paola

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Buscou por seu sutiã.

Olhou para a cama.

Simulou um palavrão.

sem som.

Prendeu a respiração com medo de acordar a beldade que estava deitada ali, enquanto se aproximava do corpo.

Enfiou as mãos entre os lençóis e travesseiros espalhados.

A moça se moveu deixando o pano que tampava seu corpo de lado, porém, mantendo seus olhos fechados.

Callie observou a pele lisa e clara da barriga e pélvis da mulher, em conjunto com seus seios fartos e rosados.

Os cabelos jogados pelo travesseiro eram banhados pela brisa leve do quarto.

Os lábios fechados e avermelhados.

Sentiu seu corpo esquentar com a visão de uma chef tão delicada.

Decidiu desistir de procurar a peça pois sabia que se ficasse mais tempo ali não iria para casa.

Colocou a blusa e foi em direção a porta, dando uma última olhada em direção ao bilhete que havia deixado.

~~~~~~~

Chegando em casa foi direto ao seu escritório, jogando seu peso sobre o sofá azul petróleo que ali tinha.

Pensou ter se inspirado para escrever algo com a cena de mais cedo.

Buscou seu bloco de notas.

Ondas de energias ruins passaram por seu corpo.

"Estou triste demais para escrever algo"

Callie rabisca, fazendo voltas com a caneta ao redor da frase.

-Hum...

Passou os olhos pela sala, encontrando sua vitrola que não tocava há tempos.

Levantou-se do sofá.

Playlists de sexo eram as suas preferidas.

Buscou um disco que era seu companheiro à tempos.

Iniciou-se a canção.

Voltou ao conforto de suas almofadas:

As lembranças dos momentos fervorosos fez com que a nuvem escura acima de sua cabeça fosse ocupada por fogo.

"Ela permaneceu dançando em meus dedos. Como conseguia ser tão provocante?"

Bem.

Talvez viver na Italia não fosse tão silencioso assim quando se tem uma companheira tão quente como Carosella.

Se sentiu culpada por não entregar sua alma para a companheira que tanto lhe cobrava.

-É isso.

"A culpa de minhas sensações não serem suas não é de ninguém.

Penso, comigo, o que te faz pensar que posso fazer isso?

Por favor, me desculpe. Mas nem sempre preciso de sua presença aqui."

Sentiu as lágrimas se formarem enquanto escrevia desesperadamente.

"Quem deixou a porta para a rua escancarada?

Foi você, fui eu
Quem que trouxe alguém de fora para nossa casa?
Foi você, fui eu
Se a janela dormiu aberta
Não fui eu quem esqueceu
Você não me viu chorando
Veio a chuva, nosso amor morreu

Foi você, fui eu

Quem provou o gosto insuportável da rotina
Foi você, fui eu
Quem sofreu, chorou por tua vida clandestina
Foi você, fui eu

Deixa que amanhã
Tudo pode estar
Muito diferente
Se quiser voltar
Eu posso deixar
A porta e a janela para a rua
Escancaradas pra você entrar
Se eu quiser voltar

Foi você, fui eu"

Leu o escrito.

Normalmente deixava suas poesias livres, para serem ou não músicas ou temas de livros.


Mas já havia decidido.



Foi ao piano que ficava no meio da sala.

-Se... Isso aqui....

Gravou várias vezes o ritmo junto ao som metálico que saia do instrumento.

Escutou o tilintar de sempre.

-INFERNOOOO


Alguém estava ligando:

-Oi.

-Oi Callie. Então, é rapidinho.

-Espero.

-Você já decidiu sobre a aluna?

-Então. É...

Ela não tinha decidido.

-Callie, você exigiu que ela tirasse uma licença e ainda não tem certeza?

-Tirar se entrasse.

Escutou o suspiro chateado da amiga.

-Pode confirmar. Eu só não tava com certeza na data. Só isso.

-É. Mas essas medidas demoram a ser aprovadas. Ainda mais em Oxford.

-Uhum.

-Ta tudo bem com você?

-Não. Mas não vamos falar disso agora. Quero conversar com ela, então marque uma reunião.

-Certo. Menina e o negócio que saiu da Addison, hein?!

~~~~~~~~~~~~~~

{Já da pra saber de que Paola se trata, né?

A poesia usada foi de uma música da Liniker e Elza Soares, foi você fui eu}

Entre Linhas - CalzonaOnde histórias criam vida. Descubra agora