Capítulo III - Um dia Infernal

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Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.

Clarice Lispector


Era madrugada e Diego não conseguia dormir. Os músculos se enrijeceram, suspirando de cansaço. Ele nunca pensou que tudo poderia chegar a isso em um momento tão inoportuno de sua vida, no entanto, esperava a retaliação de Gilbert em uma hora ou outra.
Ele estava no banco acolchoado do salão de treinamento,  seus olhos fechados, curtindo o som da música dos fones de ouvido. A melodia o acalmava,  era aconchegante,  e não  deixava seus extintos homicidas  despertarem.
E então,  ele ouviu passos e vozes. Diego retirou os fones para escutar melhor,  mesmo de certa distância ele conseguia ouvir perfeitamente. Ele prestou mais atenção.

–- Parece que todos estão dormindo. – Diego escutou a voz de Mason, e ficou surpreso. Mason Grimm estava desaparecido por um tempo e nunca foi encontrado, então todos o declararam como morto.

– É madrugada. Óbvio que estão dormindo, mas temos que avisar a alguém. – Anastásia disse aflita. É claro que só poderia ser ela a encontrar Mason. A irmã empenhada a procurar o irmão desesperadamente, ela não aceitava que Mason poderia estar morto. Ao contrário dele, que achava isso completamente normal. Venetors morriam todo dia, esse era o futuro dele mesmo. Morrer derrotando monstros,  coisas, demônios.

Diego ouviu os passos chegarem mais perto de onde ele estava. Aparentemente Mason estava checando se alguém estava acordado, e então resolveu esperar ele entrar no cômodo.
Anastásia prosseguiu e entrou primeiro, ligando as luzes do ambiente.

– Que susto! – disse ela. – Esqueci completamente dos seus hábitos noturnos estranhos.
Mason apareceu ao seu lado.

– Diego... – Ele falou sério, sem nenhum resquício de cordialidade na face. – Não imaginei que estivesse em Nova York.

–  Eu devia dizer que estou feliz com sua presença?  Ora Mason, estou impressionado que esteja vivo, pensei que estivesse morto. – Diego falou e viu Anastásia franzir o cenho com reprovação. – É uma ótima surpresa, todo aquela choradeira no seu funeral não combina com os Grimm.

– Diego, pare. – Ela exigiu. – Eu não vim aqui para brigar. Precisamos da sua ajuda.

– Ninguém está brigando. E do quê precisam? Darla sabe que estão aqui?

– Eu mandei mensagem pelo Correio de Hermes avisando. Onde ela está? – Anastásia perguntou com pressa. Sua face suja e cansada. A garota disse rapidamente os últimos acontecimentos.

– Lamento dizer que ela não nos avisou de ataque nenhum. – Diego suspirou. – Vou procurar algo nos sensores. Se tiver demônios voando para cá temos que estar prontos.

– Ótimo, Diego. Faça seu trabalho. – Falou Mason.

– Você não me dá ordens Mason. Sinto muito pelo que passou, ninguém merece ser subjugado por demônios dessa forma. No entanto, isso não é motivo para tratar outras pessoas assim, até aqueles que te querem bem.

Diego tentou relaxar, contou até dez. Tinha medo de se deixar levar, de fazer alguma besteira. Uma besteira da qual se arrependeria.

– Toda essa sua raiva é por Elizabeth? – O ruivo riu. – Isso tudo é tão patético. Seu amor por aquela garota é uma piada. Todos nós sabemos que você não sabe amar as pessoas, Diego Van Hellsing.

– Você... Você não sabe do que fala. – Disse Diego, em quase um grito contido, desesperado e ainda mais como se quisesse esconder tudo de si mesmo. Diego era um mistério para muitos.

Venetors: The evils of the worldOnde histórias criam vida. Descubra agora