Capítulo 2

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16 de Fevereiro de 2020.

Narração - Miguel.

É incrível como de uma hora para outra, a sua vida pode se tornar inteiramente caótica. Digamos.. do avesso. E tragicamente, assim eu poderia dizer, era o resumo da minha vida agora. Se assim, claro, eu ainda tinha alguma. Sem filho, pais, a mulher da minha vida.. eu não tinha mais nada, eu não tinha mais um chão. E sequer, felicidade.

Nunca pensei que poderia ser possível sentir tal dor, a sensação de perder tudo o que você ama num piscar de olhos. É como se algo tivesse sido arrancado de si próprio.

Mesmo com os devaneios atuais e a sensação de dor ainda presente, fui obrigado a sair dessa "cúpula". Devido a um barulho que se eu não estivesse muito enganado, vinha do escritório de casa, tive que afastar minha mãe de seus braços. Tinha, de fato, algo errado. E lá no escritório, talvez tinha a possibilidade de estar o responsável pela morte de pessoas que eu mais amava neste mundo.

Me levantei do chão e caminhei a passos firmes até o escritório. Quando estava em frente a porta, era possível os estrondos causados por quem fosse que estive ali dentro agora. O som de algo sendo destruído naquele momento era os troféus que ficavam sobre uma das prateleiras e eu podia ver naquele momento, tudo indo ao chão, através da fresta da porta. 

Pensando melhor, talvez pudesse ser muito.. arriscado entrar desarmado, então peguei a primeira coisa que estava à minha frente: um taco de golfe. Eles estavam acostados ao lado, e cada um eu reconhecia por serem do meu pai. Peguei o mais pesado, e que ainda assim poderia servir para algo, talvez salvar a minha vida. Era melhor que nada, ao menos.

Ao entrar no escritório, determinado a enfrentar qualquer um que estivesse ali dentro, no mesmo segundo pensei a voltar atrás quando avistei a criatura. 

— Oh, merda. — Foi tudo o que saiu da minha boca, dando passos para trás até minhas costas se chocarem contra a porta, já fechada.

Aquele monstro deveria ter no mínimo três metros de altura. Ele parecia ter acabado de sair de algum livro mitológico ou diretamente de um filme Hollywoodiano de ficção. E eu podia jurar que aquilo na minha frente, era com total certeza um minotauro, porém me recusava acreditar na possibilidade da tal criatura ser real. Ele era enorme, seu corpo era completamente coberto de pelugem amarronzada, sua cabeça era como a de um touro e ele possuía grandes chifres sobre a cabeça. Ao encarar suas mãos pude ver que estavam manchadas de sangue.. o sangue de minha família, e aquilo me fez esquecer completamente o tamanho daquele monstro, apenas pensava em achar uma forma de matá-lo.

 "Certo, Miguel..um taco de golfe não vai resolver."

Eu pensava comigo mesmo enquanto tentava planejar uma forma de sair de dentro daquele escritório ainda vivo. As possibilidades poderiam ser nulas, visto que aquela criatura parecia invencível aos olhos humanos, mas o meu ódio era tamanho igual, senão maior do que ele.

Segurei o taco de golfe com as duas mãos, firme e pronto para o que fosse acontecer. E então aquele monstro enorme passou a correr em minha direção como um atleta de olimpíada, e em poucos segundos ele já estava sobre mim com suas grandes mãos envolta do meu pescoço. A criatura me levantou do chão e quando dei por mim já havia sido arremessado contra a parede, o impacto foi tão grande que pude ser capaz de sentir meu ombro estalar fortemente.

Eu gritei, pela dor. Era insuportável, e ainda assim a criatura estava novamente pronta para me atacar, avançando outra vez. O taco já estava bem longe das minhas mãos. A dor de ter o ombro deslocado era tão grande, que podia sentir também o gosto metálico na boca com a força que mordi a língua para aguentar. 

Elysium The EndOnde histórias criam vida. Descubra agora