𝓭𝓲𝓷𝓮𝓻 𝓭𝓮 𝓼𝓪𝓷𝓰

45 3 0
                                    

Perfurei minha garganta com um garfo.
Senti-o atravessando cada veia que corre o vinho.
Senti-o rasgando cada seda que tampa a liberdade.
Senti-o cortando cada vontade que aparecia pelo caminho.
E por fim,restou eu e o garfo,nós,sozinhos.

Empurrei ainda mais o garfo e vi as nuvens.
Nuvens brancas como algodão,que logo se encharcam e pingam com vermelho.
Vermelho que escorre do cabo do garfo e me suja.
O garfo se enganchou e agora me puxa.
E me prende a mais uma garfada.

Creq.Creq.
As onomatopeias de nada servem para representar o atrito carnal.
Magnífico é atrito da carne e do metal.
Lambuza o guardanapo.
Restando,só,o garfo.
Que finalmemte atravessou minha garganta.
Livrando-me do fardo de viver.

.Sofia Cardoso.
______________________________

O garfo me espeta como um pedaço de carne,não ligo,pois é isso que sou.Ele me deixa inércia numa poça de sangue,e é isso que quero.

/𝐏𝐨𝐞𝐦𝐬 & 𝐏𝐨𝐞𝐭𝐫𝐲\Onde histórias criam vida. Descubra agora