Capítulo V- Estranhos como eu

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"A natureza é a arte de Deus." - O inferno de Dante

John suspirou pesadamente mais uma vez, ele estava fazendo muito isso ultimamente. Olhou de soslaio para Derick Blake e seguiu em frente com o plano.

Oras, por que tinha que ser ele a seduzir a feiticeira?

Marie Leveau estava sozinha, bebendo algum tipo de bebida, com certeza álcool. John se esgueirou para o assento do balcão da cozinha ao lado, e a viu erguer uma sobrancelha.

- Perdeu alguma coisa, Caçador? - ela perguntou e John ficou um pouco surpreso. Raramente alguém chamava os Venetors de caçadores, por ser justamente ser uma palavra perdida e variada do latim.

- Só estava pensando em como devemos nos defender. - Disse. Ele apertou os dedos, tentando esconder o nervosismo. - E eu acho que você tem a resposta para isso. Afinal, você é a Feiticeira chefe desta cidade.

Ela sorriu e um copo chegou magicamente em suas mãos. John sabia que não deveria beber, era uma regra rigoroso que os Venetors seguiam, mas não tinha escolha senão levar o drink aos seus lábios. O gosto amargo queimando em sua garganta. Passou vinte três anos da sua vida evitando bebida alcoólica, exceto nos poucos eventos sociais que seu povo comemorava. Marie olhou para ele e Jonathan forçou um sorriso.

- Tenho que passar credibilidade para os Arteferuns, contudo não tenho ideias sobrando. - Ela fez circulos no balcão, entediada. Jonathan queria gritar com ela e dizer que ela sequer se deu o trabalho de procurar. Pensou em Derick mordendo os lábios, preocupado não só com os mortais comuns, mas também com os Arteferuns. Não só o bruxo, mas seus aliados pareciam bem unidos e complacentes em formar uma aliança até com os piores inimigos.

- Vocês não fizeram uma esfera mágica que salvou todo mundo em 2005? - Ele torceu para ela se lembrar. - Soube que tem um núcleo que armazena essa energia.

- Derick lhe contou e te mandou aqui pelo visto. - Sorriu nada amigável. Depositou uma chave dourada na mesa. - No entanto, só vou abrir aquele santuário, se você me der um beijo.

- O quê? Por quê? - perguntou afoito.

- Eu gosto de provocar. - deu de ombros. - E você parece ser uma isca fácil.

- Eu sou gay. - Ele nunca imaginou que diria isso em voz alta. - E não imagino que queira um Venetor.

- Você que veio aqui tentando flertar comigo. Como se eu não soubesse. - Bebericou o seu drink. - Derick achou que você poderia me seduzir?

- Na verdade não. - Ele estava se sentindo quase sem esperança. O medo de ter estragado tudo. - Sabe, Derick é um homem capaz de liderar melhor essa cidade do quê você. Uma pessoa egoísta e manipuladora.

A mulher torceu o nariz.

- Até posso ser isso caçador. Mas pelo menos não sou hipócrita como seu povo sempre foi. - terminou a bebida e se aproximou dele. Seus rostos prestes a se tocarem.

Um beijo não mata ninguém, pensou.

Uma mão o empurrou para trás. Mãos delicadas, que possuia dedos cheios de anéis.

Derick.

- Querida Marie, não amedronte meu convidado. - sorriu para John. Aquele sorriso que parecia a chegada da primavera. - Eu sempre dou um jeito. Agora se me der licença. Venha Jonathan.

Ambos deixaram a feticeira para trás. Vários Arteferuns estavam apressando os preparativos para a chegada das criaturas, outros estavam distribuindo comida. Derick parecia tenso, ele percebia que ele estava tentando não demonstrar. Afinal, se ele se desesperava, os outros também entrariam em pânico.

Venetors: The evils of the worldOnde histórias criam vida. Descubra agora