O quadro a minha frente é confuso. Parece que retrata uma cidade em formas geométricas e, ao mesmo tempo, parece apenas um amontoado de triângulos, círculos e retângulos. Ou talvez eu estivesse apenas sonolento demais por ter ficado estudando até tarde por conta do meu emprego que está por vir. Como eu sabia que estava estressado demais disso tudo, consegui encontrar alguns ingressos para exibições especiais de verão e nem me preocupei em checar quais eram os temas ou os horários que iriam acontecer. Gostava de surpresas, mas não acho que seja meu forte tentar decifrar um quadro às oito horas manhã.
Por ser uma terça-feira de mês de férias, a galeria estava praticamente vazia. Era triste de pensar que as pessoas não valorizavam a arte tanto assim, não consideravam que, observar quadros, era um tipo de lazer. Lembrava-me de alguns colegas da faculdade que viviam zombando de formandos de artes, dizendo que "ninguém vivia de arte"; e eu sempre tinha vontade de dizer que tudo que existe ao nosso redor é formado por arte.
Música, fotografia, atuação, literatura... É tudo arte. Me pergunto como alguém não sabe que, até a roupa que usamos é vinda de artistas. O mundo não seria o que conhecemos hoje em dia sem ele e é triste ter a consciência que boa parte das pessoas não percebe isso.
Um segundo depois de sair do banheiro público da galeria, eu sinto meu celular vibrar dentro do bolso de minha calça. Era pouco mais de dez horas da manhã e eu duvido que fosse Seokjin hyung me perguntando sobre o almoço. Meu coração quase sai do peito ao perceber o nome de Taehyung estampado na tela e, bem, nisso, meu celular quase vai ao chão.
tae hyungie:
Oi
Onde você tá? Eu tô aqui no apartamento e ele tá vazio
Achava que suas aulas tinham terminado?
Eu umedeço meus lábios, tentando controlar a suadeira que surgiu em minhas mãos por estar nervoso. Faz um mês que não falo com Taehyung, as últimas notícias que tive foram as palavras de Jimin e seu bilhete amassado, apesar de eu jurar tê-lo visto em um McDonald's e na biblioteca algumas vezes. Agora é julho, início do mês na verdade, e eu mal consigo acreditar que tanto tempo passou em um piscar de olhos.
Encaro as mensagens do lado de fora da galeria. É manhã ainda, mas o sol está forte e preciso forçar meus olhos mais ainda para enxergar a tela. Não consigo acreditar no que estou lendo, muito menos que Taehyung veio atrás de mim.
Jeonggukie:
Oi, hyung
Eu tô num ponto de ônibus
Voltando pra casa
A resposta demora mais do que poucos segundos e não consigo parar de pensar em Taehyung, sentado no braço do sofá esperando que eu desse algum sinal de vida. Isso faz meu coração bater mais forte em ansiedade.
tae hyungie:
Tudo bem,
Tô esperando por você
Isso faz com que eu engula seco e guarde meu celular de novo, sem respondê-lo. Acho que Taehyung quer conversar. Ele não teria me mandado mensagem ou ido até o apartamento se não quisesse, mas aí, chego em outro problema: eu não sei o que dizer a ele a não ser "me desculpa por não ter levado seus sentimentos e sua opinião em consideração" e eu espero que seja o suficiente.
É, com quase toda certeza do mundo, meu dia de sorte porque o ônibus não demora mais do que cinco minutos para passar e ele está quase vazio por ser fora de horário de pico. Eu escolho um lugar ao lado da janela e coloco meus fones de ouvido, deixo minha playlist no aleatório que olho para o lado de fora enquanto o motorista dirige pelo bairro.
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Linhas Tênues | TAEKOOK
FanficEntre um questionamento sobre quem ele realmente é, Jeongguk conhece Kim Taehyung em uma exposição. Ele é um pintor que desapareceu séculos atrás e parece fascinado pela vida contemporânea. Eles são opostos: Jeongguk observador e Taehyung explorador...