05. GÉ, O PAI TERRA

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Arcano? Não sou um bruxo. Ersoh observava o teto do celeiro, esperando as horas passarem e um possível sono chegar. Os sons da noite eram audíveis de longe, junto com os roncos de alguns jovens que dormiam. Bruxos não são bem vistos pelos guardas reais. Quando era novo vi queimarem um deles. E se tinha uma coisa que Ersoh não queria em sua vida era ser queimado. Tentou esvaziar os pensamentos, sabia que uma hora ou outra o sono tomaria conta do seu corpo e ele dormiria, era o que esperava. Tantos dispostos a lutar pelo rei, dar suas vidas a ele. Talvez esse não fosse o destino de Ersoh. Seus pensamentos só não falavam mais alto do que o cansaço físico de tantas pancadas que havia sofrido num só dia. Dormiu

Um estalo soou pelo aposento, Havar estava na porta gritando algo incompreensível. Ersoh mal conseguiu distinguir o que era, estava parcialmente cegado pela forte luz da porta. Resmungava o fato de terem o acordado.

— ... treinamento de hoje é mais complexo — Foi o que Ersoh conseguiu entender da frase que já estava sendo dita há uns bons minutos. Complexo? — Se aprontem, vamos para o centro.

Junto com os outros jovens, Ersoh se espreguiçou e limpou os olhos, se esticou e foi para o centro. Não havia falado com Gustaf, ele mal tinha acordado, não queria atormentá-lo. Havar novamente falaria algo sem sentido e ele já estava cansado demais para prestar atenção em qualquer coisa. Aldar era impressionantemente rápido, como ele consegue? Talvez ele esteja usando sua bruxaria para isso, seria ele um bruxo?

— Essa cara de paisagem aí é por que? — perguntou Gustaf quebrando os pensamentos de Ersoh.

— Oi? Que? Ah, só estava pensando nas coisas, mesmo — confessou o pastor.

— Coisas? Que coisas?

— Toda essa aventura de lutar em nome do rei, não sei se de fato nasci para isso.

— Yorohr não erra, a Ordem não erra. Temos muito a aprimorar hoje, e segundo Havar, hoje vamos usar armaduras.

— Mas eu mal sei segurar uma espada direito, como vou lutar com armadura?

— Está na hora de aprender, então! Vamos, pega logo sua cota de malha para não ficar sem. — apontou para a nova estante com as armaduras.

O peso era maior, seu corpo estava mais firme e ao mesmo tempo mais lento. Lento, eu sou muito lento, tenho que corrigir isso. Lembrou das palavras de Aldar, estava disposto a mudar isso. Havar dissera que o treinamento da manhã seria executar os movimentos aprendidos no dia anterior, porém com o peso da armadura. E que, à tarde, iriam aprender novos movimentos. As mesmas duplas foram formadas. Ersoh e Gustaf estavam prontos para lutar.

— Eu acho que engordei uns três quilos com esse monte de argola, santo Yorohr. — comentou Gustaf.

— Não acho que pese só isso, para mim parece mais de dez quilos, estou ainda mais lento que o normal.

— Ah, então aceitou que seu método de luta não é tão bom quanto o de Havar?

— Ainda não, mas preciso de mais velocidade e estou trabalhando nisso. Vamos?

Depois do aceno de Gustaf, Ersoh partiu para o ataque, dessa vez se esforçando ao máximo para ser ainda mais rápido. Falhara. Gustaf estava sempre um passo à frente e defendeu todos os três golpes do pastor. Revidou. Com um forte ataque empurrou Ersoh, o jogando no chão. Tentou acertar o garoto, mas ele rolou. E se eu segurar a espada como Aldar? Pensou enquanto levantava, e assim fez. Quando Gustaf estocou, segurou firme, com sua mão esquerda, a espada do amigo. Acertá-lo em seguida fora simples.

— Um a zero. — sorriu.

— Essa eu não estava esperando, mas se fosse uma espada de verdade sua mão estaria jorrando sangue essa hora.

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⏰ Última atualização: Aug 01, 2020 ⏰

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