpeto de saudade cálida ruborizando minha face, queimando meus nervos, veias e toda minha epiderme. Dói, mas a dor purifica-me a alma.
Enquanto meu peito é abatido pela lembrança da volúpia de nossas noites sob a lua cálida, naquele canto que somente nós sabemos, enquanto minhas veias entorpecidas dos acordes de bandolins vadios que soam ao som da noite em que nossos corpos faziam-se uma só, peles unidas pela volúpia incandescente, onde a sordidez se desfazia em pétalas de luz noturna, minhas mãos nas tuas delicadas mãos de dedos lânguidos e sensíveis, seguravam minhas espáduas delicadamente, de repente tomando força e me encravando as unhas firmes pela minha pele delineando com arabescos minhas costas, enlouquecendo minha cabeça já a ponto de bala, certeira me atingindo como um raio, a dor lancinante que me causara tua ausência, agora sufocada pela tua presença tão aguda, se fortalecendo enlace dos meus dedos no emaranhado dos teus cabelos castanhos, eu te prendo nesta minha carícia abrupta, ao mesmo tempo que meus lábios domam teus beijos selvagens, nossos corpos tomam uma dança nossa a se fundir em um calor lascivo, único para nós tão doce quanto a fruta mais proibida, a mim permitida, teu gosto, um sabor que eu não posso negar, sabor de amar.
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Versos do Coração Selvagem
PoetryUm das mais autênticas e exuberantes formas de expressão literária é indubitavelmente a Arte Poética. Nela expomos nossos sentimentos mais íntimos, do âmago à superfície, das sombras da noite à luz do amanhecer perpassando pelas nuances da vida até...