Hero e Leandro

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Em segredo à noite amavam-se os dois

O filho de Abidos e a donzela Hero

Destinados a eternos versos pois


Viu ele no exórdio o trigueiro olhar dela

Os gêmeos Castor e Pólux brilhavam

Em lume na face de Hero em caiadela


Flechado foi de Leandro o coração

Pela infante mão de Eros, cria de Vênus

Decretada foi a sua sideração


Na austera beleza da face egrégia

A anacoreta da dama de Chipre

Entonava da deusa a sua luz régia


Dos passos dela ele tornou-se o aedítimo

Crebo a segui-la e abstruso em amá-la

Aos olhos da Citereia um amor lídimo


Em alvitre o vento desvela um rosto

Leandro agarra a alada clâmide de Hero

ensejada benção para seu arrosto


Gravibundos olhos a lhe orbitar

Aquiescem que pouse em sua ebúrnea face

Manto em ombro de Hero posto a abitar


Órfãos da castidade os olhos traem

O durázio coração hiante do enleio

Dos ignífugos olhos que o atraem


"Com que amavio seduzirás à musa?

Saiba que não se seduz a mulher

Ela é que concederá que a seduza"


Afrodite sabe de alguma coisa

Mas ante o panegírico candor

Da idália pomba que em seu leito poisa


Cala o coração frente a pítia voz

No inumado mar nascerá o epicédio

De nova Hele tendo o amor por algoz

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