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Sua respiração parecia arder pelo ar extremamente gélido do local. Sentia a leve bruma que saía das suas narinas com a sua expiração se dissolver no ar.

Callie ainda conseguia escutar a música da festa.

Também havia o som de seus saltos batendo ferozmente no asfalto molhado.

Tentou pensar em outra coisa:

Casa número 27. Rua 9, depois do cruzamento.

Seu corpo tentava repelir o medo que se instalava

Sua concentração foi cortada pelo barulho de pneus que se aproximavam

a cena se repetia

era igual

eu vou morrer...

A tontura de sempre a violentou, fazendo com que todos os seus esforços para se manter firme fossem anulados

O automóvel a alcançou, com o vidro da janela sendo baixado calmamente.

Finalmente Calliope olhou para o lado, sentindo o alívio quente passando por sua veias

-Quer uma carona?

-Mark...

A mulher adentrou o carro, descansando sobre o banco

Fechou os olhos, tentando buscar o máximo de equilíbrio que conseguia

-Cadê a sua professora?

Perguntou em um tom de voz baixo

Sem esperar respostas, continuou:

-Decidimos levar comida pra viagem, sabe, repor as energias.

Deu uma pausa mordendo o sanduíche

-E quando tava esperando vi a sua loira lá dentro. Aí vim atrás de você.

A morena que mantinha o rosto baixo balançou a cabeça levemente.

-Sabe, melhor uma amiga a salvo do que uma transa qualquer... por mais que pra ela não ia ser qualquer já que

-Mark...

Sloan desviou os olhos do volante para observar a amiga

-Eu sei que você quer cuidar de mim, obviamente. Mas está tudo bem...

O carro foi parado bruscamente no acostamento quando o loiro percebeu a vermelhidão dos olhos da moça

Torres tentava esconder o fato que mal conseguia respirar

-Já passou tudo aquilo. Não precisava você deixar a festa apenas pelo fato

Ela tentou continuar a frase, mas a crise de ansiedade que lhe afetava a deixava impossibilitada.

-Torres. Olha pra mim.

Segurou o rosto dela com as duas mãos.

-Respira. Tá tudo bem. Tudo vai ficar bem.

Eu vou morrer... eu vou morrer.. eu

-Você vai ficar bem. Você vai pra casa agora.

-Eu vou morrer...

Disse em um fio de voz engasgado com as lágrimas.

-Vamos pra casa Callie. Estamos chegando.

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Mark carregava uma caneca ao adentrar o quarto.

Torres sorriu ao lembrar de ter lhe comprado meia dúzia dessas como presente de casa nova com o dinheiro de seu primeiro salário.

Hoje só havia uma.

-De camomila.

Ele esperou que ela segurasse a xícara com as duas mãos.

-Quem diria... você virou o homem do chá.

Disse dando um gole na bebida amarga

-E você a tia depressiva e bêbada.

-Era triste e feia. São coisas diferentes.

-Feia não combina com você. Agora, se você quer uma prova de que você é a tia bêbada eu posso te dar.

Observou a amiga retirar o vidro dos lábios

-O que?

-Você percebeu que tem whisky misturado no seu chá?

Tentando não demonstrar surpresa, a moça sorriu levando a bebida novamente para boca

-Eu já sabia.

-Sei. Vou me deitar.

Estendeu a mão para devolver a caneca ao amigo.

-Obrigada por hoje.

-Não fiz mais que minha obrigação. Qualquer coisa me chama.

Passou pela porta desligando a luz.

Iphigenia se aconchegou na cama quente

Seu nariz ainda úmido doía constantemente, assim como sua cabeça.

Seus olhos se encheram de água novamente, sem controle sobre si.

Se sentia vazia

Sentiu-se sozinha como a caneca.

Não era vazia o suficiente para não ser nada

Pulou da cama buscando por seu caderno

O último acontecimento a fez se desconcentrar do real motivo de estar ali, naquele exato lugar.

        Arizona

Lembrou do momento quente e avassalador com sua "professora"

Minha...

aluna.

Escreveu a única coisa que havia em sua cabeça:

"O livro do inverso"

{tentando escrever o mais detalhado possível, mas preciso saber o q vcs tao achando

espero que tenham gostado

obrigada pela leitura ♡}

Entre Linhas - CalzonaOnde histórias criam vida. Descubra agora