Ironias do Destino | Kim Seokjin (Jin - BTS) e Kim Taehyung (V - BTS)

CAPÍTULO 27 - Desabafos

Parecia um verdadeiro déjà-vu de três anos atrás, às vésperas do meu casamento, quando após dormir em meu quarto e também sonhar com Taehyung, era Seokjin quem, aparentemente, velava o meu sono de pé na minha porta. Mas como minha vida podia ter mudado tanto em apenas três anos? Naquela vez, eu tinha tantas certezas, tantas convicções... Mas que foram colocadas por água abaixo por Taehyung.

Me vi um pouco assustada com a presença de Seokjin ali no meu quarto, de forma tão parecida como da última vez. Mas depois, parei para pensar: por que eu estava preocupada? Não existia mais Taehyung e eu, não existia mais nenhuma daquelas certezas que eu tinha há três anos. E, sobretudo, eu acreditava que aquele Seokjin amargurado das vésperas do meu casamento não tinha mais motivo para existir — sobretudo por conta de seu comportamento no último fim de semana.

— Te acordei? — perguntou Seokjin, enquanto pareceu estar receoso ao entrar no meu quarto, analisando-me aparentemente nervoso.

— Não, acabei de acordar — falei enquanto me sentava e apontava a mão em direção à beirada da cama, para que ele se sentasse. Era muito estranho ter Jin novamente ali no meu quarto, na minha cama. Mas não vi nenhum problema nisso e por esse motivo insisti que ele ali se acomodasse, por mais receoso que ele aparentasse estar.

— Estava me chamando há muito tempo? — perguntei quando ele terminou de se sentar.

— Não, não. Eu vim algumas vezes mais cedo ver se você estava bem, mas estava sempre dormindo. Como já são 6 horas, resolvi tentar lhe chamar — respondeu-me com um sorriso tímido.

— Puxa, eu dormi tanto assim? — me espantei, enquanto coçava os olhos e dava alguns bocejos.

— Pois é. Fiquei preocupado. Aconteceu alguma coisa? Eu esperava que fosse comer da comida que fiz hoje, que, modéstia parte, estava muito boa. — Sorriu de forma tímida, formando um leve e lindo eye-smile.

Fiquei em silêncio e de cabeça baixa. Eu não sabia o que falar. Eu não poderia dizer que não era nada, pois estaria mentindo. Eu também não poderia lhe falar a verdade, pois apesar de estarmos nos dando relativamente bem, eu ainda não me sentia confortável e confiante o suficiente para falar sobre Taehyung justamente com ele. Sem contar que seria extremamente constrangedor conversar com meu ex-namorado — que por um acaso se tornou meu irmão — sobre o meu ex-marido — que, na teoria, apesar de tudo, ainda era casado oficialmente comigo.

— Ei, Ji... — chamou minha atenção após notar que eu não responderia nada. — Bom, desde que cheguei de volta aqui na Coreia, que eu tinha vontade de conversar algumas coisas com você que estão guardadas aqui dentro — disse apontando para o seu próprio coração —, mas a minha covardia não me deixava. Também não sabia se era um momento oportuno, por tudo o que soube que aconteceu com sua família. — Respirou fundo antes de prosseguir. — Porém, eu acho que já que estamos aqui, convivendo numa boa, não há por que adiar mais tudo o que eu tenho pra te dizer.

Enquanto isso, meus olhos se arregalaram em sinal de preocupação, pois até então não havíamos entrado em assuntos mais delicados. Nossas conversas eram sempre sobre coisas aleatórias e triviais e talvez entrar nesse terreno pudesse arruinar a nova amizade que estávamos construindo. Mas resolvi prestar bastante atenção no que ele estava querendo me dizer, pois ele parecia bem sério e cuidadoso, e assim resolvi lhe dar uma chance para seguir em frente.

— Mas antes, queria saber se, por alguma razão, o motivo de você estar chorando lá no jardim com sua mãe seria o fato de eu estar aqui... — Foi quando conclui que ele, de fato, tinha visto minha crise de choro com minha mãe. — Não é que eu ache que o mundo gire em torno de mim. Longe disso! — Sorriu sem graça. — Mas é que eu tenho medo de estar sobrando aqui na sua casa e se de alguma forma minha presença lhe for incômoda, como eu sei muito bem que pode ser, eu posso dar meu jeito sem problema algum e...