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Drew.

A mamãe está muito chateada. — Vivianne, minha irmã caçula, soou meio triste ao telefone. — Eu sei que você tem a missão de nos evitar, mas hoje era um dia importante.

— Não consegui sair cedo do trabalho. — Falei a verdade.

Seu trabalho sempre é mais importante que tudo, Andrew. Quando você vai perceber que família é mais importante que o dinheiro?

— Não é sobre o dinheiro, Viv. É sobre ser responsável com o meu negócio. Na verdade, esse é o nosso negócio.

Sabe que não faço questão disso e te entreguei todas as ações, tenho o meu trabalho e sou feliz com ele, principalmente com a flexibilidade de me deixar livre para comparecer em eventos importantes, como por exemplo, um jantar no qual a minha mãe foi homenageada pelo seu trabalho filantrópico.

— Eu sinto muito, ok? Vou me redimir com a mamãe.

Duvido muito, mas tudo bem, estou cansada. Eu te amo, Drew.

— Também te amo, pequena.

Encerrei a chamada e suspirei, olhando para a noite estrelada e as luzes da cidade, do alto da minha sala. Ainda na poltrona do canto, pensei no quanto estava exausto. Não faltei à um dos muitos jantares importantes da minha mãe por maldade. Meus pais eram pessoas incríveis, mas eles gostavam um pouco de exibição. Eram ativos nas redes sociais e transformavam seus trabalhos em grandes golpes de marketing com maestria. Eu sabia que suas ações filantrópicas eram genuínas e que eles atraíam um monte de olhos para as causas necessárias... e para as desnecessárias também.

Toda exposição tinha o seu ônus e bônus. O ônus era o interesse excessivo das pessoas na vida alheia. Minha irmã trabalhava na internet, dando sua opinião em produtos, fazendo resenhas, participando de eventos de moda e exibindo o estilo de vida luxuoso no qual fomos criados. Na minha opinião, aquilo era assustador. Quando adolescente, tive a minha cota: a imprensa adorava me perseguir e não era como se o meu comportamento excessivo em algumas atividades ajudasse em alguma coisa E isso resultou em um adulto com certo receio a exposição.

Gostava das redes sociais, adorava a facilidade que podia me conectar com meus amigos, em ver seus filhos crescendo, manter contato com meus primos e na correria do dia-a-dia, um comentário em uma postagem me fazia meio que presente na vida das pessoas que eu amava e não podia dar uma atenção completa. Tudo na vida precisa de um limite e às vezes, a minha família perdia a mão.

Meu pai era o típico advogado figurão, ele tinha muita influência no meio político, minha mãe era uma médica pediatra muito bem conceituada. Sua clínica era lotada, parte porque ela era muito boa como profissional e as crianças a adoravam de paixão. Minha mãe tinha o dom de encantar pestinhas choronas. Ao mesmo tempo, as mães adoravam o status de serem atendidas pela "melhor pediatra" da cidade.

Minha irmã era uns seis anos mais nova que eu e cresceu sabendo que era muito bonita. Desde pequena, ela adorava maquiagem e não foi nenhuma novidade quando ela decidiu seguir pelo caminho da beleza. Vivianne estudou design de moda na universidade, no momento, estava se especializando em duas áreas diferentes: estética e alta costura. Ela criou uma linha de maquiagem sem óleo e teste em animais, que fazia muito sucesso, mas eu fiquei realmente surpreso que um pedaço de batom custasse cinquenta dólares. Sério, aquilo tudo para pintar a boca?

E eu... bem. Era uma história diferente do histórico perfeito da minha irmã, levei uma vida um tanto louca. Nunca fui de usar drogas pesadas, mas eu fumava maconha e bebia muito durante a adolescência. Era esquentadinho – ainda tinha um sangue quente, porém, muito mais controlado que antes – e tinha um sério problema com regras. Eu não gostava que me dissessem o que fazer, como ou quando. Adulto, fiz as minhas próprias regras de vida, porque acreditava fielmente que cada um possui o direito de viver do jeito que bem entender.

Prontos Para o AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora