04. DEUSES

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Gustaf havia ido comer na casa vermelha, enquanto Ersoh continuava do lado de fora observando o nada. Outra hora. Aldar! Lembrou do velho, e tinha certeza de que "outra hora" já tinha chegado, ou talvez até passado. Como tinha a noite de folga dos treinamentos com Havar, foi para o casebre de Aldar. Novamente se esgueirou para não ser descoberto e chegou à casa do velho.

— Aldar, sou eu, Ersoh. — sussurrou batendo na porta.

— O que você quer? — gritou Aldar.

— Você disse que iria me falar do treinamento "outra hora", já chegou essa "outra hora"?

— Não lembro de ter dito isso.

— Mas disse. Vai abrir?

— Se eu disser que não você vai embora?

— Não.

— Droga. — bufou abrindo a porta. — Entre logo. Você só vem na minha hora de comer, não gosta da comida da casa vermelha?

— Não comi lá ainda.

— Claro, você não sai daqui. Bom, eu vou fazer comida para nós de novo, não se acostume.

— Não precisa, eu só queria entender como irá me treinar.

— Você conhece alguma coisa sobre Yorohr e Acmus, a Ordem e o Caos? — perguntou de dentro de sua pequena cozinha.

— Sei que eles são rivais e que são deuses.

— Vou te contar uma história enquanto preparo o jantar. No início de tudo existia Yorohr e seus seguidores, guerreiros do Oeste, que eram honrados e alguns manuscritos os caracterizam como bonitos, mas não sei se de fato eram. Existia também Acmus, que também nascera no Oeste e era um Aluriano assim como Yorohr, e seu amigo grandão. Os olhos azuis, a pele clara, os cabelos loiros são características de Alurianos. — Um barulho de louças caindo interrompeu a fala do velho.

— Aldar, precisa de ajuda?

— Não, não. Está tudo bem, eu me viro aqui.

— Então, a história?

— Onde eu parei mesmo?

— Alurianos ou algo do tipo.

— Ah, tudo bem. Continuando: aqui em Nafrines não temos ninguém parecido com isso. Somos mais escuros e com uma diversidade maior. Acontece que Acmus não gostava muito de Yorohr, achava que ele era prepotente e arrogante, e que fazia as coisas do jeito errado. Então Yorohr o baniu das montanhas, como traidor que era. Acmus não ficou contente e como vingança disseminou o que Yorohr mais odiava: o Caos. Ambos eram extremamente poderosos, Acmus usava seu poder para o Caos, e Yorohr para a Ordem. Eles viajaram por toda Euran, do Oeste ao Leste, o Caos destruindo e a Ordem reconstruindo. Diziam que Acmus controlava o fogo com as mãos e que Yorohr tinha poder sobre a terra e criava terremotos absurdos. Eles lutaram, e lutaram até a morte de ambos. Yorohr havia acabado com o Caos. E os primeiros arcanos haviam morrido.

— Arcanos? — questionou Ersoh. — Esses não são bruxos? Achei que Yorohr fosse um deus.

— Não, ele não é ou foi. Ele se comunicava com um deus, um dos deuses, que lhe dava o poder que detinha. Assim como Acmus fazia, com outro deus.

— E quem são esses deuses?

— A natureza, Ersoh.

— Como assim?

— O mundo foi criado por quatro entidades, que se dividiram de um único e supremo deus: Phós, a luz. Dele nasceram: Pur, o senhor do fogo; Aér, a senhora dos ventos; Hudria, a Mãe água e Gé, o Pai terra. Também existiu Tenebrae, irmão de Phós. Nunca se soube dele, apenas que pretendia destruir tudo que a luz havia criado.

Batalha de Nyrm - Uma Fantasia MedievalOnde histórias criam vida. Descubra agora