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*Em algum lugar do Oceano - 2027

Sentada em um cobertor na proa, deixei o livro que não mais me pareceu interessante de lado e suspirei, sentindo a brisa suave de verão bater em meu rosto.

Olhando para o rastro bonito que a lua cheia deixava no mar, meus pensamentos corriam soltos, desordenados.

Senti sua presença antes mesmo que ele sentasse atrás de mim e me envolvesse em seus braços.
Encostei a cabeça em seu peito e fechei os olhos, enquanto Can acariciava meus ombros.

Após o que pareceu uma eternidade, ele falou baixinho entre os dentes.
-Alguma coisa de errado, hayat?

Neguei, sacudindo a cabeça.

Ele beijou minha têmpora e emendou:
-No que você tanto pensa?

Suspirei e coloquei minha mão por cima da dele.
-Você acha que eles estão felizes?
-Claro que sim, meu amor! Você acha que não?

Mexendo em sua aliança, aquele anel que ficava tão bonito nele, que selava algo tão importante para nós, pensei um pouco antes de responder.

-Não sei, às vezes me questiono se estou fazendo a coisa certa.
Às vezes não acredito que fomos capazes de fazer três pessoinhas tão perfeitas.

-Eu te entendo, porque penso muito nisso também.
Certo e errado não existe, você sabe. É tudo uma questão de ponto de vista.
Eu acredito que estamos no caminho que considero certo. E sei que nossas crianças são felizes, sim.

Me virei, lhe dei um selinho e o abracei.

-Parece que foi ontem que estávamos aqui, recém casados e hoje... - falei enquanto limpava uma poeira imaginária da barra do meu vestido.

-Hoje, 8 anos depois...

-Você acha que nós estamos onde tínhamos que estar?

Can franziu a testa, tomou um gole de seu uísque, pensou um pouco e por fim respondeu:
-Sim.
Foi um período muito difícil, nosso amor era tão forte... -Era, Can? -falei irritada com a menção no passado.

Ele riu e apertou meu nariz. E continuou a falar.
-Nosso amor era tão forte que ia destruindo tudo pelo caminho, inclusive nós.
Ninguém ganha nada na força, Sanem.
Foi preciso ganhar seriedade. Todas as dificuldades que passamos nos trouxeram e nos prepararam.

Olhei para a lua, tentando assimilar.

-Nós nos conhecemos há 10 anos. Eu era explosivo, você era uma menina.
Eu precisei mudar, porque você era o que eu precisava e eu sabia que te perderia para sempre se não tentasse. Mas você... Você foi lá e se tornou uma mulher muito forte, mostrando que não precisava de mim para nada.

Can passou o polegar pela minha bochecha, limpando uma lágrima que havia escorrido.

-Eu já te disse hoje que sou muito apaixonado por você?

Balancei a cabeça que não, fingindo estar brava.

Ele mordeu minha bochecha, divertido.
-Sou muito apaixonado por você. Mais que ontem, provavelmente menos que amanhã.

Sorri, sentando no colo dele.

Esfreguei nossos narizes sorrindo.
-E eu te amo muito, Senhor Can Divit!

Segurei seu cabelo pela nuca e o beijei. Aquele beijo com segundas intenções, profundo, sem espaço para nada.

Can tentou parar o beijo, enquanto eu mordia seu lábio inferior.

-As crianças, Sam!

Abri os olhos, mas permaneci com o rosto colado ao dele.
-Elas estão dormindo. Não irão acordar!

Lhe dei um selinho, e fui deixando um rastro de beijos até chegar na orelha, onde mordi o lóbulo e sussurrei: "eu tranquei a porta!".

Can deu um sorriso sacana e me apertou em seus braços, e após longos, quentes e profundos beijos, nos entregamos a paixão ali mesmo, com a lua e o mar de testemunhas.

***

Quase 4 horas da manhã e chegamos ao nosso destino.
Eu me sentia ansioso e como já havia deixado tudo preparado, desci as escadas e sentei na ponta da nossa cama, alisando os cabelos de Sanem, que dormia profundamente.

-Bebek, acorde! - sussurrei baixinho e ela resmungou.

-Amor, acorda, por favor!? Nós chegamos! - falei aumentando um pouco o tom de voz.

Ela abriu os olhos, me encarando.
-E daí?

-Como e daí, Sanem?
Precisamos acordar as crianças!

Ela tateou o celular na cama e olhou as horas.
-Can, são 3:40 da manhã. Por Allah, espera até de manhã!

-Por favor, Sanem?

-É uma maldade acordar seus próprios filhos essa hora, Can! Não é possível que você esteja pensando nisso!

Sanem falou com o semblante aborrecido e puxou a manta que a cobria.

-Sanem, eu estou pedindo por favor!
Já está tudo pronto, há pessoas nos esperando!

De repente ela levantou furiosa, vestiu uma calça por cima da minha blusa, fez um coque no cabelo e saiu batendo o pé do quarto. Feito um furacão.

Respirei fundo e a segui.
Ela já tinha acordado os 3 e colocava a mochila no último.

Me direcionou um olhar mortal, falando com uma certa rispidez.
-Era isso que você queria? Podemos ir agora, então?!


*Continua...

(Concluída) Especial 6/8 - Finais felizesDonde viven las historias. Descúbrelo ahora