Um mês depois.
Eram os últimos dias de trabalho dos que faziam parte do sector de digitalização. No penúltimo dia, era chamado um por um e a informação que ia receber não era das boas.
Foi chamado o primeiro operador e antes disso, ninguém sabia qual era o propósito. Minutos depois ele voltou.
- Acabou. - ele disse.
- O que foi que acabou? - um dos colegas perguntou.
- Amanhã será o nosso último dia de trabalho. - ele disse.
- Sempre sem aviso prévio, da primeira vez também não avisaram. - José disse.
- Mas para entender. Ninguém trabalharia da mesma forma depois de receber uma informação que o deixa sabendo até quando manterá o emprego. É como se a pessoa soubesse quando vai morrer, imagina o que as pessoas fariam nos seus últimos dias, alguns iam garantir que não partissem sozinhos ou, de algum jeito, que quem ficasse, também desejasse ter partido por causa do problema ou problemas que alguns causariam só porque não viveriam mais para lidar com as consequências. - Carlos disse.Enquanto eles falavam, foi chamado o próximo operador. Todo aquele que era chamado, já sabia qual era o motivo, era um e único.
- Talvez seja mesmo, melhor assim. É uma má surpresa, saímos de casa sem saber de nada e se calhar, bem animados e é cortado o nosso ânimo pela raiz. - Hélder disse.
- E conhecendo os colegas que eu tenho, um aviso prévio seria o maior arrependimento dos gestores desse projecto (Rssssss). - Carlos disse.
- (Rssss) Iriam se arrepender muito, e como iriam. - disse Hélder.Continuaram chamando os operadores, um por um. Ninguém queria ser o próximo sempre que o outro voltava, ser chamado era sinônimo do fim dos dias naquele emprego. Ninguém era chamado para receber outra informação, só quem não fosse chamado iria continuar. Todos desejam não ser chamados mas já era tarde para alguns e ninguém voltava de lá feliz.
Foram chamados quase todos, apenas três operadores que ainda não tinham sido chamados. Carlos era um dos que ainda não tinham sido chamados. Chamaram mais um. Ainda não era o Carlos.
Até a hora do intervalo, Carlos não tinha sido chamado, isso era bom mas ele queria ir ao intervalo e não sabia se podia porque o nome dele poderia vir a ser chamado na sua ausência. Ele já estava preparado para isso, os amigos dele, todos eles já tinham sido chamados, então já esperava que seria o próximo.
Os colegas viram que o Carlos queria ir ao intervalo e ao mesmo tempo queria acabar com aquilo logo mas não dependia dele, cada um tinha a sua vez. Começou a ficar menos atento ao que fazia e foi notado que ele não estava atento, assim, os que já tinham sido chamados viram uma chance de brincar com as emoções dele, fazendo ele pensar que havia sido chamado e para certificar perguntou ao supervisor e não tinha ainda sido chamado.
Os colegas não queriam que ele não fosse chamado, queriam que aquele fosse o fim para todos. Carlos não ligava para isso porque já tinha aceitado que era o fim mas apesar de tudo ainda não tinha sido chamado.
Passaram-se vários minutos sem que ninguém mais fosse chamado e isso gerou uma certa dúvida a ele. Acabou indo ao intervalo e quando voltou, ainda não tinha sido chamado. Continuou com o trabalho e no fim do dia era o único digitalizador que não tinha sido chamado naquela sala...
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Não Foi Desta Vez
RomantikAlguns viviam ofendendo o Carlos por parecer vítima fácil. Ele era muito calmo e confundiam esse lado dele com timidez e ingenuidade, acontece que ele nunca ligou para ofensas. Um tempo depois, os mesmos que o menus prezavam viram-se de alguma forma...