Capítulo I - A casa do sol nascente

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"Talvez, mais tarde, haja alguma inteligência que reduza o meu fantasma a algo comum - uma inteligência mais serena, mais lógica e muito menos excitável do que, a minha, que perceba, nas circunstâncias a que me refiro com terror, nada mais do que uma sucessão comum de causas e efeitos muito naturais." - Edgar Allan Poe

Derick se sentia extasiado, suas mãos habilidosamente davam fortes pinceladas no quadro quase pronto. Uma vez ou outra ele sujava sua pele rosada com tinta e seu macacão jeans. Seus olhos esmeraldas fitaram a mulher que estava em uma pose simples, destacando a pele achocolatada e os olhos pequenos da cor âmbar. Ela fez um careta e olhou para Derick, o mesmo suspirou e se endireitou no banco de madeira.
- O quê foi ,Selene? - Derick abaixou o pincel com tinta branca.- Foi você que insistiu de fazer um quadro seu.
- Eu não aguento ficar sem me mexer. - Disse ela. Selene  endireitou os cabelos prateados  que escorriam sobre o seu ombro, seu olhar de insatisfação visível não perturbou Derick Blake. Ele respirou fundo e começou a limpar os diferentes tipos de pincéis.

- Olha Selene por que você está aqui? Há muito tempo você não vem para Nova Orleans, o quê aprontou dessa vez? – Disse ele com um misto de preocupação e divertimento. Desde que a conheceu, ela sempre se metera em problemas tão grandiosos, como fogo em palha seca. Mas era divertido em sua maneira lidar com a garota, ela era uma irmã e do tipo problemática.

- Por que você acha que eu fiz alguma coisa? -  Derick olhou para ela com olhar de reprovação. -Tá tá. Eu fiz algumas coisas indevidas no Brasil. – Acrescentou derrotada. Ela sorriu de uma forma sapeca, e isso fez Derick rir da situação.

- Tipo o quê? - Ele perguntou. - Não me diga que você pôs fogo em uma propriedade de muito valor inestimável. Eu vivo uma vida boa, mas não a ponto de gastar todos os meus cartões de créditos pagando o seu vandalismo.

– Um completo mão de vaca. – debochou. –  Eu só roubei um contrabandista que estava sujando o meu  belo e magnífico nome. Dá pra acreditar que o filho da puta disse que eu estava vendendo mercadoria de segunda mão? – Selene se levantou e pegou uma garrafa de vodca que estava numa mesinha próxima e encheu um copo para Derick e para si mesma.

– Mas você vende mesmo. Ele não mentiu. – Ele sorriu. – Qual é, Fay. Você não é a pessoa mais confiável no mundo. – Derick bebeu o líquido amargo de uma vez só, sentido a queimação em sua garganta.

– Eu não mereço nem o beneficio da duvida? – indagou ela. Selene sentou novamente no banco de madeira, fazendo movimentos circulares no copo de vidro. Sua face inocente, mas Derick sabia muito bem como ela agia.

– Eu te peguei nos meus braços quando você era bebê. – ele ergueu um dedo para a cara dela. – Eu te conheço melhor do quê qualquer um. O quê está te incomodando?

– Te odeio. – Ela mostrou a língua e Derick revirou os olhos. – Eu tenho sonhado com pessoas morrendo, não é tão estranho pra mim, eu mato as pessoas o tempo todo. – fez-se uma pausa. Ela suspirou. – Mas no sonho não era lobisomens maus ou bruxos afoitos por uma camada grandiosa de caos ou destruição.

Derick ficou tenso. Ele prendeu a respiração e nem percebeu, tentou respirar de novo. O ar o acalmou.
– Não quero preocupar você, mas a última vez que alguém sonhou com mortes em massa, de fato pessoas morreram. – Ele encarou a garota. – Arteferuns.

– Isso foi a muito tempo atrás. Não vai acontecer isso aqui de novo. – Ela disse com a voz firme. – Mamãe previu aquilo, mas só foi daquela vez. Não aconteceu novamente, nunca.
– Há algum tempo você sonhou com demônios. Agora, isso. Não falo com propriedade, pois até eu não sei de tudo neste mundo, mas pesquise sobre sua família. – Derick a olhou preocupada e tentou confortá-la com o toque de sua mão, gesto que Selene repeliu.

Venetors: The evils of the worldOnde histórias criam vida. Descubra agora