Terceira pintura

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Olá! Muito obrigada por todos os votos e leituras <3



Quando Taehyung me disse, três dias depois de receber seus documentos, que iria voltar a pintar e queria minha ajuda com isso, eu não acreditei muito nele. Afinal, quem é que valorizava artes plásticas hoje em dia se elas não fossem realistas e totalmente antigas? (Se não acredita em mim, pergunte o que qualquer amigo seu pensa das obras do modernismo e compare com a opinião da mesma pessoa sobre uma do renascimento, só uma dica).

Hoje em dia ele estava mais acostumado com o século vinte e um, fazia um mês que estava rodando pela cidade de Seul e já até se arriscava sozinho e conseguia não se perder. O meu grande susto foi por encontrá-lo na rua, no meio de um mercado aberto, pintando o retrato de uma garotinha de dez anos de idade enquanto os pais dela estavam com um sorriso enorme no rosto. Tive que espremer meus olhos para ter certeza que era ele ali mesmo, eu estava cansado, tinha dado aulas desde cedo naquela manhã e passei praticamente a tarde inteira com meu orientador da faculdade porque Taehyung tinha entrado na minha mente com seu papo de lecionar — coisa que eu realmente nunca tinha pensado e eu amava ver todos aqueles pirralhos entendendo o que eu estava ensinando, então, pensei por que não?

Em resumo: eu estava cansado, eram quase sete horas da noite (estava cedo porque era verão) e jurava que via coisas. Cocei meus olhos, e me aproximei mais um pouco da onde os quatro estavam. Aqueles cabelos acinzentados e os olhos diferentes não me enganavam: era Taehyung ali. Ele não estava na pintando, mas sim recebendo o dinheiro pelo trabalho que havia feito do pai da garotinha.

Eu o encaro, desconfiado. Ele me olha de volta, assim que a família vai embora, e abre um sorriso gigantesco enquanto chama meu nome. E meu coração derrete porque eu sou fraco por sorrisos e homens bonitos.

— Jeonggukie! Não sabia que você ia aparecer por aqui, — ele completa assim que eu me aproximo. — Eu já vendi vários quadros e... sabe aquele senhor que estava aqui antes de você chegar? Ele é dono de uma galeria de arte que tem um projeto de divulgar trabalhos de artistas independentes que estão começando e...

Ele coloca a mão no bolso, tira um cartão preto e amarelo do bolso e entrega para mim. Eu umedeço os olhos e observo todas as letrinhas, reconhecia o nome da galera porque já havia visitado-a antes, mas não sabia sobre o projeto. Fiquei um pouco desconfiado, mas o cartão parecia ser legítimo então devolvi-o para Taehyung na mesma hora.

— Não sabia que você estava pintando por aqui, hyung, — comento ao vê-lo guardar o cartão novamente. Suas roupas simples estão sujas de tinta, assim como algumas partes de sua pele e cabelo, ele tem a descrição total de um pintor.

— Eu tive a ideia de me tornar um... como é o nome?

— Artista de rua? — pergunto, ajudando-o a carregar um de seus quadros que continuou em branco.

— Isso! Um artista de rua, — Taehyung continua, me seguindo pela calçada. — Eu queria voltar a pintar e vi na internet que esse era o jeito mais fácil. O senhor do vídeo disse que "Se estiver querendo ficar rico desse jeito, é melhor tirar seu cavalo da chuva!", não sei porque eu teria um cavalo hoje em dia ou porque eu deixaria ele na chuva, mas... Não quero ficar rico, só quero ganhar dinheiro com o que eu faço.

— "Tirar o cavalinho da chuva", é um ditado que significa "desistir", praticamente o senhor do vídeo estava falando para quem estivesse assistindo desistir antes mesmo de começar.

Taehyung fecha a cara e é como se o céu que começava a escurecer se tornasse nublado, quase chuvoso, porque esse é o superpoder de Kim Taehyung: ele é capaz de mexer com o clima de qualquer ambiente. Metaforicamente, é claro. Mas não duvido que pudesse ser literalmente pelo fato dele ter viajado no tempo. Literalmente. E eu percebo que eu falo e penso advérbios com 'mente' mais do que deveria, talvez pelo fato de eu conversar mais comigo mesmo na minha própria mente do que com outras pessoas.

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