𝓼𝓴𝓲𝓷𝓷𝔂

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Você é tão bela que me sinto miúda diante de ti.
Tua pele tão magra,esculpe-se aos ossos como o mármore à estátua.
Se isso não é a perfeição,minha vida toda estive cega.

Não sei quem moldou teu corpo.
Mas foi alguém desatento.
Criou uma alma grande e faminta para uma mente que faz o físico ansear pelo pão.
E que de tanto ignorar o pão até esqueceu-se dos ruídos dentro de si.
Mas você está tão magra...E quem se importa?

Ah...E por sua beleza sentirei fome.
Quero te impressionar.
Parecer tão magra e franzina que vai querer sentir meus ossos contra os seus.
Tão esquelética que vamos ignorar a realidade e passar fome pela verdade.
Até porque nossa verdade é externa...
Quem se importa com o que pensamos,afinal?

Seu corpo tão leve nem amassa os lençóis que roubamos do varal.
Seus dedos tão finos roçam na minha pele circulando as sardas,como quem marca constelações.
Se eu soubesse que aquela era a última vez que ignoraríamos as refeições,eu viveria.
Eu te olharia e beijaria seus lábios frios.
Sentiria apenas o gosto dos remédios e nada mais.

Ah...
Mas se eu soubesse que não valia a pena nem estaria assim.
Mas para que você estendesse até o último segundo seu sofrimento deve ter válido.
Cada foto magra.
Cada elogio mascarado.
Cada comentário nojento.
Se eu apenas soubesse que tu partirias primeiro...
Eu teria te salvado.

Minhas sinceras desculpas à Heloísa

.Sofia Cardoso.
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Sei que não pude te salvar,e arrepender-se tardiamente não parece a melhor opção para um coração despedaçado,todavia,desculpe-me, Heloísa,gostaria de ter feito algo a mais.

/𝐏𝐨𝐞𝐦𝐬 & 𝐏𝐨𝐞𝐭𝐫𝐲\Onde histórias criam vida. Descubra agora