Olá!
Como está escrito na sinopse, essa será uma short-fic com seis capítulos, todos eles estão escritos e eu vou postando-os no decorrer da semana. Caso queira me encontrar no twitter para conversar sobre a história, meu @ é lwjuxian e eu resolvi fazer uma tagzinha para ela que é #linhastenuestk ;)
Aproveitem!
Sempre considerei a minha vida como um quadro branco: pronto para ser pintado pelo mais incrível dos pintores. É claro que, quando eu era mais novo, não tinha chegado à conclusão de que o bendito pintor teria de ser eu mesmo. Isso foi frustrante de perceber quando cheguei aos dezoito anos e a vida não era como nos filmes dos Estados Unidos.
Quase sendo chutado do Ensino Médio, eu precisava de um rumo para minha vida, era isso que meus pais e todo mundo falava. Acabei sendo o orgulho da família quando disse que passei em Medicina em uma das melhores faculdades da Coreia do Sul, com bolsa de cem por cento e notas incríveis, e o desgosto quando larguei a carreira antes mesmo dela começar porque percebi que não era o que eu desejava.
E isso só me levou todos os anos do curso para perceber.
Com quase vinte e cinco anos completos (ficará para a imaginação se é internacionalmente ou na idade coreana), eu precisava me redescobrir, saber quem eu realmente era. Acho que, para ser sincero, ainda não cheguei numa conclusão disso e não tenho certeza se algum dia vou chegar. É engraçado parar para pensar nisso, nós passamos a vida inteira a procura de quem somos, às vezes em outra pessoa, com a desculpa de que só seremos completos estando em um relacionamento, mas, sendo sincero, dizer que toda sua felicidade vem de um relacionamento ou de outra pessoa é algo triste de se pensar. Outras vezes acontece de se jogar em situações malucas e tentar, tentar e tentar.
Mark Twain diz que "a vida seria infinitamente mais feliz se pudéssemos nascer aos 80 anos e gradualmente chegar aos 18", mas eu sempre acreditei no contrário, de que nossa vida é extremamente mais feliz quando chegamos ao fim dela, velhinhos, lembrando de todos os nossos momentos de juventude, de todos os caminhos que percorremos até chegar naquele ponto para que, finalmente, percebemos o que realmente valia a pena e até mesmo sermos capazes de dizer que finalmente encontramos quem somos.
Bem, isso acontece quando você está lá para ver esses momentos. Infelizmente, algumas pessoas morrem antes de atingir a terceira (ou quarta?) idade, mas não é o caso da minha mente divagadora. Ainda sou jovem o bastante para poder me questionar e não me preocupar com a velhice, muito menos com cabelos brancos aparecendo em minha cabeça, mas estou pensando sobre a morte porque o quadro em minha visão tem três ceifadores pintados, todos eles estão tomando conta de plantinhas e o maldito quadro é chamado "O Jardim das Flores".
É irônico se você parar para pensar. Flores remetem à vida, ceifadores, à morte. É uma tremenda antítese e me faz pensar que tem mais de um ano que eu larguei a faculdade e não faço a menor ideia do que quero fazer - e também que deve ter levado um tempão até aqueles ceifadores perceberem que preferiam cuidar de plantas do que levarem almas para o céu ou o inferno, não que eu acredite em algum desses lugares, ou até mesmo que eles não existam, mas é melhor eu parar de pensar nisso do que começar a criar caraminholas na cabeça.
E eu penso nisso como se meu cérebro já não fosse cheio delas.
O quadro é bonito, deve ter sido pintado alguns séculos atrás e a pintura ainda parece fresca. Eu sei que é o quadro original porque ouvi o organizador da exposição falando do meu lado, não deve ter percebido minha presença porque costumo ser uma pessoa quieta demais, e também porque já faz quase uma hora que estou encarando esse bendito quadro. Ele me fascina de um jeito que eu não entendo, talvez eu ache graça do jeito que os ceifadores parecem caveirinhas usando sobretudo enquanto cuidam das plantas, isso traz um destaque junto com o fundo, que é bege demais e me faz lembrar da historinha de Platão.
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Linhas Tênues | TAEKOOK
أدب الهواةEntre um questionamento sobre quem ele realmente é, Jeongguk conhece Kim Taehyung em uma exposição. Ele é um pintor que desapareceu séculos atrás e parece fascinado pela vida contemporânea. Eles são opostos: Jeongguk observador e Taehyung explorador...