"Você deu seu suéter para ela, é apenas poliéster
Mas você gosta mais dela
Eu queria ser a Heather"
Jimin é um garoto de dezessete anos, doce e meigo, tentando sobreviver ao último ano do colegial, enquanto esconde um segredo: ser completamente a...
O som do vento chiou nos meus ouvidos ao mesmo tempo em que minha pele se arrepiou pelo frio. Levei as mãos até os braços, numa falha tentativa de aquece-los, enquanto observava meus tênis gastos, a cada passo que eu dava.
- Tá com frio, Chim? - A sua voz rouca soou ao meu lado, me fazendo levantar os olhos e fitar o rosto bonito que me olhava de volta.
- Um pouco.
- Espera... - Disse, parando onde estava e deixando sua bolsa no chão, logo antes de levar as mãos até a barra do suéter que usava, retirando o mesmo do corpo.
- Não precisa, Jungkookie... - Tentei dizer, mas você pareceu não se importar, colocando a bolsa nas costas novamente, me entregando a vestimenta de cor clara, e eu sorri - Tem certeza? Vai me deixar usar o seu tão adorado suéter?
- Só se prometer cuidar dele direitinho. Pega, não tô com frio. - Disse, e então sorriu. Um sorriso tão lindo que tinha o poder de iluminar o mundo inteiro.
Bom, pelo menos o meu mundo.
Peguei o suéter de suas mãos, enquanto você alcançava a alça da minha bolsa, a tirando das minhas costas. Dei um pequeno sorriso, tratando de vestir a peça de roupa sentindo sua maciez contra a minha tez, logo antes de ter minha bolsa devolvida, colocando-a novamente.
Olhei para baixo, vendo como o suéter ficava grande em mim, com as mangas largas cobrindo as minhas mãos.
- Ele fica melhor em você do que em mim. - Você comentou, divertido.
Eu sorri, fazendo com que meus olhos se fechassem, abaixando a rosto para evitar que você visse minha pele avermelhada, que fervia toda vez que você me elogiava ou me fitava por muito tempo.
Se você apenas soubesse... O quanto eu gostava de você...
Mas...
Voltamos a caminhar, enquanto você voltou a desviar o olhar para o céu que brilhava em um azul claro, com a quase exata mesma coloração do suéter que cobria minha derme, mantendo-a protegida do frio. Algumas poucas e sutis nuvens brancas enfeitavam a vastidão sobre nós, como ralas camadas de algodão, complementando a beleza daquela cena tão airosa, que não poderia ser capturada por câmera alguma, apenas pelo olhar e memória de pessoas como você. Porque essas pessoas possuíam uma visão distinta do mundo. Através do olhar delas, o mundo mudava, se transformava em cores vivas, e em tons pastéis, cuidadosamente depositadas sobre uma tela, com carinho e gentileza. Ou, talvez, elas enxergassem o mundo como ele realmente era, por trás das dores e erros, por trás da impureza.
A sua mente me era uma incógnita, apesar de eu te conhecer desde a infância. Mas o pouco que você conseguia transcrever em palavras ou atos, era o suficiente para me deixar encantado, confuso, e ansioso por mais.
Dizem que os olhos são a janela da alma, e isso explicaria a galáxia que eu via nos seus lumes negros. Era apenas o reflexo da imensidão extraordinária que você escondia dentro de si.
Assim que chegamos em casa, você se despediu de mim com um abraço apertado. Você sempre teve o melhor abraço do mundo, quente e acolhedor, e eu amava o fato de você não os economizar quando se tratava de mim. Nem mesmo se importava com olhares tortos que recebíamos quando nos abraçávamos em público.
Lhe observei atravessar a rua calma, até que entrasse.
Mordi o lábio nervosamente, respirando fundo antes de me virar e entrar também. Subi até meu quarto, no sótão, deixando minha bolsa sobre a cama, e caminhei até o banco da janela, me sentando abraçado aos meus joelhos, observando o pouco movimento do lado de fora.
Meu olhar involuntariamente se voltou até sua janela aberta, e eu fitei o quarto azul vazio. Eu sorri minimamente ao ver seus bonecos de super-heróis na prateleira de madeira, enquanto eu alcançava meu walkman e meus fones que repousavam na escrivaninha ali perto, colocando os mesmos sobre os ouvidos e escolhendo uma música calma pra escutar.
Voltei a observar quando a porta do seu quarto se abriu, e eu te vi entrar, deixando a bolsa de cor escura sobre uma cadeira, se jogando na cama em seguida, permanecendo imóvel pelos minutos seguintes.
Deitei minha cabeça nos meus joelhos, sentindo minhas pálpebras pesarem, permitindo que meus olhos se fechassem um pouco. Levei a mão vagarosamente até a gola do seu suéter, trazendo-o até meu rosto, sentindo seu perfume forte invadir meu olfato, relaxando todo o meu corpo. Seu cheiro sempre fora o suficiente pra me acalmar.
Acho que adormeci por alguns minutos, e quando meus olhos se abriram novamente, fitaram as gotinhas que escorriam pela janela. Eu nem mesmo havia notado o início da chuva.
Voltei o olhar novamente para a sua janela, observando enquanto você caminhava pelo quarto. Deixei que meus olhos se fechassem novamente por alguns segundos, logo os abrindo novamente, fitando quando você levou as mãos até a barra da sua camisa, logo antes de retirá-la do corpo.
Meus olhos se arregalaram, enquanto eu fechava a cortina com rapidez, sentindo meu rosto arder. Desci do banco, apressado, me deitando na cama, olhando para as pequenas estrelinhas coladas no teto, logo antes de balançar a cabeça com força, me voltando para parede.
Se você apenas soubesse...
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