O feito no dia anterior, incomodou ao Carlos durante todo o resto daquele dia, até o dia seguinte, dia que voltaria ao trabalho e descobriria a retribuição dos seus "adversários" que praticamente já não eram só dele. Carlos era um jovem muito pacífico, se incomodava por qualquer situação, não importava o quão pequena ela era e, por vezes, talvez gostava desse seu lado. Sabia muito bem que o seu colega estava bem tranquilo, para ele, era como se nada tivesse acontecido, era desse jeito que Carlos gostaria de se sentir mas isso estava longe de acontecer. A única coisa que podia o acalmar era voltar ao trabalho e encontrar lá as respostas que precisava. Para tal, tinha de verificar o que os seus "adversários" teriam aprontado. Seria muito bom se tivessem deixado aquilo de lado, apesar, do troco que tiveram ter sido bem acima do que eles poderiam esperar, o mínimo que o Carlos podia esperar, era que as coisas não ficassem piores ao ponto da situação ser do conhecimento dos gestores do projecto, sabe Deus que reacção teriam, Carlos não fazia questão de descobrir e seria óptimo se os seus colegas também pensassem o mesmo.
Finalmente, Carlos chegou ao local de trabalho e pela primeira vez nos últimos dias, não se importava em ser o primeiro a entrar na sala depois da troca de turno. Deixou as coisas que trazia no seu cacifo e calmamente se dirigiu a sala de digitalização, lembrou-se imediatamente dos bons dias que antecederam os últimos factos e como era bom estar nada mais do que calmo. Afinal, com calma, tudo sai melhor. Com certeza, a produtividade do Carlos seria melhor, mesmo ainda esperando ver qual teria sido a reacção dos colegas do outro turno porque, certamente, isso podia mudar o dia dele. Não estava pensando no pior, de alguma forma, ele acreditava que aquilo tivesse tido fim e na verdade, já era sem tempo.
Chegando perto da entrada, respirou fundo e de seguida entrou. Já estavam lá os outros.
Carlos os cumprimentou:
- Boa tarde a todos.
- Boa tarde! - eles responderam.
- Espero que estejam todos bem. - ele disse.Felizmente, cada um deles estava bem e tudo estava correndo muito bem.
Olhou para a sua máquina, estava limpa, não havia nela um único papel adesivo. Ficou muito feliz por isso, só esperava que por ter sido o último a entrar na sala, os colegas não tenham removido, de modo que, ele não visse e, com isso, trabalhasse melhor, sem pensar na situação e até onde iria, caso eles tenham mesmo removido. Mas, ao mesmo tempo o veio a mente que o seu colega que surgiu com a ideia da vingança, não deixaria aquilo barato, caso tivesse voltado a acontecer, Carlos estava totalmente dividido e para ver se teria alguma informação que acabasse com a sua dúvida, ele comentou com o seu colega:
- Parece que a vingança teve o efeito desejado, quem diria.
- Eihh! Tinha me esquecido disso, o crédito é meu (Rsrsrs). - disse o colega.A resposta do seu colega deu a entender que caso alguém tenha removido, não foi ele e o restante não esconderia isso do Carlos, sendo assim, Carlos ficou totalmente tranquilo.
- Se eu soubesse teria me vingado antes de vocês tomarem conhecimento.
- Não te conheço há muito tempo mas já notei que você não é vingativo (Rsrsrs).
- Não sou mas se eu soubesse, teria feito isso antes, talvez não do mesmo jeito mas teria feito. - Carlos respondeu.
- Tarde demais, o crédito é meu, repito. - ele disse.
- Valeu pela ajuda. Foi bem vinda apesar de eu não ter esperado antes que tudo chegasse ao ponto que chegou.
- Não precisa agradecer, me diverti com isso.Deu para perceber que ele gostou mesmo de ter feito aquilo. Começaram a trabalhar enquanto conversavam e de repente um dos gestores apareceu para dar uma informação a todos os presentes na sala. Carlos começou a pensar que o motivo da presença dele teria sido os papeis adesivos, o coração do Carlos repentinamente, acelerou...
Carlos torcendo para que o assunto que o gestor ia tratar na sala deles não fosse os papéis adesivos. Pois, não queria que aquilo o prejudicasse de algum modo. Já tinha conquistado a confiança de certos gestores, na verdade, duas gestoras. Por acaso, elas gostavam dele, o tratavam muito bem e a única coisa que ele não queria, era desmerecer todo carinho que recebia delas, pois, Carlos sempre se mostrou, além de funcionário, uma boa pessoa, as respeitava muito e era exemplar na execução das suas tarefas.
Carlos sempre foi diferente de todos que trabalhavam com ele. A maioria não levava aquele trabalho a sério, agiam como se estivessem num simples hobby e isso nunca deixava de irritá-lo porque, por vezes eles faziam parecer que ele era quem estava agindo de forma errada, queriam que ele fosse exactamente como eles eram. Por já saberem que ele era o mais novo no conjunto de todos os turnos, chamavam-o de emocionado e medroso porque, segundo eles, ele tinha de quebrar as regras que eles quebravam e só levava o trabalho a sério porque era o seu primeiro emprego.
Apesar de tudo, Carlos continuou firme e não caiu nas chantagens emocionais que sofria dos seus colegas e, finalmente, o problema com os adesivos se tornou águas passadas, para a alegria dele. Tudo que restava era continuar aprendendo e dando o seu melhor na execução das novas tarefas.
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Não Foi Desta Vez
RomanceAlguns viviam ofendendo o Carlos por parecer vítima fácil. Ele era muito calmo e confundiam esse lado dele com timidez e ingenuidade, acontece que ele nunca ligou para ofensas. Um tempo depois, os mesmos que o menus prezavam viram-se de alguma forma...