Notas Autora:
Oi galera, resolvi dar as caras um pouquinho, percebi não quero ser uma autora fantasma tanto quanto não quero leitores fantasmas, apesar de eu mesma ser uma leitora assim algumas vezes. Por favor, me chame de Aszou.
Boa leitura!
/////////////Meu sábado iria substituir a sexta-feira preguiçosa que eu queria ter. Se eu não tivesse acordado com o barulho irritante do meu celular tocando.
- Alô?
- Não me diga que você esqueceu?- sua voz suave ecoou em meus ouvidos e forcei a memória a lembrar de um possível passeio que eu havia marcado com ele, ou um aniversário, mas Floyd havia acabado de completar vinte e um à dois meses.
- Desculpe, não consigo mesmo lembrar- minha voz ainda estava rouca de sono, esfreguei o olho com a mão livre, me levantando da cama.
- Sua mãe!
Gelei. Meu corpo inteiro estava em estado de alerta. Hoje era dia de visita e eu havia esquecido.
- Merda! - praguejei, olhei o relógio em meu celular, oito e vinte e três da manhã, vinte minutos atrasada.
Me despedi e desliguei o telefone. Vesti uma roupa o mais rápido que consegui, correndo para o banheiro e escovando meus dentes. Passei a mão no meu cabelo, em uma falha tentativa de arrumá-lo, ao mesmo tempo em que pegava minha bolsa e meus pertences. Tranquei a porta do apartamento e saí apressada pelas ruas.
Minha mãe, Viviane, se encontrava, neste exato momento, em uma clínica de reabilitação. Minha relação com ela não era das melhores, mas eu não queria ser ausente nessa fase difícil. Ela estava nessa clínica a uns bons anos, sempre indo e voltando, tendo recaídas.
Nós éramos uma família perfeita, eu, minha mãe e meu pai. Dignos de comercial de margarina. Eu tinha onze anos quando as brigas já não terminavam mais em carícias, naquele tempo, terminava com rostos desgostosos um com o outro. E ficaram frequentes, muito frequentes.
Não julgo meu pai por ter deixado a viciada sozinha, era muita pressão e ele tinha o direito de não querer viver essa vida, com alguém que poderia se matar a qualquer momento. Mas o culpo por ter me deixado. Aos cuidados dessa mesma mulher que ele julgava imprudente, ele não estava muito atrás dela em relação a senso. Sentia saudade dele, era um bom pai, pelo tempo que foi. Não sei se estava ainda estava zangada ou apenas magoada. Mas eu me acostumei com sua falta.
Do mesmo modo que me acostumei a chegar em casa e encontrar minha mãe completamente drogada. Se afogando em dívidas para suprir seu vício.
Mas nem o amontoado gigantesco de dívidas a fez ser uma mãe má. Ela tentava, na maior parte do tempo em que estava sóbria, ser uma boa mãe. Porém, o tempo que estava bem foi diminuindo cada vez mais. E eu tinha dezessete quando a encontrei quase morta no chão da sala.
Foi agonizante. Lembro que fiquei paralisada por alguns segundos, em choque. Para logo me apressar a ligar pra ambulância. E lembro que essa foi a última vez que chorei tanto, desde que meu pai foi embora.
Seis anos depois, aqui estava eu, de frente para a clínica que já estava habituada. Meu avô, por parte de mãe, estava pagando pelas despesas da mesma, mas não queria nenhum outro tipo de vínculo com a nossa família. Éramos amaldiçoados, ele dizia. Eu já não me importava mais, depois do trágico ocorrido, encontrei apoio da família de Ester e Floyd, me acolheram é cuidaram de mim pelo tempo que precisei para tomar coragem e voltar para o apartamento que sempre vivi.
E tudo me trouxe aqui. Em frente à minha mãe, seus cabelos pretos, lisos, sempre ressecados pela falta de cuidado. Sua pele era como a minha, mas estava opaca. Assim como seus lindos olhos verdes.
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Trilogia Aroma: Café
RomanceLivro Um: Os olhos são a janela da alma, é verdade, e quando os olhos deles se cruzam eles sabem que não há mais nada a dizer, os olhares lhe dizem tudo e ao mesmo tempo nada. Jackson gosta da vida que tem, não é perfeita, mas qual vida é? Ele tem s...