Segunda pintura

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Oi, gente! Muito obrigada por todos os votos e comentários <3


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De Seokjin eu esperava tudo, desde ideias malucas até provas aleatórias de que ele era o maior gênio do universo, mas não cheguei a pensar que ele inventaria uma história de fundo inteira para Taehyung só para conseguir que ele tivesse documentos oficiais do governo.

O plano era o seguinte: usar os próprios estereótipos idiotas da sociedade contra ela mesma. Taehyung seria dito como um primo do interior de Seokjin, o que explicaria o sobrenome igual, que nunca foi registrado, muito menos seus pais, segundo ele, o cartório iria comprar aquela história principalmente por ser ele contando-a.

E foi assim que, na segunda seguinte, nós acabamos indo ao cartório bem cedo pela manhã. Taehyung ficou encantado com o carro de Seokjin e boquiaberto em como era fácil se locomover hoje em dia, eu, como sempre, continuava achando uma graça aquilo.

No dia anterior, eu o mostrei alguns vídeos no YouTube sobre como o mundo está hoje em dia, ele entendeu como tudo funcionava mais rápido do que eu imaginei. A parte complicada foi fazer entrar na cabeça dele que hoje em dia podemos viajar o mundo inteiro em menos de dois dias em uma lata que voa, sim, foi assim que ele chamou os aviões. Além disso, treinei como deixar seu vocabulário mais relaxado, sem todas as marcas antiquadas da língua para que ele pudesse se misturar mais fácil.

Agora, ele está sentado ao meu lado na sala de espera do cartório, há um papelzinho com o número dez em suas mãos e seus olhos estão fixos na televisão que passa o jornal matinal. Sobre as minhas pernas há um envelope pardo com algumas fotos 3x4 (que foram tiradas totalmente no improviso com uma câmera de celular e impressas em casa), comprovante de endereço e os documentos da tia de Seokjin que concordou em 'adotar' Taehyung e realmente morava no interior.

Umedeço meus lábios e olho de relance para ele, Taehyung é um homem extremamente bonito e as pinturas não faziam justiça nenhuma à sua verdadeira aparência, é claro que eram retratos que mostravam suas feições, mas falharam em representar o jeito que os detalhes fortes e delicados se misturavam perfeitamente em seu rosto. Eu engulo seco e desvio o olhar, sabendo que ele poderia achar-me estranho a qualquer momento.

Ainda não cheguei na parte de falar sobre diferentes tipos de relacionamentos e de identidades que hoje em dia são públicas. E parece ter sido combinado em silêncio, porque Seokjin não disse nada sobre Hoseok ou sobre namorar com outro homem, nenhum de nós sabia como ele poderia reagir, então, era melhor tomar um pouco de cuidado. Na noite de sábado, quando comecei a refletir sobre isso, fiquei surpreendido com o jeito de que penso que hoje em dia as são ruins, mas antigamente eram piores.

A boa notícia do dia foi que conseguimos fazer os documentos de Taehyung, a certidão de nascimento saiu na hora, mas os outros seriam fabricados e entregues pelo correio em alguns dias úteis. Seokjin comemorou sozinho no meio da rua, com uma dancinha estranha que fez Taehyung e eu darmos risada, mas no fim, o mais velho resolveu nos levar até um restaurante japonês para o almoço — antes de ir trabalhar, já que havia tirado a manhã para nos ajudar com os documentos.

— Esse daqui é o favorito do Hobi, — Seokjin aponta para um prato de frango no menu que Taehyung está segurando. — Acho que você vai gostar também, já que você disse que gosta de carnes leves.

— Quem é Hobi? — Taehyung pergunta curioso, assim que o garçom vai embora com nossos pedidos anotados, eu olho de Seokjin para o pintor ao meu lado, e depois para o mais velho de novo e o vejo engolindo seco.

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